Aprovado em 1º lugar no concurso CGU para Auditor Federal de Finanças e Controle, Tecnologia da Informação – DF
Controladorias/Gestão (CGU, CGE, STN, EPPGG)“A primeira aprovação não precisa ser a última. Se puder, escolha um concurso pouco concorrido, no interior do Brasil, onde a nota de corte é mais baixa. Pega um com 30 horas semanais e com isso dá para ter liberdade financeira e menos pressão para passar naquele que você realmente quer fazer, um que seja na cidade que quer morar, que pague bem, que seja na área de atuação que você deseja… Realizarse profissionalmente aos 25, 30 ou 40 ou até mais, não tem época certa para ‘dar certo na vida’. Sempre dá para fazer algo diferente.”
Confira nossa entrevista com Pedro Henrique Ton Tiussi, aprovado em 1º lugar no concurso CGU para Auditor Federal de Finanças e Controle, Tecnologia da Informação – DF:
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-lo. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Pedro Henrique Ton Tiussi: Me chamo Pedro, tenho 31 anos e sou natural de Pimenta Bueno – RO. Passei minha infância entre as cidades de Rolim de Moura – RO e São Mateus – ES. Meus pais são capixabas e vieram para Rondônia na década de 80. Formei em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras – AMAN em 2014 e em Engenharia da Computação pelo Instituto Militar de Engenharia – IME em 2021.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Pedro Henrique: Eu sou Capitão do Exército, fiz meu primeiro concurso em 2009. Acredito que o fator estabilidade e poder trabalhar com autonomia, sem o risco de ser demitido por motivos arbitrários foram grandes atrativos. Como militar, via que as possibilidades de crescimento já estavam limitadas, que já tinha conquistado tudo o que poderia. Isso me motivou a buscar novos desafios para conquistar objetivos pessoais e profissionais mais ambiciosos.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Pedro Henrique: Como militar, eu estava cedido à IMBEL, uma empresa pública vinculada ao Ministério da Defesa. Desde a publicação do edital eu passei a utilizar todo o tempo que eu tinha disponível após o expediente para estudar. Juntei duas férias que utilizei também para conseguir mais tempo livre para o estudo. Contando feriados e outras dispensas, passei cerca de 80 dias me dedicando exclusivamente aos estudos. O apoio familiar foi fundamental, tanto da minha namorada, que também estava estudando e foi aprovada para o cargo de Auditor Federal de Finança e Controle junto comigo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovado? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Pedro Henrique: Em 2009, fui aprovado no concurso para oficial do Exército Brasileiro em 650. Eram 540 vagas, mas muitos não passaram nos exames físicos e de saúde, então fui nomeado logo na primeira chamada. Em 2017, fiz um concurso interno no exército para estudar Engenharia no Instituto Militar de Engenharia – IME e passei em 2º lugar. Em 2021 passei para Analista Judiciário – Analista de Sistemas do TJ RO (área de tecnologia da informação) e para Desenvolvimento de Sistemas do TCE RO, ambos em 3º lugar. Agora em 2022, tive a grata satisfação de ser aprovado para Auditor da CGU em primeiro lugar. Fui uma alegria muito grande conquistar essa vitória da aprovação, a boa colocação do concurso é apenas um detalhe.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
Pedro Henrique: Durante o estudo eu saía muito pouco. Quase não encontrava ninguém. Minha mãe passou uns 40 dias na minha casa, mas foi mais para me ajudar a cuidar da casa/alimentação do que qualquer outra coisa. Quando estava muito desgastado de estudar, gostava de sair para caminhar na rua ou andar de bicicleta. Mas era só para tomar um gás para voltar para os livros depois. Fui para o tudo ou nada nesse concurso, não era um ritmo saudável de estudo, se não tivesse passado nesta prova teria que modificar minha rotina para algo que fosse mais sustentável no longo prazo.
Estratégia: Você é casado? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseiro? De que forma?
