Olá pessoal, tudo bem? Meu nome é Ana Luiza Tibúrcio e hoje eu vou contar para vocês sobre as técnicas de estudo para redação que utilizei para me preparar para o concurso do TRF 3. Essas técnicas me fizeram atingir a nota máxima na prova discursiva e alcançar o primeiro lugar para o cargo de Técnico Judiciário na Seção Judiciária de São Paulo.
Durante o ano de 2019 mergulhei no mundo dos concursos e percebi que é uma prática comum dos concurseiros manter o foco apenas nas provas objetivas e negligenciar a preparação para as discursivas. Essa é uma estratégia intuitiva, pois o candidato possui diversas disciplinas para estudar e às vezes se vê em uma corrida contra o tempo para esgotar conteúdo do edital. Como a redação é uma avaliação do uso da língua portuguesa frente a um tema de conhecimentos gerais, muitos são levados a pensar que seria possível improvisar e se dar bem na classificação final, mesmo sem uma preparação adequada para a prova discursiva.
Essa estratégia é um grande erro se repete entre os candidatos. Normalmente, as questões discursivas possuem um peso grande nas provas e a não preparação para essa etapa acaba afastando a possibilidade de o candidato de manter-se competitivo na classificação. No caso do meu concurso, a prova objetiva – composta por mais de 10 disciplinas diferentes – valia 10 pontos, e a redação valia também 10 pontos, ou seja, ela equivaleria a 50% da minha nota final.
Eu não podia descuidar das matérias da prova objetiva, já que era preciso estar entre os 360 candidatos mais bem classificados para ter minha redação corrigida, mas eu entendi o quão alto era o custo-benefício de uma boa nota na redação. Na redação há um conteúdo muito menor para ser estudado com um peso muito maior que cada uma das disciplinas da prova objetiva, se consideradas separadamente.
Diante desse cenário, decidi que daria uma grande atenção para conhecer as técnicas de estudo para redação.
Como a maioria dos concurseiros, eu não estava treinando redação até ser publicado o edital do meu concurso e também não havia esgotado as matérias que precisava estudar. Dessa maneira, me vi com um número enorme de disciplinas para estudar e uma preparação para a discursiva começando do zero.
Apesar da correria, hoje vejo que três meses foi um tempo hábil para aprender as técnicas de estudo para redação. Eu consegui entender a estrutura de uma redação de concurso, conhecer as especificidades da Fundação Carlos Chagas e treinar bastante.
A forma mais eficaz de entender o que a banca espera de um candidato na redação é lendo o edital com atenção. Caso não haja edital publicado, é interessante acessar os últimos editais dos órgãos e cargos semelhantes ao que se pretende concorrer.
Além disso, o estudante pode se inteirar do assunto procurando fontes confiáveis de informação que esclareçam o que é esperado do candidato nesse tipo de avaliação. O meu guru da redação foi o Prof. Raphael Reis, que possui diversos conteúdos gratuitos em seu perfil do Instagram, no Youtube e nas redes sociais do Estratégia, que me possibilitaram obter um conhecimento inicial sobre as técnicas de estudo para redação.
No vídeo abaixo você pode conferir um vídeo em que o Rapha fala um pouco sobre como tirar nota 10 na redação da FCC. A partir de 1h25 de vídeo ele analisa a redação que garantiu minha aprovação no concurso do TRF 3:
https://www.youtube.com/watch?v=xDAyMcIjP8Q
Quando comecei a buscar esse tipo de informação, percebi que a FCC era uma das bancas mais complexas e exigentes no que se refere à subjetividade do tema proposto à avaliação do conteúdo da redação dos candidatos. Entendi que o tema de interesse geral a ser cobrado seria um assunto da atualidade sob um enfoque de abstração e reflexividade.
Além de avaliar conhecimentos da língua portuguesa, o uso da norma culta e a capacidade de expressão do candidato, os examinadores avaliariam o repertório sociocultural e a capacidade do avaliando de expor o seu ponto de vista de maneira crítica e fundamentada. As técnicas de estudo para redação que utilizei tiveram como principal enfoque o desenvolvimento dessa última habilidade.
A avaliação da FCC funciona da seguinte maneira: a redação, que deve ter no mínimo 20 e no máximo 30 linhas, começa valendo 10 pontos e à medida que o avaliador percebe algo em desacordo com o esperado, pontos são descontados da nota final. Atribui-se 1 ponto para expressão, 4 pontos para estrutura e 5 pontos para o conteúdo.
Mas o que significa cada um desses pontos?
A expressão é basicamente o uso da norma culta, o respeito à pontuação, à acentuação e a coerência no uso da linguagem . Esse é o quesito em que menos pontos são atribuídos, pois presume-se que quem se prepara para um concurso público já esteja ambientado com o uso da linguagem padrão.
Na estrutura, avalia-se o padrão visual e organizacional do texto. Isso inclui uma letra legível, a escrita dentro das margens, o uso do espaçamento antes de iniciar os parágrafos, a progressão textual e o concatenamento das ideias, com o uso de conectivos.
Inclui também a divisão do texto em 4 ou 5 parágrafos, da seguinte forma:
Nesse tópico, avalia-se também o respeito ao gênero dissertativo-argumentativo, no qual o candidato deve expor fatos e informações e defender um ponto de vista de forma fundamentada.
O conteúdo é o aspecto que tem maior valor e, consequentemente, o que a banca mais demanda do candidato na hora da avaliação. Os argumentos que serão utilizados para fundamentar o texto devem estar alinhados ao pensamento científico, devem demonstrar a preocupação do candidato com o embasamento teórico de suas ideias e com o alcance social do seu texto.
