Aprovada em 12° lugar no concurso CGU para o cargo de Auditor Federal de Finanças e Controle - Correição e Combate a Corrupção (DF)
Controladorias/Gestão (CGU, CGE, STN, EPPGG)“A vida nunca é como planejamos. Podemos dar o nosso melhor, fazer tudo da melhor forma e, ainda assim, o sucesso não vir na velocidade que gostaríamos. É necessário ter paciência, resiliência e humildade”
.
Confira nossa entrevista com Gabriela Marcolino Silva, aprovada em 12° lugar no concurso CGU para o cargo de Auditor Federal de Finanças e Controle – Correição e Combate a Corrupção (DF):
Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam conhecê-la. Qual a sua formação, idade e cidade natal?
Gabriela Marcolino Silva: Tenho 33 anos, nasci em Brasília e sempre morei aqui. Sou graduada em Direito.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Gabriela: Minha jornada de estudos é longa, são 12 anos desde a primeira inscrição. Como brasiliense, já nascemos ouvindo a palavra “concurso público” como meta de vida. Sou filha de concursados e a maioria dos meus tios também são servidores públicos. A possibilidade de ascensão pelo concurso foi o que possibilitou a minha família sair da pobreza. Meus avós eram muito simples, só estudaram o primeiro ciclo do ensino fundamental, mas todos os filhos tiveram uma vida mais confortável graças ao estudo.
Cresci nesse ambiente, mas curiosamente optei inicialmente por fazer diferente. Decidi cursar engenharia para trabalhar na iniciativa privativa. No entanto, minha “rebeldia” não durou muito. Logo no quarto semestre da faculdade percebi o quão massacrante era a vida dos colegas que trabalhavam na área (alguns chegavam a trabalhar 14 dias seguidos) e quão baixos eram os salários. Ao perceber aquela realidade, decidi estudar para ser servidora pública.
Estratégia: Você trabalhava e estudava? Se sim, como conciliava?
Gabriela: No primeiro concurso para o qual decidi estudar de verdade (técnico do MPU de 2010), eu ainda não trabalhava, só estudava para a faculdade. Era muito mais fácil. Após ser nomeada como técnica, tive que conciliar trabalho, estudo e faculdade.
Como técnica administrativa do MPU, percebi que teria muitas oportunidades no órgão se cursasse Direito. Pensei bastante e decidi abandonar a engenharia e começar a nova graduação. Nessa época, eu trabalhava 7h por dia, fazia a faculdade (todas as manhãs e alguns dias à noite) e, quando surgia algum edital, me inscrevia. Mas a verdade é que eu estava esgotada e mal conseguia conciliar o trabalho e a faculdade, quanto mais o estudo para concursos. Foram vários os concursos inscritos e várias as reprovações. Nesse momento aprendi que não valia a pena me inscrever se não fosse para focar na prova e estudar de verdade. Preferi, então, priorizar a faculdade, fazer uma pós-graduação e, após, voltei a estudar para concursos com foco.
Em meados de 2015 me formei e em 2016 estabeleci como meta passar no concurso de analista do MPU. Acordava 5h da manhã todos os dias para estudar antes de ir para o trabalho. Não é fácil acordar às 5h da manhã, mas o horário é perfeito: ninguém está acordado na casa, ninguém manda mensagem em redes sociais, não há barulho… Eu precisava estudar antes do trabalho, porque, como este me exigia muito mentalmente, ficava esgotada no fim do dia.
Para o concurso da CGU, eu já estava muito acostumada a trabalhar e estudar, e já contava com a vantagem de estar em teletrabalho alguns dias da semana, então o tempo que antes eu perdia no trânsito consegui converter em tempo de estudo.
Estratégia: Em quais concursos já foi aprovada? Em qual cargo e em que colocação? Pretende continuar estudando?
Gabriela: Em outubro de 2010 fui aprovada em 18º lugar para técnica administrativa do MPU. Em 2018 fiz a prova de analista do MPU/Direito e passei em 69º lugar para o DF. Em 2019 consegui chegar na terceira fase do concurso do Ministério Público do Mato Grosso para o cargo de promotor de justiça. E agora, em 2022, passei para o cargo de Auditor da CGU em 12º lugar, conforme o resultado provisório da discursiva.
Ainda não sei se pretendo continuar estudando para concursos. Se eu realmente sentir que o cargo de auditor é o que quero para o resto da vida (e penso que assim será), vou pendurar as chuteiras dos estudos para concurso e passarei a estudar o que for interessante para melhor cumprir as atribuições do cargo.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos e família?
