Artigo

Rac. Crítico ICMS/SP – Resolução (parte 1)

Prezados
Alunos,

 

Segue
abaixo a resolução comentada das questões de Raciocínio Crítico, visando
dirimir as várias dúvidas que me foram enviadas via e-mail. Continuo à
disposição, ok?

 

Saudações,

Prof.
Arthur Lima

 

P.S.:
por simplicidade, suprimi alguns textos e gráficos.

 

1. FCC – ICMS/SP – 2013) De
acordo com a continuação da reportagem, que não foi fornecida no trecho acima,
os cientistas do CENA ainda precisam realizar um teste para verificar a
efetividade da técnica descrita. Dentre os fatos abaixo, qual é o único que
poderia comprometer essa efetividade, caso fosse verificado?

(A)
Os mosquitos que sofreram a irradiação passam a voar mais rapidamente que os
demais.

(B)
A radiação afeta o metabolismo dos mosquitos, que passam a ter um ciclo de vida
mais longo.

(C)
As fêmeas do mosquito são incapazes de distinguir os mosquitos irradiados dos
demais.

(D)
A radiação afeta as fêmeas do mosquito durante a cópula, podendo torná-las
estéreis.

(E)
Os exemplares estéreis do mosquito são bem menos competitivos sexualmente do
que os outros.

RESOLUÇÃO:

            Devemos
encontrar a afirmativa que gera dúvidas sobre o sucesso do plano de controlar a
população de Aedes Aegypti aplicando
radiação nos mosquitos machos.

(A) Os mosquitos que sofreram a
irradiação passam a voar mais rapidamente que os demais.

            ERRADO. Se eles voarem mais
rapidamente, talvez até tenham uma vantagem na disputa pelas fêmeas com os mosquitos
não-estéreis, o que seria favorável ao resultado do plano.

 

(B) A radiação afeta o metabolismo dos
mosquitos, que passam a ter um ciclo de vida mais longo.

            ERRADO. Se os machos estéreis viverem
mais, eles competirão pelas fêmeas com os mosquitos não-estéreis por mais tempo,
o que seria favorável ao resultado do plano.

 

(C) As fêmeas do mosquito são incapazes
de distinguir os mosquitos irradiados dos demais.

            ERRADO. Isto significa que as fêmeas
poderão cruzar com os mosquitos estéreis (irradiados), em substituição a alguns
cruzamentos com machos não estéreis, o que é favorável ao resultado do plano.

 

(D) A radiação afeta as fêmeas do
mosquito durante a cópula, podendo torná-las estéreis.

            ERRADO.
Se as fêmeas se tornarem estéreis, seria ainda melhor para o plano, pois elas não
conseguiriam se reproduzir mais, nem mesmo com os machos não irradiados.

 

(E) Os exemplares estéreis do mosquito
são bem menos competitivos sexualmente do que os outros.

            CORRETO. Se os machos esterilizados não
conseguirem competir sexualmente com os machos “normais”, as fêmeas continuarão
cruzando com os machos não estéreis, e com isso gerando descendentes, o que
comprometeria o plano.

Resposta: E

 

2. FCC – ICMS/SP – 2013) A
partir do texto, pode-se inferir que a dose de radiação usada deve ser baixa
porque

(A)
os mosquitos irradiados devem manter sua capacidade de copular.

(B)
a técnica desenvolvida poderá ser utilizada na indústria de alimentos.

(C)
todos os órgãos dos mosquitos expostos a ela já estão formados.

(D)
os insetos expostos à fonte de Cobalto-60 estão na fase pupa.

(E)
uma dose alta de radiação gama ajudaria a vida do mosquito.

RESOLUÇÃO:

(A) os mosquitos irradiados devem manter
sua capacidade de copular.

            CORRETO.
O próprio texto diz: “A dose de radiação usada é considerada baixa”. E,
de fato, essa dose precisa ser baixa, pois para o sucesso do plano é primordial
que esses mosquitos irradiados continuem sendo capazes de copular, de modo a competir
pelas fêmeas com os mosquitos não esterilizados.

 

(B) a técnica desenvolvida poderá ser
utilizada na indústria de alimentos.

