Olá, pessoal! Tudo bem? Avançando com os nossos Guias Definitivos de Administração Geral e Pública, apresentamos o nosso resumo do PDRAE parte 1. Trata-se de um assunto extremamente cobrado em Administração Pública. Dada a extensão do assunto, o resumo será dividido em duas partes.
O Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (PDRAE) foi elaborado em 1995 por Bresser-Pereira, então ministro do extinto “Ministério da Administração e Reforma do Estado (Mare)”.
Em sua apresentação, o documento traz uma breve contextualização do cenário à época, com críticas a modelos desenvolvimentistas de Estado, bem como à lentidão e ineficiência da burocracia. Propunha o fortalecimento do Estado, focando em sua ação reguladora.
O PDRAE aponta, ainda, a dificuldade do Estado “processar de forma adequada a sobrecarga de demandas a ele dirigidas” como a causa de problemas econômicos, seja em países desenvolvidos, seja em países subdesenvolvidos.
Nesse ponto, o PDRAE afirma que houve uma resposta equivocada à crise de Estado dos anos 80, simplesmente ignorando-a. Considera da mesma forma a resposta neoliberal, com sua filosofia de Estado mínimo. Prega que a resposta correta seria uma reforma de Estado que resgatasse sua autonomia financeira e sua capacidade de implementar políticas públicas.
Para isso, o Plano considerava fundamental:
Cabe aqui ressaltar que o Plano considerava que o governo brasileiro não carecia de “governabilidade”, pois havia legitimidade democrática. Enfrentava, entretanto, um problema de governança, pela ineficiência em implementar políticas públicas.
Sigamos com o nosso resumo do PDRAE parte 1.
O PDRAE traz um breve histórico sobre a situação da Administração Pública no país, buscando situar o leitor e embasar suas propostas. Primeiramente, identifica-se a Administração Pública Patrimonialista, em que o Estado era tido como extensão do poder do soberano, caracterizada por alta corrupção e nepotismo.
Esta situação foi predominante até a década de 1930, na era Vargas, em que emerge a Administração Pública Burocrática no país. Mais precisamente, o documento estabelece como parâmetro o ano de 1936, ano em que foi criado o Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP, conhecido como o marco de implementação de uma Administração Burocrática Weberiana no país.
Cabe ressaltar que o patrimonialismo não foi completamente abolido com a reforma do DASP. Com efeito, apesar de o DASP ter criado mecanismos que retratam a impessoalidade, profissionalização e especialização inerentes à burocracia, tais como o concurso público e o treinamento, persistiam práticas patrimonialistas.
É importante, ainda, destacar outras características do modelo burocrático, tais como: controles a priori; a previsibilidade do funcionamento; hierarquia rígida; normas e regulamentos rígidos e por escrito; padronização de rotinas. Não as confunda com as disfunções da burocracia, dentre as quais podem ser destacados o apego exagerado a normas, bem como a falta de flexibilidade.
Seguindo com o nosso resumo do PDRAE parte 1, o documento apresenta os primeiros passos rumo a uma Administração Gerencial:
Após tais iniciativas, o Plano considera que houve um “retrocesso burocrático” através da Constituição de 1988. Isso em decorrência de ter havido certo “enrijecimento” em determinadas regras, tais como normas relativas aos servidores e em entidades da Administração Indireta (notadamente Fundações Públicas e Autarquias).
O PDRAE apresenta também um diagnóstico sobre a situação da gestão pública do país no momento em que foi escrito. Conforme o documento, “como resultado do retrocesso burocrático de 1988 houve um encarecimento significativo do custeio da máquina administrativa, tanto no que se refere a gastos com pessoal como bens e serviços, e um enorme aumento da ineficiência dos serviços públicos”.
Importante frisar que o aumento de gastos com pessoal foi maior nos estados e municípios do que no governo federal propriamente dito. Na União havia um aumento do número de inativos em relação aos ativos. Dito isso, considerava-se não haver excesso nos quadros da União, havendo apenas desequilíbrio quantitativo entre determinadas áreas.
Nesse sentido, o PDRAE aponta, para a Dimensão Institucional-Legal, problemas como: estruturas obsoletas, pesadas e hierarquizadas, pouco dinâmicas e excessivamente caras; crença arraigada na cultura política brasileira de que cabe à União promover diretamente o desenvolvimento social do país, em detrimento dos municípios; falta de transparência administrativa, o que inibe o controle social.
Já para os Recursos Humanos, o PDRAE apresenta os seguintes desafios: ausência de uma política de recursos humanos coerente com as necessidades do aparelho do Estado; realização de concursos públicos mediante avaliação periódica da necessidade de quadros; poucos instrumentos de incentivos positivos para o desempenho dos servidores.
Por fim, para a Dimensão Cultural e para a Dimensão-Gestão, é apresentado o seguinte diagnóstico: repensar o sistema de motivação dos servidores (para além da expectativa de se ocupar um cargo em comissão); profissionalização do serviço público e motivação negativa (demissão por insuficiência de desempenho). Além disso, preconiza a criação de mecanismos de controle social.
Em suma, o diagnóstico atacava o excesso de burocracia e pregava a flexibilidade da Administração Gerencial. Isso é fundamental para a compreensão deste tópico do resumo do PDRAE parte 1.
Chegamos ao tópico do nosso resumo do PDRAE parte 1 que possui maior incidência em provas de concurso. O PDRAE apresenta quatro setores de Estado, divididos da seguinte forma:
Chegamos ao fim do resumo do PDRAE parte 1. Para encerrar, é necessário apresentar dois conceitos importantíssimos no Plano, e que são muito explorados em prova.
O primeiro é o conceito de publicização, que é a transferência dos serviços não-exclusivos do Estado do setor estatal para o público não-estatal, por meio das “organizações sociais” (entidades sem fins lucrativos).
Já o conceito de privatização no âmbito do PDRAE consiste em um objetivo no setor de produção de bens e serviços para o mercado, através do Conselho de Desestatização.
Por fim, cabe relembrar que este resumo não substitui o material teórico, a leitura do PDRAE na íntegra e a resolução de muitas questões sobre o tema.
Abraços e bons estudos!
Paulo Alvarenga
Referências:
PDRAE – Plano Diretor de Reforma do Aparelho do Estado (Brasília, 1995).
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