Neste artigo, estudaremos sobre “regência verbal e nominal”, que é um dos assuntos mais cobrados em provas e concursos.
Olá, meus amigos!
Meu nome é Décio Terror e sou professor de Português aqui no Estratégia.
Hoje vamos falar de um conteúdo muito importante, pois cai muito em concursos: a Regência verbal e nominal.
A regência verbal e nominal têm relação com a transitividade, isto é, tratam da exigência ou não de uma preposição por um verbo ou nome. Em outras palavras, regência verbal e nominal é uma relação de complementação que se estabelece entre termos de uma oração.
A regência verbal identifica o verbo que exige ou não complemento. O verbo que exige complemento é chamado de transitivo e o que não a exige é chamado de intransitivo.
O verbo transitivo direto é aquele que exige complemento SEM preposição, como os exemplos abaixo:
O candidato realizou a prova.
Ele estudou a matéria.
Note que os termos “a prova” e “a matéria” são complementos diretos do verbo e são chamados de objetos diretos. Normalmente, indica-se o reconhecimento do objeto direto com a pergunta “o quê?” ao verbo:
O candidato realizou o quê? (resposta: a prova)
Ele estudou o quê? (resposta: a matéria)
Os verbos transitivos indiretos exigem complemento verbal COM preposição. Veja os exemplos:
O candidato duvidou do gabarito da prova.
Ele gosta de Matemática.
Note que os termos “do gabarito da prova” e “de Matemática” são complementos indiretos do verbo e são chamados de objetos indiretos.
Normalmente, indica-se o reconhecimento do objeto indireto com a pergunta “de/com/em/a quê?” ao verbo:
O candidato duvidou de quê? (resposta: do gabarito da prova)
Ele gosta de quê? (resposta: de Matemática)
Os verbos intransitivos não exigem complementos verbais (objetos direto ou indireto), mas podem exigir circunstâncias adverbiais, como de lugar, modo, tempo etc:
Os problemas ocorreram.
Os problemas ocorreram naquela época na empresa.
Viajei para São Paulo.
Vim da Bahia ontem.
Na oração “Os problemas ocorreram.“, há o sujeito “Os problemas” e o verbo intransitivo “ocorreram”.
Na oração “Os problemas ocorreram naquela época na empresa.“, há o sujeito “Os problemas”, o verbo intransitivo “ocorreram”, o adjunto adverbial de tempo “naquela época” e o adjunto adverbial de lugar “na empresa”.
Na oração “Viajei para São Paulo“, há o verbo intransitivo “Viajei” e “para São Paulo” é o adjunto adverbial de lugar .
Por fim, na oração “Vim da Bahia ontem.“, o verbo “Vim” é intransitivo, “da Bahia” é o adjunto adverbial de lugar e “ontem” é o adjunto adverbial de tempo.
Normalmente, indica-se o reconhecimento da circunstância adverbial com perguntas ao verbo, como as seguintes: “quando?” (para saber o tempo), “onde?”, “aonde?”, “para onde?”, “de onde?” (para saber o lugar), “como?” (para saber o modo), “por quê?” (para saber a causa):
Os problemas ocorreram quando? Onde? (respostas: naquela época, na empresa)
Viajou para onde? (resposta: para São Paulo)
Veio de onde? (resposta: da Bahia)
É preciso também entender que a transitividade de um verbo sempre dependerá do contexto. Devido a isso não podemos estudar regência decorando simplesmente a transitividade, mas o emprego do verbo no contexto.
Vejamos o verbo “estudar”!
Tal verbo normalmente é transitivo direto, isto é, exige complemento verbal direto. Veja os exemplos abaixo:
Estudo Matemática todos os dias.
Eu estudo todos os dias
Note que, na primeira oração, “Estudo” exige o complemento direto “Matemática”, o qual tem o nome sintático de objeto direto. Além disso, é seguido do adjunto adverbial de tempo “todos os dias”.
Mas, na oração “Eu estudo todos os dias“, o autor entendeu não ser necessário nenhum complemento, isto é, não é necessário demonstrar o que é estudado, mas quando é estudado.
Assim, nesta última oração (“Estudo todos os dias“), o verbo é apenas intransitivo.
