Aprovada em 24º lugar no concurso CGU para Auditor Federal de Finanças e Controle, Tecnologia da Informação – DF
Controladorias/Gestão (CGU, CGE, STN, EPPGG)“Minha motivação para seguir os estudos é ser um exemplo para meus filhos e demais pessoas. A vida se torna vazia quando deixamos de ter projetos e sonhos, e eu estava numa zona de conforto.”
Confira nossa entrevista com Carla Lara, aprovada em 24º lugar no concurso CGU para Auditor Federal de Finanças e Controle, Tecnologia da Informação – DF:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Carla Rodrigues Figueiredo Lara: Meu nome é Carla Rodrigues Figueiredo Lara. Tenho graduação e mestrado em Ciência da Computação, tenho 44 anos e nasci em Coronel Fabriciano-MG, atualmente resido em João Monlevade-MG.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Carla: Desde que conclui o mestrado em 2003 trabalhei como professora e coordenadora no mesmo curso de Bacharelado em Sistemas de Informação até que a faculdade encerrou suas atividades. A seguir, lecionei por mais 2 anos como professora substituta numa universidade federal, período em que cheguei a prestar alguns concursos para a carreira de professor, mas no último que prestei, fiquei bastante decepcionada com a falta de transparência no processo e ao mesmo tempo meu irmão me chamou a atenção para um edital de auditor tributário municipal que pagava bem melhor do que a carreira de professor universitário. Tomei a decisão de estudar no final de 2019, mas ainda lecionava, então no início de 2020 – pouco antes de iniciar a pandemia – eu parei de lecionar e os estudos passaram a ser minha prioridade.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Carla: Sim, eu trabalhava concomitantemente, mas como autônoma, podendo fazer meus próprios horários. Desse modo, eu pude priorizar o estudo principalmente na reta final de cada prova, mas como mãe tinha outras demandas que precisam da minha atenção e também precisava manter as contas em dia.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Carla: A CGU é o primeiro concurso em que fui aprovada dentro das vagas, nos outros que tive aprovação não fiquei tão próximo das vagas. Eu iniciei estudando para a área fiscal (ISS-GV, ISS-Betim, ISS-Contagem (ainda aguardo resultado final, pois a segunda etapa discursiva demorou 2 anos para acontecer), estudei um pouco para controle (TCE-RJ e TCDF), voltei para a área fiscal e tive uma nota muito boa na SEFAZ-RR. Após uma análise do edital da CGU, quando estava me preparando para o ISS-BH e SEPA-PA, vi que tinha boas chances de conseguir uma vaga no cargo de TI, abandonei tudo e foquei 100% no concurso da CGU. Inclusive, mesmo morando em MG acabei fazendo a prova da CGU em Belém, pois já tinha comprado as passagens para fazer a SEPA-PA. No momento não penso em prestar outras provas de concurso, quero me dedicar ao máximo à CGU, mas no futuro tudo pode acontecer.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Carla: O fato de eu ter iniciado meus estudos praticamente com o início do isolamento favoreceu bastante, pois ninguém tinha vida social naquele momento. Por eu nunca ter estudado para concursos, exceto o de professor que é totalmente diferente, sabia que precisava me dedicar mais que as outras pessoas que já tinham uma bagagem. Quando começou a flexibilização e as coisas voltaram a abrir eu basicamente fazia atividades físicas, gosto muito de jogar tênis. Parei a academia quando tudo fechou e quando retornou optei pela prática do pilates, pois passamos muitas horas sentados estudando. Na cidade onde moro não tenho familiares, então meu maior contato era com meus filhos, visitas ao meu pai e irmão. Muitos dos meus amigos moram em outras cidades e estados, então já os vejo com menos frequência. Meu maior lazer sempre foi viajar, com os estudos e pandemia isso teve que ficar suspenso. Fiz muitos amigos no mundo dos concursos, alguns acabei conhecendo virtualmente e alguns durante as provas, eles foram muito importantes nessa fase, pois interagimos muito, e estou muito feliz pois boa parte deles também estão aprovados em excelentes concursos e outros estão perto de conseguir. Não tem como ter a vida social totalmente normal, mas eu não parei de assistir séries e ter outros passatempos mesmo dentro de casa.