Conheça tudo sobre a carreira de Oficial Temporário da Marinha, Oficial RM2, neste artigo!
Olá alunos!
Tudo bem?
A Marinha do Brasil abriu inscrições para Processo Seletivo para o Serviço Militar Voluntário (SMV), destinado a selecionar Oficiais RM2 (temporários). Há vagas em todo o Brasil.
Como vocês já devem estar sabendo, o edital do processo seletivo para o Serviço Militar Voluntário (SMV) de Oficiais RM2 (temporários) foi publicado e as inscrições começam hoje (23) e vão até o dia 4 de novembro!
O soldo é excelente, além dos adicionais concedidos (adicional de habilitação e militar), o que totaliza uma remuneração inicial no valor de R$ 9.021,07, que pode ser ainda maior no caso de militar com pós-graduação, mestrado ou doutorado.
Há 398 vagas em todo o país e para diversas formações: Direito, Ciências Náuticas, Ciências Contábeis, Psicologia, Administração, Comunicação Social, Informática, Engenharias, Magistério, Medicina, Odontologia, Farmácia, Veterinária, Biologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Nutrição, Enfermagem etc.
Se você tem interesse em saber mais sobre o edital, o Estratégia preparou um artigo voltado aos detalhes do Processo Seletivo para Oficial temporário da Marinha.
Agora se você quer saber como é o dia a dia (de verdade, a vida) de um Oficial Temporário da Marinha (RM2), continue lendo este post, pois quem vos escreve é uma Oficial da Marinha da reserva não remunerada.
Servi à Marinha do Brasil como Oficial RM2 do Quadro Técnico, na especialidade Direito, na cidade de Itajaí/SC, tendo me licenciado em 2018.
Rapidamente, irei apontar algumas diferenças básicas entre um Oficial Temporário da Marinha (RM2) – que é o caso deste processo seletivo – para um de carreira.
O Oficial de carreira, geralmente, ingressa na Marinha do Brasil após aprovação em curso na Escola Naval (que é um curso superior com duração de 4 anos) ou, quando graduados nas habilitações requeridas pelo Serviço Naval, após aprovado em Concurso Público.
Já o Oficial temporário da Marinha é alguém que possui formação de nível superior e que realiza o Processo Seletivo para ingresso no Serviço Militar Voluntário – SMV (como este cujas inscrições começam hoje), ingressando na carreira como Guarda-Marinha.
Outra diferença é quanto à possibilidade de transferência de sede, que só ocorre para os Oficiais de carreira. Ou seja, a carreira do Oficial RM2 ocorrerá inteiramente em um mesmo local, já que as vagas são distribuídas por município.
Quanto à evolução na carreira, também há diferenças, já que o Oficial RM2, que presta o Serviço Militar Voluntário (SMV), é promovido durante interstícios menores que os Oficiais de carreira.
Assim, sua carreira começa como Guarda-Marinha (Praça Especial), sendo que após apenas seis meses já é promovido ao posto de Segundo-Tenente. Passados mais seis meses, ocorre a sua promoção ao posto de Primeiro-Tenente, podendo chegar ao posto de Capitão-Tenente no último ano da carreira.
É bem interessante mencionar que, embora o militar seja temporário, a hierarquia, antiguidade e precedência ocorre do mesmo modo como ocorre com os militares de carreira.
Por fim, vale citar a questão da estabilidade: os militares temporários não possuem expectativa de estabilidade ao final dos oito anos. Isso porque o vínculo é precário, formalizado por meio de um contrato, que é renovado anualmente, sendo que o limite de tempo de serviço é de 8 anos.
Ainda quanto a este ponto, lembra-se que o Oficial temporário da Marinha pode interromper o vínculo quando desejar. Caso cumpra o contrato anual, recebe a indenização, que falaremos adiante, por ano trabalhado. Do contrário, recebe apenas o salário, 13° e férias proporcionais.