Normalmente, temos dúvida para saber se o termo preposicionado e ligado ao verbo é objeto indireto ou adjunto adverbial. Para sanar sua dúvida, aprofunde no tema lendo o artigo abaixo:
Diferença entre objeto indireto e adjunto adverbial
A regência nominal ocorre quando um nome (substantivo abstrato, adjetivo ou advérbio) é transitivo e, por conseguinte, exige um complemento.
Vejamos os exemplos abaixo:
O acesso ao estudo é a chave do desenvolvimento do país.
A sociedade é obediente às leis.
Moro longe de você.
Na primeira oração, note que o substantivo “acesso” exigiu o complemento nominal “ao estudo”.
Na segunda oração, o adjetivo “obediente” exigiu o complemento nominal “às leis” .
Na terceira oração, o advérbio “longe” exigiu o complemento nominal “de você”.
Assim, podemos dizer que os nomes “acesso”, “obediente” e “longe” são nomes transitivos, os quais exigem o termo complemento nominal.
Mas tome cuidado, pois não é sempre que um substantivo é seguido de complemento nominal. Veja abaixo um artigo que preparei para você sobre a diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal:
Diferença entre adjunto adnominal e complemento nominal
Dando prosseguimento em nosso estudo de regência verbal e nominal, apresentarei a seguir duas listas: uma lista de regência nominal e outra lista de regência nominal. Use-as como material de consulta, retornando a esse artigo sempre que for necessário.
A regência nominal é bem variável, pois os nomes admitem muitas preposições, mas segue abaixo uma lista dos principais:
acostumado a, com | curioso de |
afável com, para | desgostoso com, de |
afeiçoado a, por | desprezo a, de, por |
aflito com, por | devoção a, por, para, com |
alheio a, de | devoto a, de |
ambicioso de | dúvida em, sobre, acerca de |
amizade a, por, com | empenho de, em, por |
amor a, por | falta a, com, para |
ansioso de, para, por | imbuído de, em |
apaixonado de, por | imune a, de |
apto a, para | inclinação a, para, por |
atencioso com, para | incompatível com |
aversão a, por | junto a, de |
ávido de, por | preferível a |
conforme a | propenso a, para |
constante de, em | próximo a, de |
constituído com, de, por | respeito a, com, de, por, para |
contemporâneo a, de | situado a, em, entre |
contente com, de, em, por | último a, de, em |
cruel com, para | único a, em, entre, sobre |
A transitividade é muito ampla e não se esgota naqueles verbos listados nas gramáticas tampouco aqui neste artigo, mas vemos que os concursos se baseiam nestes verbos mais comuns, os quais são listados a seguir.
Agora, vamos para uma lista de verbos que mais caem em concursos para depois treinarmos com questões:
a) Agradar: transitivo direto, com o sentido de “fazer agrado”, “fazer carinho”.
Ela agradou o filho.
Transitivo indireto, com a preposição a, com o sentido de “ser agradável”.
O assunto não agradou ao homem.
b) Ajudar, satisfazer, presidir, preceder: transitivos diretos ou indiretos, com a preposição a.
Satisfiz as exigências. ou Satisfiz às exigências.
c) Amar, estimar, abençoar, louvar, parabenizar, detestar, odiar, adorar, visitar: transitivos diretos.
Estimo o colega. Adoro meu filho.
d) Aspirar: transitivo direto quando significa “sorver”, “inspirar”, “levar o ar aos pulmões”: Aspiramos o ar frio da manhã.
Transitivo indireto, com a preposição a, quando significa “desejar”, “almejar”:
Ele aspira ao cargo.
e) Assistir: é transitivo direto no sentido de “dar assistência”, “amparar”.
O médico assistiu o paciente.
Mas também é aceito como transitivo indireto, com a preposição a, neste mesmo sentido: O médico assistiu ao paciente.
Transitivo indireto, com a preposição a, com o sentido de “ver”, “presenciar”.
Meu filho assistiu ao jogo.
Transitivo indireto, com a preposição a, com o sentido de “caber”, “competir”.
Esse direito assiste ao réu.
Intransitivo, com a preposição em, com o sentido de “morar”.
