Olá, pessoal, boa tarde.
Professor Felipe Luccas na área, trazendo as provas resolvidas do TRF 5ª Região, aplicadas pela FCC no último domingo.
Parabéns aos alunos que assistiram à nossa revisão de véspera, que antecipou várias questões que foram cobradas, como “discurso direto”, “verbo haver”, “concordância com expressões partitivas”, “orações adjetivas e mudança de sentido”, “pontuação”, “conectivos”…
Embora haja questões complexas, não visualizei nenhum recurso realista, pois a FCC não costuma cometer erros graves de elaboração.
As provas de Técnico e Analista estão em sequência!
Espero que todos tenham obtido um bom desempenho!
Certo? Vamos lá?
Prova Técnico Judiciário – Área Administrativa
Atenção: As questões de números 1 a 9 referem-se ao texto abaixo.
O filósofo Theodor Adorno (1903-1969) afirma que, no capitalismo tardio, “a tradicional dicotomia entre trabalho e lazer tende a se tornar cada vez mais reduzida e as ‘atividades de lazer’ tomam cada vez mais do tempo livre do indivíduo”. Paradoxalmente, a revolução cibernética de hoje diminuiu ainda mais o tempo livre.
Nossa época dispõe de uma tecnologia que, além de acelerar a comunicação entre as pessoas e os processos de aquisição, processamento e produção de informação, permite automatizar grande parte das tarefas. Contudo, quase todo mundo se queixa de não ter tempo. O tempo livre parece ter encolhido. Se não temos mais tempo livre, é porque praticamente todo o nosso tempo está preso. Preso a quê? Ao princípio do trabalho, ou melhor, do desempenho, inclusive nos joguinhos eletrônicos, que alguns supõem substituir “velharias”, como a poesia.
T.S. Eliot, um dos grandes poetas do século XX, afirma que “um poeta deve estudar tanto quanto não prejudique sua necessária receptividade e necessária preguiça”. E Paul Valéry fala sobre uma ausência sem preço durante a qual os elementos mais delicados da vida se renovam e, de algum modo, o ser se lava das obrigações pendentes, das expectativas à espreita… Uma espécie de vacuidade benéfica que devolve ao espírito sua liberdade própria.
Isso me remete à minha experiência pessoal. Se eu quiser escrever um ensaio, basta que me aplique e o texto ficará pronto, cedo ou tarde. Não é assim com a poesia. Sendo produto do trabalho e da preguiça, não há tempo de trabalho normal para a feitura de um poema, como há para a produção de uma mercadoria. Bandeira conta, por exemplo, que demorou anos para terminar o poema “Vou-me embora pra Pasárgada”.
Evidentemente, isso não significa que o poeta não faça coisa nenhuma. Mas o trabalho do poeta é muitas vezes invisível para quem o observa de fora. E tanto pode resultar num poema quanto em nada.
Assim, numa época em que “tempo é dinheiro”, a poesia se compraz em esbanjar o tempo do poeta, que navega ao sabor do poema. Mas o poema em que a poesia esbanjou o tempo do poeta é aquele que também dissipará o tempo do leitor, que se deleita ao flanar por linhas que mereçam uma leitura por um lado vagarosa, por outro, ligeira; por um lado reflexiva, por outro, intuitiva. É por essa temporalidade concreta, que se manifesta como uma preguiça fecunda, que se mede a grandeza de um poema.
(Adaptado de: CÍCERO, Antonio. A poesia e a crítica: Ensaios. Companhia das Letras, 2017, edição digital)
(A) é reforçada pelo capitalismo tardio, cuja ideia de que “tempo é dinheiro” resulta na depreciação das atividades lúdicas que demandam maior dedicação, como a poesia.
(B) está circunscrita a um determinado momento histórico em que a exigência de dedicação ao trabalho impedia que a classe dos trabalhadores usufruísse de atividades culturais nos momentos de folga.
(C) causou a desvalorização de certas atividades mais lentas, como a feitura de poemas, que chegam a levar anos para serem concluídos, em prol de outras mais dinâmicas, como os jogos eletrônicos.
(D) pressupõe que, na era cibernética, diversas atividades, como a comunicação e a captação de informações, estão mais velozes, proporcionando mais tempo de entretenimento para o indivíduo.
(E) deu lugar à falta de tempo livre até mesmo nos momentos destinados ao descanso ou ao entretenimento, fenômeno que, apesar dos avanços da tecnologia, ainda se observa nos dias atuais.
Comentários:
(A) Incorreto. Não é reforçada pelo capitalismo tardio, é reduzida.
(B) Incorreto. A falta de tempo é um fenômeno visto como geral, não está adstrito à “classe dos trabalhadores” como a alternativa sugere. Veja:
Contudo, quase todo mundo se queixa de não ter tempo. O tempo livre parece ter encolhido. Se não temos mais tempo livre, é porque praticamente todo o nosso tempo está preso
(C) Incorreto. Não foi dito que a dicotomia entre trabalho e lazer causou a desvalorização de certas atividades mais lentas, como a feitura de poemas. Apenas foi mencionado “que alguns supõem [os joguinhos] substituir “velharias”, como a poesia.