            ERRADO. A técnica JÁ É utilizada na
indústria de alimentos.

 

(C) todos os órgãos dos mosquitos
expostos a ela já estão formados.

            ERRADO. O mero fato de os órgãos dos
mosquitos já serem formados não é suficiente para concluirmos que a dose de
radiação é baixa. O importante é que, para este plano dar certo, ele necessita
que os mosquitos continuem vivos e capazes de copular. Note que o plano poderia
ser diferente, consistindo no simples extermínio dos mosquitos com o uso de
radiação, ou mesmo na degeneração dos órgãos reprodutivos, o que poderia
necessitar de doses maiores de radiação.

 

(D) os insetos expostos à fonte de
Cobalto-60 estão na fase pupa.

            ERRADO. Como já disse, só podemos
concluir que a dose de radiação é baixa porque o plano consiste em mantê-los
vivos e capazes de copular. Se o plano fosse diferente, talvez fosse requerida
maior dose de radiação, mesmo estando os mosquitos na fase de pupa.

 

(E) uma dose alta de radiação gama
ajudaria a vida do mosquito.

            ERRADO.
Não temos qualquer elemento no texto que permita fazer esta inferência.

Resposta: A

 

3. FCC – ICMS/SP – 2013)
Considere o texto a seguir.

Em
1928, Alexander Fleming desenvolvia pesquisas sobre estafilococos, quando
descobriu a penicilina. A descoberta deu-se em condições peculiares, graças a
uma sequência de acontecimentos imprevistos e surpreendentes. No mês de agosto
daquele ano, Fleming tirou férias e, por esquecimento, deixou algumas placas
com culturas de estafilococos sobre a mesa, em lugar de guardá-las na geladeira
ou inutilizá-las, como seria natural. Quando retornou ao trabalho, em setembro,
observou que algumas das placas estavam contaminadas com mofo. Colocou-as
então, em uma bandeja para limpeza e esterilização com lisol. Neste exato
momento, entrou no laboratório um colega, que lhe perguntou como iam suas
pesquisas. Fleming apanhou novamente as placas para explicar alguns detalhes
sobre as culturas que estava realizando,

quando
notou que havia, em uma das placas, um halo transparente em torno do mofo contaminante.
O assunto foi discutido entre ambos e Fleming decidiu fazer algumas culturas do
fungo para estudo posterior. O fungo foi identificado como pertencente ao
gênero Penicilium, de onde deriva o nome de penicilina dado à substância por
ele produzida. Fleming passou a empregá-la em seu laboratório para selecionar
determinadas bactérias, eliminando das culturas as

espécies
sensíveis à sua ação.

(REZENDE,
J. M. À sombra do plátano. Ed. Unifesp, 2009)

De
acordo com o texto, a evidência que levou Fleming a descobrir a penicilina foi
o fato de

(A)
as placas contaminadas terem sido limpas e esterilizadas pelo lisol.

(B)
existir, em uma das placas contaminadas, um halo transparente em torno do mofo.

(C)
Fleming, ao conversar com o colega, ter decidido fazer algumas culturas do
fungo.

(D)
a penicilina ter sido utilizada no laboratório para selecionar determinadas
bactérias.

(E)
algumas placas com culturas de estafilococos estarem contaminadas com mofo.

RESOLUÇÃO:

(A) as placas contaminadas terem sido
limpas e esterilizadas pelo lisol.

            ERRADO. A limpeza das placas não foi
a evidência, mas sim foi o momento durante o qual Fleming percebeu a evidência
(existência de um halo transparente).

 

(B) existir, em uma das placas
contaminadas, um halo transparente em torno do mofo.

            CORRETO. As placas continham inicialmente
bactérias (estafilococos), porém com o desenvolvimento do mofo surgiu uma
região transparente, dando a ideia de que as bactérias ali presentes haviam
sido exterminadas. Esta foi a evidência, pois provavelmente Fleming supôs que esse
extermínio de bactérias possivelmente tinha relação com alguma substância
produzida pelo fungo (mofo) ali presente. Esta substância produzida pelo fungo do
gênero Penicilium ficou conhecida
como penicilina.

 

(C) Fleming, ao conversar com o colega,
ter decidido fazer algumas culturas do fungo.