Pedro Henrique: Tenho um relacionamento estável mas não possuo filhos. Uma irmã minha e o esposo dela são concursados e me deram o apoio para o estudo. Minha mãe também me ajudou bastante durante o percurso do estudo. Como já estava muito tempo em casa por causa da pandemia, acho que foi mais fácil continuar em casa estudando, até por questão de segurança mesmo. A falta de opções para sair por causa das restrições sanitárias e o fato de estar no término de uma faculdade muito puxada me ajudaram a manter um ritmo alto de estudo desde o começo.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Pedro Henrique: Passei dois meses estudando umas 10, 12 horas líquidas por dia, todos os dias da semana. Eu já estava aprovado para os concursos de Rondônia, mas o fato de minha companheira estar em Brasília me motivava muito a querer passar nesse, que era para lá. Eu mudei as minhas senhas para algo que remetesse ao concurso, assim eu sempre lembrava da prova quando tinha que fazer qualquer coisa no computador. Ficava conversando como seria meu futuro quando estivesse empregado na CGU, quais seriam nossos hobbies em Brasília, várias vezes cheguei a sonhar que já estava morando e trabalhando lá. O que me motivou foi acreditar que essa era a melhor decisão que eu poderia tomar e a melhor forma de conseguir planejar e alcançar meus objetivos pessoais e profissionais.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação?
Pedro Henrique: Normalmente eu via as videoaulas com um acelerador de vídeo. Assim eu conseguia assistir muitas aulas rapidamente e me inteirava do vocabulário específico das matérias. Para quem não estuda Direito, anulação e revogação parecem sinônimos, mas os professores enfatizavam as diferenças desses termos técnicos. Depois eu lia o PDF e conseguia entender melhor o que estava escrito, pois já tinha tido um primeiro contato com a matéria anteriormente. Por fim eu fazia os exercícios de revisão que tinham no PDF mesmo. Buscava fazer isso em dias diferentes para uma mesma aula, assim eu acaba vendo o mesmo conteúdo em três dias diferentes, isso me ajudava a refrescar a matéria e cada vez que via algo entendia uma coisa nova que tinha ficado meio vaga anteriormente. Quando tinha que decorar alguma coisa, como prazos ou partes que eram mais cobradas na literalidade da norma, utilizava algum aplicativo (como o ANKI) para ajudar na memorização. Ele possui seu algoritmo de revisão, o que ajudava bastante.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Pedro Henrique: Conheci o Estratégia por indicação do meu cunhado. Ele é procurador do estado de Rondônia, antes havia sido técnico do TRE e do TCU, não sei dizer se ele chegou a utilizar o material de vocês para esses concursos, mas ele que me disse que era um material bom para estudar.
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Pedro Henrique: Eu sempre estudei muito na vida. Fiz vestibulares concorridos, a faculdade não foi nada fácil (nem para entrar nem para me formar). Então já tinha um ritmo bom de estudo. Quanto ao estudo para concurso, não posso dizer que estudei muito tempo. Tive sorte de ter um concurso bom mais na minha área de formação e com muitas vagas logo após minha formatura. Mas toda prova tem muito Direito, e isso eu não tive na faculdade. O material do Estratégia foi o único que utilizei, não tenho muito como comparar com outras ferramentas disponíveis. O que eu sei é que funcionou bem para mim. Talvez fosse possível encontrar a matéria em outros lugares, até no YouTube, mas o fato de ter todo o edital organizado em um lugar só poupava muito tempo, e concurseiro tem que saber utilizar o tempo que tem para focar nas fraquezas, naquilo que pode ser o diferencial na prova. Para mim, a grande vantagem foi ter alguém organizando as aulas de modo a bater todo o edital. Dessa forma eu podia focar somente em aprender mesmo.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos?
