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Recursos para as provas de Economia e Finanças Públicas da STN

Olá caros(as) amigos(as),

Após uma análise das questões de Finanças Públicas, Economia Brasileira e do Setor Público, Macroeconomia e Microeconomia, para o concurso de AFC/STN, proponho abaixo alguns recursos.

A prova foi difícil. A ESAF cobrou bastante bagagem teórica. Muitas delas difíceis de encontrar até nos livros mais tradicionais dos cursos de graduação (isso aconteceu em Macro, principalmente). As provas de Microeconomia e Macroeconomia tiveram uma abordagem bem diferente, por exemplo, da forma com que a banca cobrou o assunto na área econômica do concurso do MDIC (há menos de 01 ano atrás).

Depois, quando tiver mais tempo, comentarei a prova aqui na área aberta do site. Por enquanto, dado o prazo curto para impetração dos recursos, seguem minhas sugestões:

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ECONOMIA BRASILEIRA

 

3 – Com relação ao Plano Cruzado, não é correto afirmar que:

a) o Plano baseava-se no diagnóstico de que a inflação seria inercial.

b) o Plano levou a uma queda real nos salários, de modo que apesar do congelamento dos preços houve uma queda do poder aquisitivo da população gerando uma retração da demanda.

c) antes do Plano Cruzado ser anunciado, já havia grande expectativa de um plano heterodoxo no Brasil devido ao exemplo do Plano Austral, que havia sido implementado na Argentina em 1985.

d) o Plano incluía um congelamento dos preços nos níveis do dia 27 de fevereiro de 1987, através do qual se pretendia eliminar a memória inflacionária.

e) houve pouca preocupação com o déficit público no Plano Cruzado. Com eleições parlamentares marcadas para aquele ano, o governo financiou gastos através de emissões de moeda o que contribuiu para o retorno da inflação.

 

Gabarito preliminar: B

 

Solicitação: anulação da questão

 

Além da alternativa B, a letra D também está errada, pois o Plano Cruzado incluía um congelamento dos preços nos níveis do dia 28 (e não no dia 27) de Fevereiro de 1986 (e não de 1987).

 

Segundo GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JR., Economia Brasileira Contemporânea, 7a edição, página 423:

 

“ii. quanto aos preços, estes foram congelados no nível de 28/02/1986, com exceção da energia elétrica, que obteve aumento de 20%. “ (grifo nosso)

 

Segundo MODIANO, A ordem do Progresso: cem anos de política econômica republicana, página 358:

 

“O Plano Cruzado deslocou a base do índice de preços ao consumidor (IPCA) para 28 de Fevereiro de 1986

 

 

Desta forma, pede-se a anulação da questão por haver 02 alternativas incorretas.

 

 

5- Indique qual das opções a seguir não fez parte da concepção e implementação do Plano Real.

a) O programa do Plano foi apresentado com antecedência, sem surpresas e sua implementação foi gradativa e transparente.

b) Introdução de uma nova moeda sujeita a uma política monetária mais restritiva.

c) Redução da taxa de juros para fomentar o consumo e evitar a formação de estoques especulativos.

d) Um significativo ajuste fiscal composto de aumento de impostos, corte nos gastos públicos e a criação do Fundo Social de Emergência.

e) Uma âncora cambial, ou seja, câmbio fixo como instrumento para manter a inflação baixa.

 

Gabarito preliminar: C

 

Solicitação: anulação da questão

 

Além da alternativa C, a letra E também está errada, pois o câmbio fixo não fez parte da concepção e implementação do Plano Real.

 

Segundo GREMAUD, VASCONCELLOS E TONETO JR., Economia Brasileira Contemporânea, 7a edição, tópico 18.1.1, Plano Real – diagnóstico, contexto e implantação, página 452:

 

“Outro fator importante para romper os processos de repasse foi a valorização da taxa de câmbio em um contexto no qual o grau de abertura para o exterior tinha aumentado significativamente, e o país possuía um volume significativo de reservas. Quando o plano foi lançado, as reservas internacionais eram da ordem de US$ 40 bilhões. Com a manutenção da taxa real de juros elevada e como permanecia o excesso de liquidez internacional, o fluxo de capitais externos se manteve. Em vez de continuar a acumular reservas, o que pressionaria a expansão monetária, o Banco Central deixou o câmbio flutuar, o que provocou profunda valorização da taxa de câmbio. Com  a economia aberta e um volume significativo de reservas, a possibilidade de importações estava colocada; como esta se tornava atrativa em decorrência da valorização cambial, travavam-se os preços internos, rompendo a possibilidade de propagação dos choques (repasse aos preços, tentativa de elevações). Esta foi a chamada “âncora cambial” do Plano Real.”  (grifo dos autores)

 

….

 

No final do tópico, na página 453, os autores complementam:

 

“No Brasil, não se recorreu ao currency board, nem se fixou a taxa de câmbio, que pôde flutuar, mas, assim como nos demais países, o principal instrumento para forçar a estabilização foi a âncora cambial.” (grifo nosso)

 

Desta forma, pede-se a anulação da questão por haver 02 alternativas incorretas.

 

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MACROECONOMIA

 

44 – O regime de metas de inflação, que começou a ser implementado em diversos países no início da década de 1990, teve como um dos pressupostos o fracasso do regime de expansão monetária ao estilo Friedman pelo FED no final da década de 1970, em função, sobremaneira, da impossibilidade de prever o comportamento da demanda por moeda em um sistema financeiro com inovações financeiras e mobilidade de capitais. Pode-se considerar tambe?m como um pressuposto teórico que serviu como ponto de partida para o regime de metas de inflação:

a) a não independência do Banco Central.

b) a política monetária é ineficaz para afetar variáreis reais da economia de forma duradoura.

c) para o sucesso do regime de metas de inflação, é necessário o uso da taxa nominal de câmbio como principal instrumento de política monetária.

d) a política fiscal é totalmente eficaz independentemente do regime de taxa de câmbio.

e) a existência da taxa natural de desemprego seria condição necessária para a adoção do regime de metas de inflação.