Seu tio assistia em um sítio. (o termo “em um sítio” é o adjunto adverbial de lugar)
Neste sentido, admite o pronome relativo “onde”: Este é o local onde assisto (onde moro).
f) Avisar, informar, prevenir, certificar, cientificar:
São normalmente transitivos diretos e indiretos, admitindo duas construções.
Avisei o gerente do problema.
Avisei-o do problema.
Avisei ao gerente o problema.
Avisei-lhe o problema.
Avisei o gerente de que havia um problema.
Avisei ao gerente que havia um problema.
Cuidado! Veja que tanto o objeto direto quanto o indireto podem ser expressos também por pronomes oblíquos átonos ou orações subordinadas substantivas.
g) Atender: é transitivo direto, podendo ser também transitivo indireto no sentido de dar atenção a, receber alguém, seguir, acatar:
Não costuma atender os meus conselhos.
O ministro atendeu os funcionários que o aguardavam.
Não atendeu à observação que lhe fizeram.
Transitivo indireto no sentido de responder, prestar auxílio a:
Os bombeiros atenderam a muitos chamados.
O médico atendeu aos afogados na praia.
h) Chegar: É intransitivo, no sentido de movimento a um destino, exigindo a preposição “a”. Com ideia de movimento de um lugar origem, usa-se a preposição “de”. Deve-se evitar a preposição “em”, muito usada na linguagem coloquial, mas não é admitida na norma culta.
Cheguei a Fortaleza. Cheguei de Fortaleza.
Esse verbo admite o advérbio “aonde” ou a locução “para onde”, não admitindo apenas “onde”.
Note que, nas orações anteriores, os termos “a Fortaleza” e “de Fortaleza” são adjuntos adverbiais de lugar.
Transitivo indireto, quando transmite valor de limite:
Seu estudo chegou ao extremo do entendimento.
i) Chamar: é transitivo direto com o sentido de “convocar”.
Chamei-o aqui.
Transitivo direto ou indireto, indiferentemente, com o sentido de “qualificar”, “apelidar”; nesse caso, terá um predicativo do objeto (direto ou indireto), introduzido ou não pela preposição de.
Chamei-o louco. Chamei-o de louco.
Chamei-lhe louco. Chamei-lhe de louco.
A palavra louco, nos dois primeiros exemplos, é predicativo do objeto direto; nos dois últimos, predicativo do objeto indireto.
j) Custar: é intransitivo, quando indica preço, valor.
Os óculos custaram oitocentos reais.
Obs.: adjunto adverbial de preço ou valor: oitocentos reais.
Transitivo indireto, com a preposição a, significando “ser custoso”, “ser difícil”; com esse sentido, normalmente estará seguido de um infinitivo:
Custou ao aluno entender a explicação do professor.
Obs: A expressão “entender a explicação do professor” é sujeito oracional e “ao aluno” é o objeto indireto. (Isso custou ao aluno)
k) Esquecer, lembrar, recordar: são transitivos diretos, sem os pronomes oblíquos átonos (me, te, se, nos, vos):
Ele esqueceu o livro. Lembrou a situação. Recordou o fato.
Transitivos indiretos com pronomes oblíquos átonos, exigindo preposição de.
Ele se esqueceu do livro. Lembrou-se da situação. Recordou-se do fato.
No sentido figurado, há ainda a possibilidade de o sujeito do verbo “esquecer” não ser uma pessoa, mas uma coisa:
Esqueceram-me as palavras de elogio.
Esqueceu-se verificar o número da placa.
Essa mesma regência vale para “lembrar”, isto é, há na língua o registro de frases como “Não me lembrou esperá-la”, em que “lembrar” significa “vir à lembrança”. O sujeito de “lembrou” é “esperá-la”, ou seja, esse fato (o ato de esperá-la) não me veio à lembrança.
Os verbos Lembrar e recordar também podem ser transitivos diretos e indiretos:
Lembrei ao aluno o dia do teste.
l) Implicar: é transitivo direto quando significa “pressupor”, “acarretar”.
Seu estudo implicará aprovação.
Transitivo direto e indireto, com a preposição em, quando significa “envolver”.
Implicaram o servidor no processo.
Transitivo indireto, com a preposição com, quando significa “demonstrar antipatia”, “perturbar”.