Pedro Henrique: Eu fiz uma planilha de Excel e nela tinha todas as matérias que caíam no concurso, com a quantidade de aulas que deveria fazer para cada uma delas. Nela tinha três colunas que eu utilizava para marcar se já tinha visto a videoaula, lido o PDF e feito as questões daquela aula. Com isso eu conseguia saber o que faltava eu ver em cada matéria. Eu chamava isso de “pontos”. A planilha calculava quantos dias faltavam até uma semana antes da prova, contando cada semana com 6 dias (um dia eu usava para fazer os simulados da prova). Dessa forma eu tinha controle de quantos “pontos” eu tinha que fazer por dia para conseguir ver tudo até o dia da prova e ainda ter um tempo para revisão. Dava 6~8 pontos por dia, mas isso foi aumentando com o tempo, não conseguia fazer tudo o que tinha planejado. Tive que fazer ajustes com o tempo, cortando aquelas matérias que julgava conhecer mais, aquelas que estavam dentro da minha formação, por exemplo, eu fazia somente os exercícios para saber como aquele conteúdo era cobrado em concurso. Dava mais atenção nas matérias que poderiam cair na discursiva, fui ajustando o estudo conforme o tempo e as limitações que tinha.
Estratégia: Como fazia suas revisões?
Pedro Henrique: Guardava um dia por semana para fazer simulados. Assim eu passava por toda a matéria uma vez na semana, revia tudo. Outra coisa que fiz foi ver a videoaula, ler o PDF e fazer os exercícios em dias diferentes, assim passava pela mesma aula três vezes. Quando fazia os exercícios, se tirasse uma nota baixa, abaixo de 8, relia o PDF. Não havia muito tempo até a data da prova, sabia que não iria conseguir revisar a matéria a ponto de ficar com um desempenho muito alto, então optei por ver todo o edital ao menos uma vez.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Pedro Henrique: Os exercícios foram fundamentais para pegar o que era cobrado pela banca em provas anteriores. Saber o que havia mais chance de cair e o qual o detalhe era mais valorizado direcionava o estudo para as aulas seguintes. Com o tempo dava para entender o que era valorizado e assim focar naquilo que tinha mais probabilidade de ser cobrado.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Pedro Henrique: Para mim, o grande problema foi AFO. Não conhecia nada do planejamento do orçamentos, a terminologia utilizada é bastante técnica, os prazos, consequências, ações que devem ser adotadas em cada caso, eram muitos detalhes. E essa era uma matéria que poderia cair na questão discursiva (inclusive, foi a que caiu). Então essa foi uma das poucas disciplinas que eu realmente coloquei o planejamento à risca, não deixei de ler nenhum PDF. Algumas coisas eu precisava procurar na internet para entender melhor o que estava acontecendo. Também foi a única matéria que eu fiz um resumo para reler antes de dormir, fiz alguns esquemas simples sobre a LRF. Acho que não tem muito o que fazer, o segredo é estudar mesmo. Não acho que existem atalhos ou alguma fórmula mágica que faça ser menos dolorido. No final das contas, é sentar na cadeira, abrir o livro e estudar.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Pedro Henrique: Na semana anterior foi a prova do TCU, que tinha muita coisa parecida no edital da CGU, então arrisquei fazer também, mas foi um fracasso total. Serviu de alerta que a prova da CGU poderia vir em um nível mais alto do que eu estava esperando. Achei que ia ser bom ver as revisões de véspera no YouTube que o Estratégia estava postando. Deixava para ver com algum atraso, não via no mesmo dia que tinha disponibilizado pois assim dá para ver acelerado. Particularmente, não vejo muita vantagem em estudar junto com o grupo, conversando no chat. Sei que para alguns isso poder servir de motivação, mas eu achava mais produtivo assistir com a velocidade próximo do x2.5, x3. Também fui no local de prova, marquei quanto tempo iria gastar do Airbnb que estava até a escola. Separei lanches e comprei o almoço na noite anterior (teve uma prova de manhã e outra de tarde) para no dia não precisar pensar em nada, iria fazer todas atividades no automático. Eu também nunca vejo material nenhum no dia da prova, o conteúdo beira o infinito, a chance de eu encontrar alguma coisa que eu não sei é altíssima. Isso só me deixa mais ansioso e é pouco provável que eu veja uma coisa que eu não estou lembrando e caia na minha prova. Acho que não tem muito benefício estudar nos minutos que antecedem o evento, foram meses de preparação, meia hora é um tempo desprezível nesse contexto.