Além disso, não foi dito que a poesia leva anos para ficar prontas de modo geral, apenas foi citado um exemplo: “Vou-me embora pra Pasárgada”.
(D) Incorreto. Há menos de entretenimento para o indivíduo.
(E) Correto. As atividades são mais rápidas, mas há menos tempo, paradoxalmente. A tradicional dicotomia entre trabalho e lazer deu lugar à falta de tempo livre até mesmo nos momentos destinados ao descanso ou ao entretenimento, fenômeno que, apesar dos avanços da tecnologia, ainda se observa nos dias atuais.
Gabarito letra E.
(A) as ‘atividades de lazer’ tomam cada vez mais do tempo livre do indivíduo (1º parágrafo)
(B) E tanto pode resultar num poema quanto em nada (5º parágrafo)
(C) que se manifesta como uma preguiça fecunda (último parágrafo)
(D) numa época em que “tempo é dinheiro” (último parágrafo)
(E) e o texto ficará pronto, cedo ou tarde (4º parágrafo)
Comentários:
A ironia está no contraste entre “atividade de lazer” x “tomar tempo livre”. Se é lazer, não deveria “tomar” tempo, pois seria um “aproveitamento do tempo”, em oposição ao “trabalho”, este sim responsável por “roubar” tempo do indivíduo. Esse jogo de sentido está marcado justamente pelas aspas, esse deveria ser o caminho do candidato: reconhecer o sentido especial pela pontuação.
Gabarito letra A.
(A) Paradoxalmente, a revolução cibernética de hoje diminuiu ainda mais o tempo livre. (1º parágrafo)
(B) Se eu quiser escrever um ensaio… (4º parágrafo)
(C) Contudo, quase todo mundo se queixa de não ter tempo. (2º parágrafo)
(D) … que se manifesta como uma preguiça fecunda (último parágrafo)
(E) … não há tempo de trabalho normal para a feitura de um poema… (4º parágrafo)
Comentários:
Primeiro, o autor afirma que tudo está mais rápido, gerando a expectativa de que sobraria mais tempo. Depois, restringe esse comentário com outro, no sentido oposto, : quase todo mundo se queixa de não ter tempo “
Essa ressalva está marcada pela conjunção adversativa “contudo”. Gabarito letra C.
Obs: Na letra D, muita gente pensou ter visto uma oração adjetiva restritiva. Contudo, a “restrição” aqui não tinha esse sentido de particularização da oração adjetiva. Além disso, a oração era explicativa, porque veio marcada por vírgula!
I A teoria de que o poeta não deve prejudicar sua necessária preguiça, proposta por T.S. Eliot (3º parágrafo), é corroborada pelo autor do texto, por meio de sua própria experiência pessoal.
II Ainda que certas atividades, como a feitura de um poema, demandem tempo ocioso, o autor do texto censura o cultivo de uma necessária preguiça, a partir da premissa de que o tempo é escasso e valioso na atualidade.
III. Para o autor, a falta de tempo livre de que a maioria se queixa deve-se ao fato de que, mesmo nos momentos destinados a atividades de lazer, estamos submetidos à dinâmica do desempenho.
Está correto o que se afirma APENAS em:
(A) III.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) I e III.
(E) II.
Está correto o que se afirma APENAS em:
(A) III.
(B) I e II.
(C) II e III.
(D) I e III.
(E) II.
Comentários:
I- Correto. Isso se confirma em:
T.S. Eliot, um dos grandes poetas do século XX, afirma que “um poeta deve estudar tanto quanto não prejudique sua necessária receptividade e necessária preguiça”. E Paul Valéry fala sobre uma ausência sem preço durante a qual os elementos mais delicados da vida se renovam e, de algum modo, o ser se lava das obrigações pendentes, das expectativas à espreita… Uma espécie de vacuidade benéfica que devolve ao espírito sua liberdade própria.
Isso me remete à minha experiência pessoal. Se eu quiser escrever um ensaio, basta que me aplique e o texto ficará pronto, cedo ou tarde. Não é assim com a poesia.
II- Incorreto. Não censura, pelo contrário, concorda que o tempo ocioso (“uma necessária preguiça”, nas palavras de TS Elliot) é fundamental para a produção da poesia.
III- Correto. Até mesmo nos “joguinhos”, estamos presos à “dinâmica do desempenho”. Vejamos:
Se não temos mais tempo livre, é porque praticamente todo o nosso tempo está preso. Preso a quê? Ao princípio do trabalho, ou melhor, do desempenho, inclusive nos joguinhos eletrônicos
Gabarito letra D.