Sempre implicava com o vizinho.
m) Morar, residir, situar-se, estabelecer-se pedem adjuntos adverbiais com a preposição em, e não a:
Morava na Rua Onofre da Silva.
Cabe aqui observar que o vocábulo “onde” não pode receber preposição com este verbo. A estrutura “aonde moro” está errada gramaticalmente, o correto é: onde moro.
n) Namorar: transitivo direto:
Ela namorou aquele artista.
o) Obedecer e desobedecer: transitivos indiretos, com a preposição a.
Obedeço ao comando. Não desobedeçamos à lei.
p) Pedir, implorar, suplicar: transitivos diretos e indiretos, com a preposição a (mais raramente, para):
Pediu ao dirigente uma solução.
Só admitem a preposição para quando existe a palavra licença (ou sinônimos), clara ou oculta.
Ele pediu para sair. (ou seja: pediu licença para)
q) Perdoar e pagar: são transitivos diretos, se o complemento é coisa.
Perdoei o equívoco. Paguei o apartamento
Transitivos indiretos, com a preposição a, se o complemento é pessoa.
Perdoei ao amigo. Paguei ao empregado.
Podem aparecer os dois complementos, sendo o verbo transitivo direto e indireto:
O Brasil pagou a dívida ao FMI.
O FMI perdoará a dívida aos países pobres.
Note que, se no último exemplo retirássemos a preposição “a” e inseríssemos a preposição de, o verbo passa a ser apenas transitivo direto e o termo preposicionado passa a ser o adjunto adnominal que caracteriza o núcleo deste termo. Veja:
O FMI perdoará a dívida dos países pobres.
Observação: “perdoará” é verbo transitivo direto, o termo “a dívida dos países pobres” é o objeto direto, cujo núcleo é “dívida” e “dos países pobres” é o adjunto adnominal.
r) Preferir: é transitivo direto: Prefiro biscoitos.
Transitivo direto e indireto, com a preposição a: Prefiro vinho a leite.
Cuidado, pois o verbo “preferir” não aceita palavras ou expressões de intensidade, nem do que ou que. Assim, está errada a construção como “Prefiro mais vinho do que leite”.
s) Presidir: transitivo direto ou indireto:
O chefe presidiu a cerimônia. O chefe presidiu à cerimônia.
t) Querer: é transitivo direto, significando “desejar, ter intenção de, ordenar, fazer o favor de”:
Ele quer a verdade.
Transitivo indireto, significando “gostar, ter afeição a alguém ou a alguma coisa”. É normal o advérbio “bem” ficar subentendido ou explícito. Assim, é exigida a preposição a:
A mãe quer muito ao filho. (…quer bem ao filho)
u) Responder: é transitivo direto, em relação à própria resposta dada.
Responderam que estavam bem.
Transitivo indireto, em relação à coisa ou pessoa que recebe a resposta.
Respondi ao telegrama.
Às vezes, aparece como transitivo direto e indireto:
Respondemos aos parentes que iríamos.
v) Visar: é transitivo direto quando significa “pôr o visto”, “rubricar”:
Ela visou as folhas.
Transitivo direto quando significa “mirar”:
Visavam um ponto na parede.
Transitivo indireto, com a preposição a, quando significa “pretender”, “almejar”:
Visava à felicidade de todos.
Aqui não é aceito o pronome “lhe” como complemento, empregando-se, assim, as formas “a ele” e “a ela”.
Algumas gramáticas aceitam a regência deste verbo na acepção de “pretender, almejar” como verbo transitivo direto, quando logo após houver um verbo no infinitivo:
“O programa visa facilitar o acesso ao ensino gratuito.”
Vejam, a seguir, um vídeo com questões comentadas de regência verbal e nominal.
Então é isso por hoje, meus amigos! Regência verbal e nominal não será mais uma pedra no seu sapato!! :)
Um grande abraço!
Décio Terror
Instagram: @decioterror
# regência verbal e nominal
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Ver comentários
muito bom adorei as dicas
Dicas muito boas!! Obrigado e que DEUS o abençoe!
Tenho de obedecer, ou tenho que obedecer, ou tenho a obedecer, qual o correto?
otimo