            ERRADO. A decisão de fazer algumas
culturas do fungo se deu como consequência da evidência percebida por Fleming.

 

(D) a penicilina ter sido utilizada no
laboratório para selecionar determinadas bactérias.

            ERRADO.
O texto em momento algum permite inferir que a penicilina já era usada para
selecionar bactérias.

 

(E) algumas placas com culturas de
estafilococos estarem contaminadas com mofo.

            ERRADO. A existência de mofo apenas permitiu
que a evidência (halos transparentes) fosse observada.

Resposta: B

 

4. FCC – ICMS/SP – 2013) Detalhes
da retórica das autoridades podem ser presságios de estratégias do governo,
suas motivações e sua solidez. O ministro Guido Mantega tem repetido que o
governo conseguiu reduzir sua principal despesa, o pagamento de juros da dívida
pública, o que finalmente permitirá a tão demandada redução da carga de
impostos do país, sem riscos para a solidez fiscal. Seus auxiliares acrescentam
que, com os credores tranquilos e a economia andando devagar, não faz mais
sentido promover tanto aperto nas contas do Tesouro. Tudo parece muito
razoável, mas, começando do começo, os juros da dívida pública não são a principal
despesa do governo federal. Há mais de uma década, o posto, com folga, é da
Previdência Social, e o quadro de pessoal disputa a segunda colocação. (…) Em
sinal de que a desoneração tributária pode ser radicalizada, propôs-se reduzir
os rigores da Lei de Responsabilidade Fiscal, pela qual queda de receita deve
ser compensada por corte de despesa. O artigo foi incluído em um projeto sobre
outro tema e enviado a um Congresso em recesso. E ninguém falou.

(Folha
de S. Paulo
, 21/01/2012. Gustavo Patu. p. A2)

No
texto, o articulista Gustavo Patu analisa alguns argumentos do ministro Guido
Mantega e de seus auxiliares. A partir dessa análise, pode-se inferir que Patu

(A)
discorda dos argumentos, questionando a suposta tranquilidade dos credores e
indicando que, sem alterações na Previdência Social, não será possível reduzir
a carga de impostos do país.

(B)
discorda dos argumentos, opondo-se à ideia, cristalizada nos governos da última
década, de que a queda da receita fiscal deva ser compensada por corte de
investimentos em infraestrutura.

(C)
considera os argumentos muito razoáveis, uma vez que a redução do pagamento de
juros da dívida pública permitirá diminuir o aperto nas contas do Tesouro.

(D)
considera os argumentos muito razoáveis, uma vez que é favorável à
radicalização da desoneração tributária, desde que ela seja compensada por
corte de despesas.

(E)
discorda dos argumentos, questionando a premissa de que o governo reduziu sua principal
despesa e demonstrando preocupação com a redução dos rigores da Lei de
Responsabilidade Fiscal.

RESOLUÇÃO:

(A) discorda dos argumentos,
questionando a suposta tranquilidade dos credores e indicando que, sem
alterações na Previdência Social, não será possível reduzir a carga de impostos
do país.

            ERRADO. Patu não questiona a
tranquilidade dos credores, nem indica que só é possível reduzir os impostos se
houver alterações na Previdência.

 

(B) discorda dos argumentos, opondo-se à
ideia, cristalizada nos governos da última década, de que a queda da receita
fiscal deva ser compensada por corte de investimentos em infraestrutura.

            ERRADO.
Em momento algum fala-se de “investimentos em infraestrutura”.

 

(C) considera os argumentos muito
razoáveis, uma vez que a redução do pagamento de juros da dívida pública
permitirá diminuir o aperto nas contas do Tesouro.

            ERRADO. É patente que Patu discorda
dos argumentos.

 

(D) considera os argumentos muito
razoáveis, uma vez que é favorável à radicalização da desoneração tributária,
desde que ela seja compensada por corte de despesas.

            ERRADO,
pelo mesmo motivo do item anterior.

 

(E) discorda dos argumentos,
questionando a premissa de que o governo reduziu sua principal despesa e
demonstrando preocupação com a redução dos rigores da Lei de Responsabilidade
Fiscal.