Gabriela: Nunca tive uma vida social muito agitada, então conciliar a vida social com os estudos não foi um problema. De toda forma, com a publicação do edital da CGU, passei a limitar minhas saídas para 2 vezes por mês, mantidos os almoços em família no fim de semana.
Minha filosofia de vida é tentar encontrar equilíbrio. Enquanto não havia editais publicados, eu saía, viajava, me divertia. Com a publicação, eu diminuía um pouco a frequência.
No concurso de analista do MPU, viajei 15 dias antes da prova e voltei faltando três dias para o certame. Enquanto estava viajando, não peguei em nenhum livro. Naquela oportunidade, senti que uma semana sem estudos não faria diferença, considerando que eu já estava estudando há mais de 2 anos com foco, e deu certo.
Já li relatos de aprovados que deixaram de ir até para o aniversário dos filhos para estudar. Eu não conseguiria jamais fazer isso, porque prejudicaria minha saúde mental e, consequentemente, meus estudos.
Estratégia: Você é casada? Tem filhos? Sua família e amigos entenderam e apoiaram sua caminhada como concurseira? De que forma?
Gabriela: Casei-me em 2021 e não tenho filhos. Minha família sempre foi muito compreensiva e meu marido foi absolutamente excepcional desde a publicação do edital da CGU. De novembro de 2021 a março de 2022, ele se encarregou de fazer o almoço todos os dias, assumiu a liderança na manutenção da ordem da casa e aguentou meu mau humor (kkkkkkkkkkk). Como diz o professor Possati, passar em concurso precisa ser um projeto da família. Nem sempre é possível, mas quando temos apoio é muito mais fácil, porque se torna uma meta coletiva.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao último concurso? O que fez para manter a disciplina?
Gabriela: Estudei direcionada para a CGU por aproximadamente quatro meses. Nunca tinha estudado para a área de controle.
A minha estratégia de estudos, desde 2016, não era de “100m rasos”, mas de maratona. Tenho amigos que conseguiam estudar 10h, 14h por dia para alguns concursos. Eu nunca consegui. Nos meus melhores dias eu conseguia estudar 6h, e, mais perto da prova, 8h. Se tentasse mais do que isso, sentia que meu cérebro iria fritar.
Sabendo dessa minha dificuldade, preferi estudar continuamente 2h todos os dias. E assim fui mantendo meu ritmo de 2h por dia desde 2016, com algumas interrupções eventuais. Posteriormente, em 2020, passei a adotar pausas aos domingos também. Estudar acabou virando um hábito, como escovar os dentes.
Quando decidi me inscrever no concurso da CGU, apenas redirecionei os estudos e mantive a disciplina que já tinha, aumentando um pouco a carga horária diária.
Estratégia: Quais materiais e ferramentas você usou em sua preparação? (Aulas presenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens?)
Gabriela: 90% do material que usei foi do Estratégia. Para escolher o material, o primeiro passo foi fazer um diagnóstico das minhas forças e fraquezas. Eu já tinha uma boa bagagem nas matérias de direito (constitucional, administrativo, penal, processo penal, civil e processo civil). Decidi que, para essas disciplinas, eu usaria somente o Passo Estratégico e, em caso de dúvida, consultaria o tópico no PDF.
Para constitucional, ouvi o Estratégia Cast do professor Emerson Bruno. Foi uma excelente forma de estudar, porque aproveitava meu tempo no trânsito e estimulava a memória a partir da audição.
Administrativo foi uma matéria importante na área de correição da CGU, pois foi cobrada duas vezes (como direito administrativo sancionador também). Nos pontos da matéria dos quais eu não me recordava tão bem, optei por ver as videoaulas do professor Herbert, especialmente as normas de licitação e contratos. Também usei muito os mapas mentais, que são excelentes para quem tem memória visual.
Na área das fraquezas (empresarial, administração pública, AFO e legislação específica), eu preferi ler os PDFs completos do Estratégia. Em relação a AFO, escolhi fazer um combo: li os PDFs completos, li as leis, vi as videoaulas várias vezes (na academia, em casa, em filas), vi e revi os mapas mentais, e pedi muito a Deus por um milagre (hehehehe), tudo para aprender aquela matéria que, até então, era um bicho de sete cabeças para mim.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Gabriela: Conheci o Estratégia por indicação de uma prima, há alguns anos. Decidi pegar a Assinatura Premium, porque poderia estudar para outros concursos depois (o que talvez não seja mais necessário hehehehe).