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Carla: Sou divorciada, tenho um casal de filhos de 22 e 16 anos, meu filho cursa Agronomia em outra cidade aqui de MG, mas durante todo o ano de 2020 esteve em casa e minha filha mora comigo. Vejo muitas reclamações das pessoas quanto a falta de apoio e críticas de amigos e familiares, nesse aspecto eu fui privilegiada, tive apoio e compreensão de todos, a maior pressão vinha de mim mesma. Meus filhos respeitaram meu espaço e tempo de estudo e muitas vezes me diziam que era preciso descansar. Eu escolhi não postar nada em redes sociais, mas todas as pessoas que convivem comigo sabiam que eu estudava para concurso e todas elas diziam que era só questão de tempo, pois eu sempre fui muito dedicada em tudo que me propus a fazer.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Carla: Eu comecei a estudar no pós-edital (cerca de 80 dias) e até então, nunca tinha prestado concurso especificamente para a área de TI. Quando tomei a decisão, eu tinha a visão de que a nota de corte da objetiva seria muito baixa, pois o edital era bastante extenso e nenhum candidato consegue ser muito bom em todas as áreas de TI previstas no edital. Tracei um plano que, basicamente, era focar o meu tempo prioritariamente nas matérias de TI que eu nunca tinha estudado para concurso, afinal eu me formei há mais de 20 anos, então tinha muita coisa que eu nunca tinha visto. Lógico que não deixei de estudar as outras, mas numa proporção bem menor. Sendo assim, eu tracei um plano que era conseguir o mínimo em todos os blocos, o que seria o suficiente para ter a discursiva corrigida, pois na discursiva eu sabia que conseguiria ir bem. Eu sou pessoa disciplinada por natureza, então não foi difícil manter o foco, eu tinha em mente que essa seria uma chance única, pois é incomum para a área de TI um concurso com tantas vagas. Eu tenho o projeto de vida de mudar de cidade, começar uma nova vida, mas só iria se fosse concursada e por um salário que justificasse abrir mão da estabilidade que construí, isso me ajudou a manter o foco nos estudos.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Carla: Em minha preparação o material que mais utilizei foram as aulas em PDF, mas também videoaulas. Gosto muito das aulas do “Hora da Verdade”. Na fase final dos estudos foquei muito nos simulados, fiz todas as questões de TI das rodadas de simulados que o Estratégia disponibilizou, e uma boa parte das demais disciplinas. Eu ia bem nos simulados, e fui melhorando cada vez mais, eles foram um grande incentivo. Às vezes eu mandava mensagem para o meu filho para contar o meu percentual de acertos. A principal vantagem desses materiais é que como eu nunca tinha visto uma grande parte daquele conteúdo de TI, para mim foi bastante útil.
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Carla: Cheguei sim a usar material de outro curso, mas quando resolvi estudar para o ISS-BH queria aumentar o meu leque de materiais disponíveis e por isso aproveitei uma promoção do Estratégia. Como nada na vida é por acaso, tive muita sorte, pois para a área de TI considero que o melhor material disponível é do Estratégia, não é perfeito, mas é o mais completo e atualizado.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovado?
Carla: Eu fiz anteriormente concursos usando material de um concorrente, não fui aprovada dentro das vagas, mas não responsabilizo o material que usei, faltou bem pouco para eu passar e faltava mesmo um amadurecimento maior de conteúdos complexos como Contabilidade e Economia.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Carla: Enfatizo, que para mim, o material do Estratégia foi importante para o conteúdo específico de TI, sem tirar o mérito do material e dos professores das outras áreas que também são excelentes, mas nessa parte eu já tinha uma boa base. Os PDF´s foram importantes, assim como as aulas gravadas especificamente para a CGU, como as de jurisprudência, por exemplo, algo muito cobrado pela FGV.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
Carla: Meu plano de estudo era por ciclos, mas sem muita rigidez, estudava várias disciplinas em um mesmo dia. Como comecei no pós-edital, tinha que estudar todas as disciplinas de TI ao mesmo tempo e entre elas estudava as outras mais leves e de mais memorização como a de estrutura da CGU, auditoria governamental, etc. De alguma forma eu consegui passar por todas as disciplinas, mas as do ciclo básico só fiz questões e assisti videoaulas da “Hora da Verdade”. Mesmo tendo dedicado bastante para TI, era muito difícil estudar todas as tecnologias que vieram no edital, algumas eu fiz uma pesquisa rápida na internet para pelo menos saber do que se tratava.