Existem estratégias argumentativas que dão credibilidade ao texto e demonstram um nível desejável de conhecimentos prévios do candidato. Entre elas, as principais estão:
Por mais complexo que todo esse processo pareça, as técnicas de estudo para redação são quase uma receita de bolo. A expressão e a estrutura são simples e não requerem muita habilidade do candidato: com muita atenção e treino, seguir esse padrão se torna algo automático.
O mais trabalhoso, e que demandou boa parte do meu tempo, foi a construção de um repertório sociocultural vasto para dar peso aos argumentos a serem utilizados como recheio do meu bolo.
Algumas das dicas para desenvolver um conteúdo desejável para a redação são as seguintes:
Isso incluí ler notícias, artigos, ouvir podcasts, seguir páginas de mídia alternativa nas redes sociais… Isso é algo que eu já tinha o costume de fazer e, mesmo na correria dos estudos, sempre tirava uns minutinhos da minha manhã para acessar às principais notícias do dia. Mesmo com pouco tempo disponível, é importante não cair na alienação, estar em contato com os acontecimentos do dia-a-dia e entender os problemas da sociedade em que se vive. Se você não faz isso, está na hora de começar.
É praticamente impossível, em meio a uma preparação para concursos, o candidato conseguir tempo para ler alguma obra de pensadores clássicos ou modernos que sirvam como argumento de autoridade para seu texto. Para suprir esse déficit, existem os cursos de ciências humanas, que apresentam os principais temas que podem aparecer na prova, os filósofos e sociólogos que tratam desses conteúdos e os conceitos chave que podem ser usados como argumento em diversos tipos de assunto. Eu estudei pelo curso do Estratégia, que já estava incluído na minha assinatura ilimitada.
Comecei a ter contato com diversos conceitos e ideias de pensadores, e sabia que precisava ter seus nomes, ideias e o contexto de seu pensamento frescos na memória para encaixar na minha redação. Para isso, confeccionei pequenas fichas, e nas semanas anteriores à prova eu passei horas lendo e relendo essas informações. Você pode fazer isso por meio de mapas mentais, ou até mesmo em um arquivo do Word.
Eu elaborei inúmeras redações com temas diferentes para tentar abranger tudo aquilo que fosse possível de aparecer na minha prova. Eu fazia em média uma redação de 15 em 15 dias e, no último mês antes da prova, fiz uma por semana.
Também contratei o serviço de correção individualizada de 3 redações para que houvesse uma minúcia maior no apontamento dos meus erros. Se você não tem a disponibilidade financeira ou o interesse de contratar um serviço desse tipo, é legal pedir alguém para ler e apontar erros para você.
Essa, normalmente, é a parte em que os candidatos possuem a maior dificuldade, e não foi diferente comigo. Por isso, eu criei um passo a passo que facilitava na hora de passar todo o conhecimento para a folha de redação.
O primeiro passo é entender sobre qual assunto a redação deve se tratar. Para isso, eu lia atentamente os textos motivadores sem fazer nenhuma marcação. Posteriormente, relia fazendo marcações nas ideias principais e nas palavras chave, que possivelmente fariam parte do meu texto.
Como a FCC e a maioria das bancas sempre abordam temas de alta relevância social, então, o segundo passo era me fazer a seguinte pergunta: por que isso é um problema e qual a relevância desse assunto para a sociedade? Isso me ajudava a pensar sob qual aspecto eu abordaria aquele assunto. À medida que as respostas surgiam, eu fazia uma tempestade de ideias, escrevendo tudo o que vinha na minha cabeça: conceitos chave, exemplos da realidade, acontecimentos históricos, principais pensadores e etc.
Em seguida, eu fazia um projeto de redação em tópicos, organizando as ideias e conceitos que tinha anotado e, posteriormente, começava a confeccionar meu rascunho. Na introdução eu apresentava o tema e citava os dois pontos que desenvolveria no decorrer do texto. Nos parágrafos de desenvolvimento eu tentava mesclar argumentos de autoridade com exemplos da realidade para dar uma boa fundamentação ao texto. Na conclusão eu fazia uma retomada da minha tese inicial e procurava elaborar uma intervenção social ou moral que pudesse ser um tipo de solução para o problema apresentado.
Depois de fazer o rascunho, eu costumava fazer a prova objetiva (quando estava treinando por meio de simulados), para evitar de ficar com a leitura viciada e deixar pequenos erros passarem despercebidos. Após finalizar as questões, eu relia o rascunho fazendo as devidas correções e, com todo cuidado possível, passava tudo a limpo na folha de respostas.
Eu sempre cronometrei meu tempo, pois todo o processo de elaboração da redação – contando com a confecção do rascunho – deveria durar no máximo 1h30 para que eu tivesse tempo hábil para fazê-la com tranquilidade, passá-la a limpo sem rasuras e terminar a prova objetiva.
Considero que minha estratégia foi muito bem sucedida, pois seguindo as técnicas de estudo para redação que contei para vocês, tive a tranquilidade de fazer um texto que atendeu a todos os padrões avaliados pelo examinador. Apesar de ter me saído bem na prova objetiva – tirei 9,13 em 10 –, havia candidatos com notas mais altas que a minha. Com a nota 10 na redação, acabei saindo na frente ficando em primeiro lugar no concurso.
Espero que meu relato tenha alertado vocês para a importância de focar na preparação para as provas discursivas que possivelmente você venha a enfrentar.
Essas foram as técnicas de estudo para redação que funcionaram para mim, mas você pode – e deve – adaptar sua preparação à realidade que funciona para você.
Boa sorte futuros servidores!
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