Estratégia: Antes de conhecer o Estratégia, você chegou a usar materiais de outros cursos? Se sim, o que mais incomodava quando você estudava por esse concorrente?
Gabriela: Eu gostaria de ter usado o material do Estratégia antes, acho que teria encurtado minha jornada. O que mais me agradou no Estratégia é a diversidade de materiais (PDF, videoaulas, Passo, questões, Cast), e isso foi essencial para aproveitar melhor meu tempo.
Estratégia: Você chegou a fazer algum concurso enquanto ainda se preparava com esse outro material? Foi aprovada?
Gabriela: Sim, fui aprovada. O material que eu usava eram livros dos doutrinadores e videoaulas voltadas para a carreira jurídica (e, na época, o concorrente não tinha nem a possibilidade de modificar a velocidade do vídeo, era horrível).
Estratégia: Depois que você se tornou aluno do Estratégia, você sentiu uma diferença relevante na sua preparação? Que diferencial encontrou nos materiais do Estratégia?
Gabriela: Sim, senti muita diferença na minha preparação, tanto que hoje recomendo o Estratégia para todo mundo.
Eu amei os PDFs de direito administrativo, são mais completos que o material que eu tinha – que era voltado para a carreira jurídica (!). As videoaulas do professor Herbert também são sensacionais, ele é muito didático!
Sou eternamente grata à equipe de AFO. Eu tinha uma dificuldade enorme com essa matéria e, depois de estudar pelo Estratégia, acabei subindo posições com a discursiva de AFO. Foi um salto enorme!
O Passo Estratégia foi uma das melhores ferramentas para mim, porque otimizei meu tempo, que era escasso, já que trabalho. Pude usar o Passo para revisar as matérias que eu já tinha mais bagagem e não perder muito tempo.
Os mapas mentais me ajudaram muito nas revisões e na fixação da matéria.
Estratégia: Como montou seu plano de estudos? (Estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Quantas horas líquidas estudava por dia?)
Gabriela: Como falei, a minha estratégia de estudos era de maratona – manter um ritmo mais lento, mas constante, durante anos. Minha média era de 2h por dia. Com a publicação do edital da CGU, eu conseguia fazer uma média de 3h por dia (estudava 6h no sábado e evitava estudar no domingo). Para mim, essa pausa no domingo era muito importante para ter gás na segunda-feira.
Quando estava mais perto da prova, no último mês, obcecada com o estudo e desesperada com a quantidade de matérias, conseguia estudar também no domingo. Peguei 10 dias de férias antes da prova e consegui aumentar a carga horária diária (entre 6h e 8h de estudo).
Sou adepta do ciclo de estudos. Não gosto da divisão por dias (ex.: segunda-feira, matéria X; terça-feira, matéria Y etc.), porque, caso eu não conseguisse estudar um dia, uma determinada matéria ficaria comprometida. A primeira coisa que faço para montar o ciclo é avaliar o peso de cada matéria de acordo com o edital. Por exemplo, se são 100 questões no total e 20 de Português, eu separo 20% do meu ciclo para a matéria. Quando a disciplina também for objeto da discursiva, eu aumento bastante o peso dela. Se eu tiver muita dificuldade ou muita facilidade, também altero o peso (ex.: para inglês, eu coloquei metade do peso; para AFO, o dobro).
Após, eu desenho um círculo, divido em “pedaços de pizza” e vou colocando o nome das matérias nos pedaços. Quanto maior o peso, mais vezes o nome da disciplina aparecerá. No meu ciclo da CGU, por exemplo, “constitucional” aparecia 4 vezes intercaladas e “inglês” aparecia 1 vez.
Cada “pedaço” correspondia a 1h de estudo, que era o tempo máximo que eu conseguia me concentrar bem em uma matéria. Após essa 1h, eu mudava o marcador para a matéria seguinte, e assim ia seguindo o ciclo. Essa sistemática permite estudar com bastante flexibilidade, perder um dia de estudo e compensar em outro. De todo modo, se eu sentisse que estava fluindo bem na matéria, estudava mais 1h dela.
Na minha visão, nós estudantes precisamos entender que não somos máquinas e que não vamos acordar todos os dias com a mesma disposição. Toda a natureza opera em ciclos e, quanto antes percebermos que nosso corpo também é cíclico, mais fácil é o processo de estudar. Alguns dias são ótimos, alguns dias são péssimos e, na maioria dos dias, a sensação é de que eu gostaria de ter feito mais, mas meu corpo não deu conta. Ainda assim, é possível ser aprovado, basta ser insistente e saber respeitar os limites do corpo, distinguindo o que é preguiça e o que é cansaço de verdade.