CORRETO. Patu questiona a afirmação de Mantega, dizendo
que os juros da dívida não são a principal despesa, mas sim a Previdência. Além
disso, ele demonstra preocupação com a redução dos rigores da Lei de
Responsabilidade Fiscal, em especial devido à forma “discreta” com que as
alterações nesta Lei estão sendo executadas: “O artigo foi incluído em um
projeto sobre outro tema e enviado a um Congresso em recesso. E ninguém falou.”

Resposta: E

 

5. FCC – ICMS/SP – 2013)
2 anos, a Universidade Delta implantou um processo em que os alunos da
graduação realizam uma avaliação da qualidade didática de todos os seus
professores ao final do semestre letivo. Os professores mal avaliados pelos
alunos em três semestres consecutivos são demitidos da instituição. Desde
então, as notas dos alunos têm aumentado: a média das notas atuais é 70% maior
do que a média de 2 anos atrás.

A
causa mais provável para o aumento de 70% nas notas é

(A)
a melhoria da qualidade dos alunos que entraram na Universidade Delta nos
últimos 2 anos, atraídos pelo processo de avaliação dos docentes.

(B)
a demissão dos professores mal avaliados, que são substituídos por professores
mais jovens, com mais energia para motivar os alunos para o estudo.

(C)
o aumento da cola durante as avaliações, fenômeno que tem sido observado, nos
últimos anos, nas principais instituições educacionais brasileiras.

(D)
uma diminuição no nível de dificuldade das avaliações elaboradas pelos
professores, receosos de serem mal avaliados pelos alunos caso sejam exigentes.

(E)
a melhoria da qualidade das aulas em geral, o que garante que os alunos
aprendam os conteúdos de maneira mais profunda, elevando a média das
avaliações.

RESOLUÇÃO:

            Antes
de avaliar as alternativas, repare que um aumento de 70% significa que, se a
nota média dos alunos anteriormente era 6 (em 10 pontos), após o aumento a nota
média passou a ser 10 (nota máxima!). Isto é, estamos diante de um aumento muito
expressivo das notas.

 

(A) a melhoria da qualidade dos alunos
que entraram na Universidade Delta nos últimos 2 anos, atraídos pelo processo
de avaliação dos docentes.

            ERRADO. Pode até ser que alunos
melhores tenham sido atraídos pelo processo mais rigoroso de avaliação dos
docentes, mas é improvável que isto justifique um aumento tão grande nas notas.
Seriam necessários alunos MUITO melhores.

 

(B) a demissão dos professores mal
avaliados, que são substituídos por professores mais jovens, com mais energia
para motivar os alunos para o estudo.

            ERRADO. Note que a medida foi
implementada há apenas 4 semestres (2 anos), e são necessários pelo menos 3
semestres completos para que os professores mal avaliados começassem a ser
demitidos. Isto é, é improvável acreditar que os efeitos da substituição de
professores estivessem sendo sentidos de maneira tão intensa em tão pouco tempo.

 

(C) o aumento da cola durante as
avaliações, fenômeno que tem sido observado, nos últimos anos, nas principais
instituições educacionais brasileiras.

            ERRADO. Se de fato houve aumento da
cola, é provável que isso tenha influenciado um aumento das notas, mas um
aumento tão expressivo como o citado no item A (de 6 para 10 pontos) exigiria
um aumento massivo da cola.

 

(D) uma diminuição no nível de
dificuldade das avaliações elaboradas pelos professores, receosos de serem mal
avaliados pelos alunos caso sejam exigentes.

            CORRETO. É possível acreditar que
uma redução na dificuldade das provas seja capaz de gerar um aumento expressivo
nas notas dos alunos. Basta cobrar os tópicos mais básicos e/ou mais intuitivos
de cada disciplina. Esta tese é mais crível que as demais.

 

(E) a melhoria da qualidade das aulas em
geral, o que garante que os alunos aprendam os conteúdos de maneira mais
profunda, elevando a média das avaliações.

            ERRADO. Ainda que os professores,
com medo da demissão, tenham melhorado a qualidade de suas aulas, é improvável
que esta melhoria de qualidade seja responsável por uma variação tão expressiva
nas notas.

Resposta: D

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