Após ser aprovado no Processo Seletivo para o SMV, o militar é incorporado à Força e ingressa no Curso de Formação Militar, com duração aproximada de 90 dias, realizado em diversas Organizações Militares (OM) do país, a depender da OM em que irá servir (escolhida no momento do processo seletivo).
Neste curso, serão ministradas disciplinas teóricas afins à área militar, que vão desde Marinharia, Regulamentos Disciplinares a Cerimoniais. Também há treinamentos físico-militares, de sobrevivência e de tiro.
Com certeza, você nunca viveu algo parecido!
Isso porque os dias são intensos, em que você vivenciará um pouco da carreira militar, será preparado para suportar momentos de pressão e tensão, assim como aprenderá a se comportar nas mais diversas situações que ocorrem na vida na caserna.
Além do curso de formação, os oficiais que servem nas Capitanias, Delegacias e Agências fazem um curso chamado ESPOC – Estágio Preparatório para Oficiais, ministrado no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA), no Rio de Janeiro/RJ.
Cada oficial será designado para exercer uma função preferencialmente na sua área de formação, mas pode ocorrer de o militar ter que assumir alguma função colateral.
No meu caso, por exemplo, como sou formada em Direito, fui designada para ser Encarregada da Assessoria Jurídica, mas, por algum tempo, acumulei a função de Encarregada da Comunicação Social da Delegacia da Capitania dos Portos em Itajaí – DelItajaí.
Como Encarregada da Assessoria Jurídica, era responsável por assessorar o comando em todas as decisões relacionadas à área jurídica, o que engloba demandas judiciais e administrativas.
Também era responsável pela condução dos Inquéritos Administrativos sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN), que são procedimentos investigativos relacionados a naufrágios, colisões, abalroamentos, morte de pessoa no mar envolvendo embarcação etc.
Por outro lado, como Encarregada da Comunicação Social, assessorava a divulgação de notícias, releases e notas à imprensa, relacionamento direto com veículos de comunicação, organização de cerimônias e eventos, participação em eventos, além de ter sido a cerimonialista (vogal) da Delegacia por algum tempo.
Além da sua função principal, o militar terá outras atividades, como, por exemplo, a função de Oficial de Serviço, que é um “plantão” de 24 horas em que o Oficial será o responsável pela organização e perfeito funcionamento da Organização Militar, o que envolve a segurança da OM.
Ademais, o militar pode ser escalado para atuar em qualquer outra função designada pelo seu superior, como atividades de inspeção naval (com o uso de viaturas, lanchas, motoaquáticas e helicópteros), missões em outros municípios da jurisdição da sua Organização Militar, representação do comando em eventos oficiais etc.
Também pode ser convocado a atuar em programas especiais do governo federal, tais como ocorreu, no ano de 2017, no combate ao mosquito Aedes aegypti.
Ainda, deve estar preparado para comandar os seus subordinados imediatos ou até mesmo a tropa inteira em certas ocasiões.
A Marinha do Brasil, assim como as demais Forças, realizam diversas ações sociais. Um exemplo é a Corrida da Paz, também conhecida como CISM Day Run, que ocorre anualmente no mundo todo.
Enfim, deve-se ter em mente que você será um militar da Marinha do Brasil, cuja missão é:
“Preparar e empregar o Poder Naval, a fim de contribuir para a Defesa da Pátria; para a garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem; para o cumprimento das atribuições subsidiárias previstas em Lei; e para o apoio à Política Externa”.
Para isso, inúmeras atividades são necessárias, sendo tão diversas que é impossível citar todas nesse texto. Só vivendo para saber!
O militar o é 24 horas por dia até o fim dos seus 8 anos de serviço.
Em razão disso, diferentemente do que ocorre na esfera civil, o militar não possui carga horária a ser cumprida, devendo estar à disposição do comando em tempo integral.