Estratégia: Como fazia suas revisões? (Costumava fazer resumos, simulados ou algo mais?)
Gabriela: Para as matérias em que eu tinha mais bagagem e facilidade, o processo de estudo, em si, era uma revisão (por isso usei o Passo Estratégico e o Estratégia Cast).
Para as matérias em que eu tinha mais dificuldade, criei cadernos de revisão, com os esquemas e mapas mentais, para ler nas semanas antes da prova. Eu uso e abuso dos esquemas, cores e desenhos, porque percebi que tenho muita facilidade em memorizar cores e formas. Apenas como exemplo, na questão discursiva eu mencionei o art. 48 da LRF (lembrei inclusive do número) e na minha memória vinha nítida a cor vermelha, que eu tinha usado no caderno para escrever sobre os instrumentos de transparência da gestão fiscal, que estão nesse artigo.
Estratégia: Qual a importância da resolução de exercícios? Lembra quantas questões fez na sua trajetória?
Gabriela: Os exercícios são, sem dúvida, uma das partes essenciais do estudo. É no momento do exercício que o estudo deixa de ser passivo (somente absorver informação) e se torna ativo (buscar na memória os instrumentos para encontrar a resposta). Em termos de exercícios, eu praticamente só fiz os dos PDFs e os do Passo Estratégico. Estudava com um pedaço de papel para esconder a resposta comentada e tentava responder todos mentalmente antes de ler o comentário.
Estratégia: Quais as disciplinas você tinha mais dificuldade? Como fez para superar?
Gabriela: AFO era uma pedra no meu caminho. Meu primeiro contato com a disciplina foi no concurso do MPU de 2010. Eu estudava, estudava, e errava 70% das questões. Era desesperador! Não sei nem como passei naquele concurso. A partir de então, AFO virou um trauma e eu evitava concursos que cobrassem.
Quando saiu o edital da CGU, decidi enfrentar meu medo e coloquei como meta que eu iria aprender AFO de uma vez por todas. Mesmo não sendo muito relevante para a prova objetiva (somente 5 questões), poderia ser objeto da discursiva (que valia no total 70 pontos). Como eu tinha muita dificuldade, estudei com todo o material possível: PDFs completos e resumidos, leis, videoaulas, mapas mentais, Cast. E deu super certo!
Uma outra matéria que senti que teria muita dificuldade era português, por ser uma prova da FGV. Não tenho problemas com a matéria, sempre gostei muito, inclusive na redação não tive descontos por erros, mas português da FGV é uma matéria que faz a pessoa se questionar se realmente é alfabetizada. Eu resolvi muitas questões, mas não via qualquer evolução. Às vezes conseguia fazer 80% de uma prova, às vezes 50%, na maior parte das vezes 70%. A estratégia então foi ignorar, porque era uma matéria que estava fora do meu controle.
A prova do turno da manhã era composta por 15 questões de português, 5 de inglês e 10 de administração pública (total de 30 pontos) e uma dissertação de 90 linhas (valendo 50 pontos), mais uma questão de 15 linhas (valendo 20 pontos), tudo em 4h30 de prova. É fácil verificar que a discursiva era muito mais importante que português. Minha estratégia então foi fazer rapidamente a prova de português, apenas para garantir o mínimo de pontos, e ir buscar pontos na discursiva. Fui bem mal na prova de português por isso (acertei 5 de 15), mas não me arrependo, porque a estratégia deu certo. Consegui gabaritar a questão de 20 pontos e, até o momento, consegui 34,75 de 50 pontos na dissertação, o que me fez subir posições.
Estratégia: Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova e no dia pré-prova?
Gabriela: Como consegui férias do trabalho, aumentei o ritmo. Nessa última semana eu estava verdadeiramente obcecada, só conseguia pensar em estudar. No dia antes da prova, revisei as matérias que considerava mais importantes (Lei Anticorrupção, leis de licitações e contratos, art. 74 da CF, políticas públicas) e tentei me manter calma. Montei mentalmente meu cronograma do dia seguinte (tempo que gastaria com a discursiva e com as objetivas), separei os lanches, as canetas, a roupa e o documento, para não me preocupar com nada no dia da prova. Assisti a um episódio de uma série que gosto e fui dormir tranquila, com consciência de que tinha feito tudo o que pude. Ainda que desse errado, eu estava feliz porque tinha feito o meu melhor.
