Segurança e mobilidade urbana:
São dois grandes problemas enfrentados pelas grandes metrópoles. São Paulo como exemplo máximo da urbanização brasileira, tem estes problemas bem acentuados. Todo crescimento urbano desordenado gera problemas sérios de ocupação do espaço urbano, que agravando as contradições sociais através do contraste agressivo entre desenvolvimento e miséria na cidade, surge um ambiente com o terreno fértil para a proliferação de violência, sobretudo nos bairros periféricos, pois temos uma relação direta entre os principais tipos de violência urbana, como tráfico de drogas e outros ilícitos, com os aglomerados subnormais (cortiços e favelas) que se formam na cidade. A pobreza em si, muito presente no município e na grande São Paulo, não é a geradora da violência, mas antes de tudo o contraste da riqueza e pobreza convivendo juntas em espaços urbanos cada vez mais segregados. Este grande crescimento desordenado tem início a partir da década de 40.
As maiores taxas de crescimento demográfico do município, ocorreram entre as décadas de 1940 e 1970. Desde 1980 apesar de continuar a crescer, ocorre uma grande desaceleração do crescimento (continua a crescer, mas o ritmo de crescimento é menor que nas décadas anteriores).
O crescimento da cidade de São Paulo é contínuo desde o início do século XX, em razão do ciclo do café. Os imigrantes italianos formaram um mercado interno dinâmico que fez com que se desenvolvessem muito no início do século XX e fosse o epicentro da industrialização brasileira na época da primeira guerra mundial, devido ao mercado consumidor maior do país já naquela época, principalmente em razão dos imigrantes italianos. O crescimento industrial foi contínuo e seus picos são maiores na década de 40 (Era Vargas), dec. 50 (JK) e 70 (“milagre econômico” governo Médici). O crescimento industrial transformou São Paulo em um grande centro de atração de trabalhadores de todo o país. Entre 50 e 80, a imigração nordestina foi muito intensa (além do progresso do município a seca castigava e a fome era mais terrível no sertão que nos dias de hoje) e depois veio a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural (1964), que estendia os direitos trabalhistas para a zona rural (os direitos trabalhistas de Vargas só eram válidos na cidade). Os grandes proprietários rurais diante da nova lei do trabalho e do contexto internacional da modernização agrícola, proporcionado pela 3° Revolução Industrial, optaram pela mecanização da agricultura. A implantação do agronegócio no país e a consequente modernização do trabalho agrícola, mecanizou as lavouras e dispensou milhões de trabalhadores rurais em escala nacional. Em uma década, o êxodo rural foi maior que nunca. Neste contexto o município tem uma explosão urbana.
Diante de tão grande crescimento populacional, você poderá observar nos mapas abaixo, como o processo de ocupação do espaço foi desordenado, pois diante de tal velocidade de crescimento da população urbana, as forças sociais e econômicas que atuam na organização do espaço público/urbano, se organizaram de modo que as desigualdades sócio espaciais tornaram-se uma característica dos grandes aglomerados urbanos.
Mapas do desenvolvimento urbano de São Paulo:
Analise com cuidado observando detalhes do crescimento urbano no mapa. Uma dica se você estiver no município: identifique onde você mora e onde você trabalha no município. Pelos mapas é possível observarmos a antiguidade da ocupação.
As diferenças dos índices sociais da zona rural e da cidade, são muito significativas.
Em 1997, 42% da população rural vivia abaixo da linha da pobreza e 30% eram analfabetos. Na cidade em média 30% abaixo da linha da pobreza e 10% do analfabetismo. A taxa de escolarização entre os jovens de 18/19 nas cidades é superior a 55%. São nas periferias urbanas que vivem a maior parte dos trabalhadores ou descendentes destes que foram expulsão do campo e foram para o espaço urbano.
Uma tendência na urbanização de São Paulo, bem como das outras grandes cidades do Brasil, é a intensificação da transformação das áreas anteriormente caracterizadas como meio rural em meio urbano. A mecanização libera uma grande quantidade de pessoa do trabalho rural e libera um grande exército de trabalhadores para atuar no setor terciário (de serviços). Então as áreas de entorno vão se caracterizando enquanto espaço urbano, devido à expansão da malha urbana e integração dos trabalhadores rurais nas áreas mais periféricas que atuam em pequenos serviços, e caracterizamos estes novos espaços como urbanos. É diferente da tendência das décadas de 1960 e 1970, quando o êxodo era o principal fator de crescimento. Percebeu a diferença? Antes a população saída do campo e migrava para a cidade. Agora dispensada do trabalho rural, forma aglomerados ao redor do espaço urbano, que aos poucos vais sendo incorporado à grande malha.
Então ocorreu uma grande proliferação de loteamento clandestinos, o que não é permitido pelas leis municipais de uso do solo. As áreas em que surgem os loteamentos clandestinos são aquelas que originalmente são desvalorizadas e não eram alvo da especulação imobiliária, com regiões muito distantes sem infraestrutura, proximidades de várzeas de rios e córregos urbanos, principalmente aqueles em que não há saneamento básico. Não podemos esquecer das encostas de morros íngremes sujeitas à desmoronamento. De acordo com a professora da USP Regina Araújo, os poderes públicos se comportaram de maneira omissa quanto a ocupação ilegal de loteamentos e os problemas que isso poderia geral e concentraram-se na expansão da malha urbana através da valorização dos terrenos intermediários: um loteamento clandestino muito periférico cresce, até que surja uma infraestrutura mínima de asfalto, saneamento e iluminação pública e consequentemente a valorização dos terrenos intermediários. Os loteamentos ilegais, as favelas e cortiços formam a cidade ilegal, aquela que não atende as normas sobre a ocupação do espaço urbano.