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Pedro Henrique: No material do Estratégia tinha umas propostas de solução de questões discursivas. Antes de ver esse PDF, eu não sabia o que esperar, nem o que a banca esperava que fosse dito sobre determinado tema. Então eu lia as perguntas, pensava o que eu iria escrever e via o comentário do professor, que esquematizava a proposta antes de escrever a solução. Dessa forma eu podia comparar o que eu tinha pensado que era a resposta com o que o professor queria. Era uma forma de tentar acertar o conteúdo da solução. Quanto à forma, no começo eu ia direto para a solução dada no material. Depois de algumas vezes repetindo esse processo, fiquei mais consciente do que estava sendo cobrado e passei a acertar mais as respostas, pensar na estrutura do texto antes de ler a solução do professor. Essa parte do estudo foi bastante importante e deixei para fazê-la mais próximo do dia da prova porque assim já teria visto quase toda a parte teórica (o PDF não dava matéria nova, era apenas uma questão discursiva e uma proposta de solução). No dia da prova fiz igual, coloquei no rascunho tópicos com as respostas dos problemas passados e fiz o link entre elas mentalmente. Ensaiei na minha cabeça primeiro o que ia escrever sobre cada item perguntado. Não foi perfeito, deixei de escrever no gabarito de respostas algumas coisas que depois achei que dava para ter incluído, mas fazer mais de cem linhas de rascunho para depois passar a limpo é algo surreal, com certeza não dá tempo de fazer assim na prova.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Pedro Henrique: É difícil avaliar erros e acertos quando as coisas dão certo. Não quero parecer pedante, mas do jeito que eu fiz, consegui passar. Então, se tivesse que voltar no tempo e fazer tudo de novo, parece que dava para fazer tudo igual. Honestamente, pra mim o grande acerto foi escolher a prova certa. Eram muitas vagas, estava dentro do que eu estudei na faculdade, tinha outra prova para o mesmo cargo com mais chance de atrair o pessoal do Direito, que é quem tem uma cultura forte de fazer concurso difícil. O erro acho que tenha sido esperar o edital abrir para começar a estudar. Tem matérias que sempre vão cair, como Constitucional, Administrativo, Português. Dá para ficar bom nessas antes de direcionar o estudo para o edital sem grandes riscos de ter estudado alguma coisa à toa.
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Pedro Henrique: Nunca quis desistir. Minha companheira estava de mudança para Brasília, eu queria muito ficar perto dela. Eu já era funcionário público e não consegui ficar na mesma cidade com ela, isso me abalou. Estudar cansa, a gente fica privado de muitas diversões, fica na dúvida do porquê de estar fazendo tudo isso, mas eu não enxergava outra alternativa. Tenho certeza que eu não teria conseguido estudar nem a metade do que estudei se não fosse pela Sarah.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Pedro Henrique: Isso de querer estudar para um concurso é muito individual, cada um tem sua motivação para buscar essa conquista. O que eu sei é que, para mim, essa é uma vida boa de ser vivida, com possibilidade de realizar grandes coisas profissional e pessoalmente. Uma coisa que eu tenho pra mim é que não precisa passar no melhor concurso da vida. A primeira aprovação não precisa ser a última. Se puder, escolha um concurso pouco concorrido, no interior do Brasil, onde a nota de corte é mais baixa. Pega um com 30 horas semanais e com isso dá para ter liberdade financeira e menos pressão para passar naquele que você realmente quer fazer, um que seja na cidade que quer morar, que pague bem, que seja na área de atuação que você deseja. Ter esse ponto de apoio intermediário não me parece uma ideia ruim na grande maioria dos casos. Tem que saber dosar se vale a pena passar mais um longo período dentro de um quarto “só” estudando para concurso. A pressão social existe, cada questionamento de “ainda não passou em nada?” desestabiliza a gente um pouco. No final, eu acho que não existem muitas desvantagens em ter um objetivo intermediário, realmente acredito que faz bem para o psicológico ter algo mais certo enquanto corre atrás de algo maior. E vale o esforço, se realizar profissionalmente aos 25, 30 ou 40 ou até mais, não tem época certa para “dar certo na vida”. Sempre dá para fazer algo diferente.