 

 

Gabarito preliminar: B

 

Solicitação: anulação da questão

 

Além da alternativa B, a letra E também está correta.

 

Aqui, nesta questão, o examinador utilizou claramente como fonte bibliográfica o livro “Economia Monetária e Financeira: Teoria e Política”, CARVALHO, SOUZA, SICSÚ, DE PAULA E STUDART.

 

No capítulo 11 (Regime de Metas de Inflação), página 139, segundo os autores:

 

“O regime de metas de inflação, que foi implementado em vários países a partir da década de 1990, tem como ponto de partida dois pressupostos. O primeiro está relacionado ao fracasso da adoção do regime de regras de expansão monetária à la Friedman (tal como visto no capítulo 9), com destaque para as dificuldades enfrentadas pela política monetarista adotada pelo Federal Reserve (FED) nos EUA a partir de 1979, em função, principalmente, da impossibilidade de se prever o comportamento da demanda por moeda em uma sistema financeiro caracterizado por inovações financeiras e mobilidade de capitais. O segundo pressuposto teórico (tal como apresentado nos capítulos 9 e 10) de que a política monetária é inócua para afetar as variáveis reais da economia de forma duradoura, como os níveis de produto e de emprego, tomando como base a hipótese da existência de uma taxa natural de desemprego, determinada por fatores reais e institucionais e, portanto, longe da influência da política econômica.” (grifo nosso)

 

 

Desta forma, pede-se a anulação da questão por haver 02 alternativas corretas.

 

 

 

PS: ainda na prova de Macroeconomia, julgo necessário fazer um comentário sobre duas assertivas capciosas, nas questões 36 (letra C) e 41 (letra C).

 

Questão 36 – Letra C: a curva de Phillips é vertical, tanto no curto quanto no longo prazo, de modo que os desvios ocorrem apenas em função de choques não antecipados.

 

Como o enunciado restringiu toda a análise da curva segundo a hipótese das expectativas racionais, devemos considerar somente os ditames destas hipóteses. Assim, a curva de Phillips é vertical quando se trata de expectativas racionais (seja em curto, ou em longo prazo). Isto porque o enunciado foi restritivo: deveríamos considerar somente a hipótese das expectativas racionais.

 

Se o enunciado não restringisse a análise da curva de Phillips somente segundo a hipótese das expectativas racionais, faríamos o que é convencionado: uma curva negativamente inclinada para o curto prazo (regra geral), e uma curva com expectativas racionais (vertical) para o longo prazo.

 

 

Questão 41 – Letra C: de acordo com o modelo de Renda Permanente, uma valorização das ações em bolsa de valores pode elevar o nível de consumo.

 

Em regra, uma valorização das ações em bolsa de valores é considerada renda transitória no modelo de renda permanente. No entanto, se o agente econômico considerar ou entender que esta valorização das ações corresponde a um aumento em sua renda permanente, ele realmente pode aumentar o seu consumo.

 

No caso, esta assertiva está certa pois a banca utilizou a palavra “pode”.

 

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FINANÇAS PÚBLICAS (P1 – Gabarito 1)

 

20 – Com base na Teoria das Finanças Públicas, assinale a única opção incorreta.

 

a) Os bens indivisíveis são aqueles para os quais não se podem estabelecer preços via sistema de mercado.

b) Um produto é chamado de bem público se seu uso ou consumo é não rival e excludente.

c) Os bens indivisíveis são classificados como bens públicos puros.

d) A função redistributiva do governo está associada à provisão de determinados bens e serviços não oferecidos adequadamente através do sistema de mercado.

e) Há rivalidade no consumo de um bem se o consumidor desse bem por parte de uma pessoa aumenta a disponibilidade do mesmo para as outras.

 

Gabarito preliminar: B

 

Solicitação: anulação da questão

 

Além da letra D, as letras B, C e E também estão erradas. Talvez, o examinador, tenha tido a intenção de pedir a opção correta em vez da incorreta.

 

Para  conseguir a anulação da questão, basta comprovar o erro de outra alternativa. Vamos verificar a letra B:

 

A letra B está errada, pois um produto é chamado de bem público se seu uso ou consumo é não rival e também é não excludente.

 

Segundo PINDYCK e RUBINFELD, Microeconomia, 6a. Edição, página 575:

 

“Como foi visto no capítulo 16, os bens públicos possuem duas características: são não exclusivos e não disputáveis. Um bem é denominado não disputável (não rival) quando, para … “ (grifos nossos)

 

A letra E também apresenta erros de redação. O certo seria:

 

Há rivalidade no consumo de um bem se o consumo desse bem por parte de uma pessoa diminui a disponibilidade do mesmo para as outras.

 

 

Desta forma, pede-se a anulação da questão por haver mais de uma alternativa incorreta.

 

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Abraços e bons estudos!

Heber Carvalho

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Veja os comentários
  • Prezado heber, Pode publicar a resolucao dessa prova do AFC/STN 2013, de economia financeira,matérias economia brasileira,economia do setor publico,macro e microeconomia em um documento para os alunos que compraram o curso do analista de planejamento aqui. Grato Sergio Dias
    Sergio em 16/08/15 às 19:58