Cada vez mais prolifera uma grande segregação socioespacial, com a proliferação das cidades ilegais que crescem inclusive em direção às áreas de mananciais e de preservação como as represas Billings e Guarapiranga e as áreas de preservação ambiental como a Serra da Cantareira, Granja Viana, Cotia, Itapecerica da Serra, Ibiúna.
A segregação espacial do espaço urbano se acentua na medida em que, enquanto as cidades ilegais proliferam, também há uma expansão de formas de organização do espaço urbano que colaboram para isso. Alguns especialistas afirmam que tem ocorrido um processo de “enfeudização” (uma referência ao feudos medievais, fechados e protegidos), também chamado processo de gentryficação (referência à Gentry, nobreza europeia que vivia encastelada em castelos). Uma solução urbana para quem possui alta renda são as chamadas “edges cities”, as cidades enclausuradas. Um bom exemplo é o condomínio Alphaville que agora é um modelo em expansão aos suburbanos de maior renda. A proliferação de condomínios. Buscam segurança e qualidade de vida. As políticas públicas ainda não solucionaram a contradição socioespacial, na verdade tem pensado recentemente no tema como problemática imperativa. Não há um condomínio que não conviva com o contraste de uma paisagem miserável. Além de estarem cercados da pobreza enfrentam o medo que quem tem mais recursos sente dos mais pobres, a proximidade de lixões como Alphaville, favelamento como o Morumbi, além do congestionamento das estradas que lhes dão acesso ao trabalho, estudo e serviços específicos.
A população de alta renda está concentrada nos distritos centrais do município e o crescimento desordenado dos distritos periféricos ameaça as áreas de proteção ambiental, situadas no extremos: o norte a serra da Cantareira e ao sul a represa Billings e Guarapiranga.
Observe atentamente os gráficos e tente interpretá-lo, e dele retirar o máximo de informações. Verá que os crimes mais cometidos são tráfico de drogas, furto e roubo. Para alguns sociólogos é o tipo de crime que é eliminado através do desenvolvimento econômico e social do lugar principalmente através de políticas públicas. Inclusive porque podemos observar que a criminalidade existe em todos os países e espaços ocupados do planeta, mas em países desenvolvido as motivações raramente são provocadas por carência social diante do choque da desigualdade. Através de políticas públicas que visem a inclusão do jovem no mercado de trabalho, sua qualificação profissional, sua educação e lazer, enquanto cidadão e suporte para sua saúde. No gráfico podemos observar qual foi a opção das políticas públicas para o combate à violência, e em seguida a redução nos índices de violência, destacado no gráfico, o homicídio. A população carcerária aumentou demasiadamente, mas isso não foi acompanhado de uma diminuição substantiva da criminalidade. Podemos também perceber que o número de mortos em razão da violência atinge níveis de países em guerra, como no caso a comparação com o Iraque.
Alguns autores apontam que as grandes cidades brasileiras, e de forma notável o município de São Paulo ocorre um processo de “apartheid sócio espacial”, numa referência à política de mesmo nome praticada na República Sul Africana com objetivo de segregar os negros daquele país. Há uma visível segregação espacial na ocupação do espaço urbano, e isso acentua os problemas da criminalidade.
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A mobilidade urbana é um dos grandes temas que discutimos ao falar de grandes municípios e regiões metropolitanas. Como as cidades crescem muito em população e está ocorrendo uma ampliação da ocupação do solo municipal, cada vez com mais domicílios, mesmo que aqueles que possuem maior renda, principalmente este, estão sujeitas à um trânsito assustador em que em alguns trechos do município, a mobilidade tornou-se tão difícil que parte da classe média opta por não ter carro, pois mesmo que o transporte público careça de muitas melhorias, a mobilidade é maior que de automóvel, que além de longos trechos, ocupa muito espaço e para mantê-lo é necessário um gasto extra com estacionamentos. A mobilidade para os mais pobres carece de muitos melhoramentos: quanto ao preço do transporte, a qualidade dos serviços, os longos trechos, além da ampliação de linhas de ônibus e metrô. Quanto mais periférico o distrito, mais difícil a mobilidade urbana do cidadão. O movimento diário de pessoas é incrível e a cidade de São Paulo é o centro de aglomeração urbana mais dinâmico do país. Considerando a região metropolitana, são 39 municípios. Se considerarmos a região concentrada, são 139 municípios. Com tanta gente assim é necessário um planejamento conjunto dos poderes públicos dos municípios. Por exemplo na grande São Paulo ocorre com muita intensidade o que chamamos migração pendular, ou seja, aquela que ocorre entre municípios diariamente. O cidadão mora na região metropolitana e trabalha no município de São Paulo. Todos os dias migra de seu município para São Paulo, em constantes idas e vindas. Migra como um pêndulo. Com tamanho movimento de pessoas a rede de transportes deve ser integrada ao máximo e isso demanda recursos e uma logística bastante complexa de ser resolvida. Para tanto, há o estatuto metropolitano, que integra os diferentes municípios para a realização de políticas públicas comuns, principalmente relacionadas a mobilidade, segurança e saúde pública (como combate à vetores e saneamento básico com coleta). O município de São Paulo com o intuito de diminuir os veículos em circulação, adota o rodizio de automóveis, para desafogar o tráfego possui inúmeros anéis viários, e temos políticas públicas de “fechamento de vias “para que o cidadão possa interagir e utilizar o equipamento público do espaço urbano, como por exemplo a avenida paulista em fins de semana em horários previstos é proibida a circulação de veículos. Devemos destacar também a recente política de ciclovias implantada na atual gestão o município.
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