Estratégia: No seu concurso, além da prova objetiva, teve a discursiva. Como foi sua preparação para esta importante parte do certame? O que você aconselha?
Gabriela: Meu maior medo eram as provas discursivas. Além de valerem uma boa parte da nota (70 pontos versus 110 da objetiva), o tema poderia ser AFO, para o meu desespero.
Na minha visão, dois são os aspectos essenciais para se fazer uma boa discursiva: ter desenvoltura com a escrita e ter conteúdo.
Meu trabalho exige que eu passe o dia produzindo textos, então acabei desenvolvendo uma facilidade maior com a escrita. Desse modo, senti que não precisava desenvolver essa competência para a prova.
Por outro lado, eu precisava ganhar conteúdo, especialmente em AFO e administração pública. Como meu maior receio era o conteúdo e não a escrita em si, treinava apenas um texto por semana, e preferi dedicar meu tempo a aprender essas matérias. Já passei pela terrível experiência de chegar em prova discursiva sem saber desenvolver o tema e a sensação é pavorosa. Então não queria repetir meu erro.
Meu conselho é: treine muito, descubra se você precisa desenvolver mais a escrita e sempre busque aprimorar o conteúdo cobrado.
Estratégia: Quais foram seus principais ERROS e ACERTOS nesta trajetória?
Gabriela: O meu maior erro foi inscrever-me em concursos e não estudar. É preciso ter foco. Se a pessoa está sem tempo para estudar, é necessário entender quais são as prioridades na vida naquele momento. No meu caso, na época, a prioridade era terminar a faculdade, porque eu já era concursada. Se eu tivesse isso mais claro, teria perdido menos tempo e dinheiro.
O meu maior acerto foi ter foco. Quando estabeleci um concurso único como meta, obtive sucesso (técnico do MPU, analista do MPU e CGU).
Estratégia: Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, qual foi sua principal motivação para seguir?
Gabriela: Desistir, para mim, nunca foi uma opção. Já troquei de área, deixando de fazer concursos para as carreiras jurídicas, mas nunca abandonei os estudos. Como se tornou um hábito, eu sinto muita falta quando não estudo.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Gabriela:
Não adianta se inscrever em concursos sem estudar. Para quem tem pouco tempo para estudar, é possível tentar uma estratégia como a minha, de estudar 2h por dia por alguns anos. Se a pessoa sequer tem 2h por dia (como eu não tinha quando fazia faculdade e trabalhava), a sugestão é escolher a prioridade no momento e ser honesto consigo mesmo sobre o que é importante.
- A vida nunca é como planejamos. Podemos dar o nosso melhor, fazer tudo da melhor forma e, ainda assim, o sucesso não vir na velocidade que gostaríamos. É necessário ter paciência, resiliência e humildade.
- Alguns cargos demandam mudanças radicais na vida e grandes sacrifícios. É preciso pensar com carinho se estamos dispostos a essas mudanças. Cada pessoa tem dificuldades e facilidades, e o que funciona para um pode não funcionar para outro. Pensar somente na remuneração pode trazer muitas frustrações.
- Descubra sua forma de aprender, não se importe com a opinião dos outros sobre o método. Se funciona para você, é o que importa. Estimule sua memória das mais diversas formas: leitura, escrita, áudios, vídeos, cores, formas, desenhos, mnemônicos ridículos, músicas, movimentos… Minha técnica de memorizar prazos era por meio de figurinhas. Vinculei cada prazo com uma imagem, normalmente de comidas. Por exemplo: “cinco dias” era a figura de uma abóbora, “dez dias” de um cacho de uvas. Como as cores das figurinhas eram bem diferentes, eu conseguia me lembrar dos prazos por causa das cores. Meus cadernos parecem um livro infantil, mas funcionava! O importante é o que funciona para você.
- Tenha disciplina, crie o hábito (mesma hora, mesmo local, desligue o celular, limite o uso das redes sociais). Se for muito difícil começar, coloque uma música envolvente e vá começando aos poucos, e quando engatar no estudo desligue a música ou coloque uma que não desconcentre. Mas estude independentemente das condições. Se acordou mais tarde, se estão lhe interrompendo, se há barulho, não desista. Nunca tive um dia perfeito de estudos, todos os meus dias foram imperfeitos e mesmo assim eu consegui.