Eu usava um aplicativo para gerenciar minhas horas líquidas de estudo, em média foram 4 horas diárias, mas como alguns dias não era possível estudar, eu compensava em outros, nas últimas semanas cheguei a fazer 10 horas líquidas, eu sei que não é algo recomendável e nem sustentável a médio prazo, mas por um período curto foi importante para mim.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
Carla: Bem no início dos estudos eu fazia resumos manuscritos, mas logo vi que seria inviável, daí passei a fazer resumos no editor de texto, principalmente com tabelas, esquemas. Nunca consegui usar uma metodologia formal para revisões, até porque como fiquei transitando nas áreas fiscal, controle e por fim de TI, sempre tinha muito conteúdo novo a ser estudado. Para mim o melhor método de revisão é fazer questões e simulados.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Carla: Acho a resolução de exercícios fundamental, afinal é isso que vai cair na prova. Nunca fiquei contabilizando número de questões, mas para a prova da CGU eu fiz todas as questões que vinham ao final dos PDF´s de TI e das disciplinas específicas da CGU, dos simulados e mais algumas. Sei que ao longo desses dois anos de estudo fiz muitas questões, mas não milhares como alguns candidatos dizem por aí que fizeram.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Carla: Para o concurso da CGU, as disciplinas mais difíceis para mim foram Desenvolvimento de Sistemas e Ciência de Dados, pois são muito específicas e não estão relacionadas com o que eu estudei ou lecionei até então. Para superar esse desafio, aliei aos PDF´s as videoaulas disponibilizadas na plataforma e fazendo os exercícios percebia que mesmo não tendo estudado certo conteúdo, muitas questões eu acertava por eliminação. Acredito que a prova de múltipla escolha favorece bastante essa possibilidade de acertar uma questão usando sua bagagem acumulada ao longo dos anos.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Carla: Eu revisei bastante na última semana até na quarta-feira, pois como moro no interior de MG, na quinta eu já me desloquei para a capital e na sexta pela manhã peguei o voo para Belém, mas mesmo no aeroporto ou no voo sempre estava tentando ler ou ver alguma coisa, sobretudo as videoaulas com as últimas dicas que acho bem importantes. Na sexta a tarde eu estudei e durante todo o sábado acompanhei o aulão de véspera. Dormi muito mal na véspera da prova, estava muito ansiosa. Percebo que à medida que fui me tornando mais competitiva nas provas, também passei a me cobrar muito mais. Eu ficava repassando na minha cabeça tudo que eu tinha planejado para fazer durante a prova, eu sabia que saber gerenciar bem o tempo seria fundamental. Eu estava hospedada longe do local da prova e me levantei muito cedo, com o dia escuro ainda, mas cheguei na prova com muita antecedência e fiquei conversando até a hora de iniciar a prova.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Carla: Eu sempre escrevi bem, mas desde o início da minha preparação me preocupei em aprender a técnica correta para aplicar nas provas de concurso e pratiquei. O meu sucesso na parte de TI devo ao Estratégia, mas a parte de discursiva já vim com ela pronta, mas destaco que assisti e achei muito relevante as aulas que o Estratégia ofereceu com os possíveis assuntos para a discursiva. Meu conselho para discursiva é: aprenda a técnica que é bastante simples – usar o padrão clássico de discurso – serve para qualquer tipo de discursiva, e treine muito. O tamanho e legibilidade de sua letra é fundamental, para não perder décimos que podem ser valiosos. Se você domina bem a técnica, consegue desenvolver um texto razoável até mesmo quando não domina o assunto por completo. Outra dica é pedir que outras pessoas leiam o seu texto, pois elas podem ajudar bastante. E por fim, nunca negligencie a preparação para a discursiva, atualmente é ela que define a sua aprovação, e não depender de recurso para garantir uma vaga – como aconteceu na minha prova da CGU – é muito gratificante.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Carla: Meu principal erro nessa trajetória foi perder tempo com resumos escritos no início. Acho que em minha trajetória tive mais acertos do que erros, apesar do resultado não ter vindo de imediato. Acertei quando escolhi entrar para esse mundo com a certeza de que nada me faria desistir, demorasse o tempo que fosse. Especificamente para a prova da CGU, meu maior acerto foi conseguir fazer uma análise criteriosa dos meus pontos fortes e fracos em relação ao edital, considerando o número de vagas e que a prova discursiva não era de um assunto específico de TI – que para mim seria infinitamente mais difícil. Para isso eu não me importei com aquela velha questão que não dá para conciliar áreas, eu penso que essa não é uma pergunta de resposta fácil, depende de um conjunto de fatores. Desde que você foque em um edital por vez, penso que seja possível conciliar a área fiscal com a de controle sim, desde que você tenha um número razoável de horas para estudar.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Carla: Nunca pensei em desistir, eu nunca quis antes prestar concurso público, fui muito feliz no setor privado, mas quando tomei essa decisão eu sabia que era um caminho sem volta. Minha motivação para prestar concurso não foi exclusivamente financeira, eu já tenho uma vida confortável e estabilizada. Minha motivação para seguir os estudos é ser um exemplo para meus filhos e demais pessoas. A vida se torna vazia quando deixamos de ter projetos e sonhos, e eu estava numa zona de conforto. Tive filhos cedo, como professora pude ser uma mãe muito dedicada, mas agora que eles já estão seguindo seu caminho, pude iniciar esse ousado projeto em minha vida, pois é uma mudança bastante radical. Minha grande motivação é, também, ter um cargo público que traz segurança e estabilidade, mas sobretudo que me propicie a oportunidade de enfrentar novos desafios e fazer a diferença no mundo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Carla: O meu primeiro é: reflita sobre as motivações que o levam a querer estudar para concurso, será que elas serão suficientes para te sustentar nos momentos mais difíceis? Segundo: saiba que terão muitos dias em que o que você menos vai querer é estudar e precisará estudar mesmo assim. A caminhada pode ser longa principalmente para os concursos com as melhores carreiras. Terceiro: não deixe que opiniões de terceiros de fora do mundo dos concursos te influenciem, só quem passou ou passa por esse processo o conhece de fato. Quarto: faça amigos verdadeiros no mundo dos concursos, eles são as pessoas que mais te entendem e estão com você em todos os momentos. Por último, não se compare e nem se cobre tanto, não partimos das mesmas condições, mas com a nossa persistência e dedicação podemos chegar a lugares que, para muitos, poderia parecer impossível, mas não para você, que lá no fundo do seu ser, sabia que seu dia chegaria.