Claro que não ficamos na Organização Militar em regime de internato. Mas, mesmo quando na sua residência, após a licença (momento em que termina o expediente), o militar pode ser acionado e deve regressar imediatamente.
Por isso, ao militar não é permitido acumular cargo, emprego ou função pública, na Administração Pública Federal, Estadual ou Municipal, ainda que da Administração Indireta. Apenas os profissionais de saúde com profissões regulamentadas são excepcionados dessa regra.
Muitas vezes, o militar tem que regressar para bordo (termo usado na Marinha para designar a Organização Militar) em razão de ocorrências anômalas, tais como um acidente envolvendo embarcação ou desaparecimento de pessoa no mar, situação em que deve ser aberto um SAR – Search And Rescue.
A Marinha possui muitos benefícios, como oportunidade de crescimento profissional, de realização de cursos e aperfeiçoamentos, viagens, conhecimento de pessoas etc.
Também proporciona assistência médico-hospitalar, odontológica, psicológica, social e religiosa, a qual pode ser estendida aos seus dependentes e pensionistas.
A depender da localidade em que cumprir o serviço, o Oficial temporário da Marinha também poderá participar dos clubes e sociedades recreativas.
Ainda, a cada três anos, é concedido o auxílio fardamento, que corresponde a um soldo, ou seja, um valor que, atualmente, gira em torno de R$ 9.000,00 e que não precisa ser gasto integralmente com a sua farda. O que é exigido é que ela esteja sempre impecável.
Por fim, o militar recebe toda a alimentação durante o tempo em que estiver de serviço, o que inclui café da manhã, almoço, jantar e ceia.
Se você, assim como eu, é mulher e tem receio sobre como será a sua vida na Marinha, vou passar a minha experiência.
Sou filha de militar, então já conhecia um pouco a vida de um Oficial da Marinha. Mas confesso que tinha uma impressão de que a vida militar não era para as mulheres.
Porém, durante os anos em que servi à Marinha, pude mudar a minha ideia inicial e conhecer muitas mulheres que se identificam bastante com a carreira militar. Algumas até que, após viverem a experiência como RM2, decidiram estudar para ingressarem de forma permanente à instituição.
Na Marinha, somos tratadas de igual para igual, de modo que a máxima é que a mulher tem as mesmas forças, capacidades e habilidades que um homem.
Inclusive, a Marinha foi a primeira das Forças Armadas a permitir o ingresso de mulheres, que hoje é comemorado no dia 7 de julho.
Portanto, mulheres, não temam, porque esta profissão também é para nós!
Ao final dos 8 anos, o Oficial temporário da Marinha é desligado da Organização Militar, passando a integrar os quadros dos militares da reserva não remunerada.
Como forma de indenização, o militar recebe um soldo para cada ano de serviço prestado, ou seja, sua indenização pode chegar a cerca de R$ 100.000,00!
Mas o desligamento pode ocorrer antes desse período caso assim deseje o militar. Nesse caso, para receber a indenização, o militar deve cumprir o contrato anual.
Além disso, ao final do serviço militar voluntário, você estará com uma bagagem de conhecimento e de experiências de vida diferenciadas, pois a Marinha é uma instituição secular e de muito respeito pela sociedade.
Ou seja, o seu currículo será enriquecido com essa experiência única e engrandecedora.
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Ver comentários
Excelente artigo Luana! Conheço amigos que estão na posição de RM2. É uma excelente oportunidade. Parabéns também por sua bela trajetória!
Obrigada, Rodrigo! É verdade, uma excelente oportunidade e com muitas vagas no Brasil todo!
Excelente!!!!!
Parabéns Luana tão
jovem e já com toda essa bagagem.
Informações interessantes, claras, objetivas e concisas.
Continuado sucesso pessoal e profissional.
O STF será o futuro naturalmente.
Saúde e paz!!!!
Obrigada pelas palavras, Comandante Aderaldo. O senhor, um exímio escritor e com tantos livros publicados, foi um exemplo para mim! Grande abraço!
Não achei o conteúdo programático específico, no caso Direito. Poderiam disponibilizar o link?
Alan, o conteúdo é o mesmo para todas as áreas de formação, exceto Medicina. Bons estudos!
Luana, parabéns pelo conceito sobre a carreira do RM2, excelente explicação, alto padrão....
André Silva, obrigada pelas palavras. Grande abraço!
Excelente 1T Luana;
Por uma breve leitura tive a grata satisfação de viajar no tempo em suas narrativas, muitas missões cumpridas, muitos eventos em participação conjunta com a Prefeitura de Itajaí, grandes e boas lembranças...
Feliz de poder ter contribuído para seu sucesso profissional, como nunca cansei de lhe falar... você voará longe, parabéns pelo seu sucesso e por estar colocando em prática seus conhecimentos em prol de futuros RM2.
Conte sempre comigo, forte abraço e...
Do mar ao Oeste...firmes e fortes!!!
Comandante Porto, agradeço as palavras do senhor e fico muito feliz por ter gostado do artigo.
A intenção foi exatamente esta: dar mais informações aos que sonham com a carreira militar e despertar o interesse de quem sequer havia cogitado a possibilidade, muitas vezes por desconhecimento da realidade naval.
Como disse no artigo, inclusive por meio de fotos, servir à MB foi uma das experiências mais intensas da minha vida e ter o senhor como Comandante foi um enorme aprendizado!
Grande abraço e... Do mar ao Oeste... firmes e fortes!!!
Boa tarde!
Eu tenho uma dúvida. Sou servidora pública municipal há quase 5 anos. Esse tempo seria subtraído dos 8 que eu poderia ficar na marinha ou não?
Muito obrigada!
Olá Thaís! Sim, segundo o edital, esse período de 5 anos será subtraído dos 8 anos, de modo que vc poderá permanecer por apenas mais 3 anos. Abraço!
Tenho uma dúvida recorrente e sem explicação até o presente momento, gostaria muito se pudesse me ajudar.
Possuo 34 anos (idade q já não permite ingresso no concurso do QT da Marinha), caso eu faça o RM2 "que minha idade ainda permite" durante esses 08 anos eu tenho possibilidade de prestar concurso interno e me manter nas fileiras da Marinha do Brasil ?
Muito obrigado,
Oi Fernando, você pode fazer a prova para Oficial RM2 e servir por 8 anos, mas não há possibilidade de concurso interno. Sucesso nos estudos!
Eu ja tenho 8 anos como servidora municipal,posso fazer a prova?
Oi Josiane, segundo o edital, esse tempo de serviço público será contado para o prazo de 8 anos, assim, você não poderia mais servir à Marinha por meio deste Processo Seletivo para Oficiais RM2.
Veja item 3.3, do Aviso de Convocação, que trata das condições necessárias à inscrição: "j)ter, no máximo, seis anos de tempo de Serviço Militar e/ou Serviço Público prestado, até a data de sua incorporação;"
Que pena,mas obrigada Luana
Olá Luana, seu artigo me trouxe o interesse no concurso. Gostaria de entender melhor, mais profundamente, as atividades desempenhadas pelo bacharel em direito bem como as atividades gerais realizadas no dia a dia. Estou com muita dúvida sobre se me adaptarei ao serviço e funções, pois nunca pensei em carreira militar.
Oi Lígia, é difícil eu explicar a você exatamente como será a sua função como bacharel em Direito, pois isso depende do local em que você irá servir. Como você já deve ter percebido no post, as atividades variam muito e é fundamental que você esteja aberta a ter uma rotina bem variada. Ou seja, você não atuará como advogada, tampouco exercerá somente a função de assessora jurídica, pois você será uma militar acima de tudo, com atribuições inerentes ao Oficial da MB. Espero ter ajudado.