(A) tempo de trabalho normal. (4º parágrafo)
(B) produção de uma mercadoria. (4º parágrafo)
(C) uma ausência sem preço. (3º parágrafo)
(D) processamento e produção de informação. (2º parágrafo)
(E) expectativas à espreita. (3º parágrafo)
Comentários:
Vácuo dá uma ideia de “vazio”, algo ruim. Contudo, pela argumentação do autor, esse vazio é “necessário” à criação, então é algo positivo, benéfico.
Esse par semântico “aparentemente ruim, mas necessário e benéfico na prática” se repete em “ausência sem preço”, pois “ausência” daria ideia de algo ruim, algo que falta. “Sem preço”, por sua vez, dá uma ideia de algo de valor inestimável.
Gabarito letra C.
Respeitando-se a correção e a clareza, uma redação alternativa para o segmento acima está em:
(A) Posto que, praticamente todo o nosso tempo está preso ao princípio do trabalho, não dispomos mais o tempo livre.
(B) A quê nosso tempo está preso? Ao princípio do trabalho, por isso não temos mais praticamente nenhum tempo livre.
(C) As pessoas não tem mais tempo livre, pois praticamente todo o tempo delas está preso: ao princípio do trabalho.
(D) Compreende-se nossa falta de tempo livre quando se observa que praticamente todo o nosso tempo está preso ao princípio do trabalho.
(E) Como praticamente todo o nosso tempo, encontra-se preso ao princípio do trabalho, isso explica o motivo porque não temos mais tempo livre.
Comentários:
Vejamos:
Gabarito letra D.
(A) Evidentemente, isso não significa que o poeta não faça coisa nenhuma. (5º parágrafo)
(B) Se eu quiser escrever um ensaio, basta que me aplique… (4º parágrafo)
(C) … esbanjar o tempo do poeta, que navega ao sabor do poema. (último parágrafo)
(D) … numa época em que “tempo é dinheiro”, a poesia se compraz… (último parágrafo)
(E) Paradoxalmente, a revolução cibernética de hoje diminuiu ainda mais o tempo livre. (1º parágrafo)
Comentários:
Questão muito batida. A retirada da vírgula antes do pronome relativo “que” vai tornar a oração explicativa uma oração restritiva.
Gabarito letra C.
No contexto, o termo sublinhado acima exerce a mesma função sintática que o sublinhado em:
(A) Mas o trabalho do poeta é muitas vezes invisível (5º parágrafo)
(B) permite automatizar grande parte das tarefas (2º parágrafo)
(C) T.S. Eliot, um dos grandes poetas do século XX, afirma que (3º parágrafo)
(D) não há tempo de trabalho normal para a feitura de um poema (4º parágrafo)
(E) O tempo livre parece ter encolhido (2º parágrafo)
Comentários:
“Alguns” é sujeito de “supõem”, assim como “o tempo” é sujeito de “parece”.
Vejamos as demais funções:
(A) Mas o trabalho do poeta é muitas vezes invisível (predicativo do sujeito)
(B) permite automatizar grande parte das tarefas (objeto direto)
(C) T.S. Eliot, um dos grandes poetas do século XX, afirma que (aposto explicativo)
(D) não há tempo de trabalho normal para a feitura de um poema (objeto direto)
Gabarito letra E.
(A) o ser se lava das obrigações pendentes (as pessoas)
(B) quase todo mundo se queixa de não ter tempo (a maioria das pessoas)
(C) a poesia esbanjou o tempo do poeta (os efeitos poéticos)
(D) isso não significa que o poeta não faça coisa nenhuma (tais fatos)
(E) o trabalho do poeta é muitas vezes invisível para quem o observa de fora (aqueles que)
Comentários:
A única expressão que admite duas concordâncias é “a maioria das pessoas”, pois é partitiva seguida de determinante:
A maioria das pessoas se queixa de não ter tempo
A maioria das pessoas se queixaM de não ter tempo
Nos demais casos, a concordância deve ser feita com o núcleo. Gabarito letra B.
(COSTIN, Claudia. Disponível em: folha.uol.com.br)
Transpondo-se para o discurso direto a fala atribuída a Felipe Gonzalez, obtêm-se as seguintes formas verbais:
(A) Lamento − formem – queiram
(B) Lamento – formem – querem
(C) Lamentei – formaram – queriam
(D) Lamentou – vão se formar – irão querer
(E) Lamento − tinham se formado − quiseram
Comentários:
Como o discurso direto é transcrito em primeira pessoa, teremos:
Ele disse lamentar > Eu lamento
Como consequência da conjunção “que” e pelo sentido hipotético, teríamos verbos no presente do subjuntivo:
Lamento que os jovens ainda se formem e queiram saber o que o Estado fará por eles.
Gabarito letra A.
Provas Analista Judiciário – Área Administrativa E Judiciária (provas iguais)
Atenção: As questões de números 1 a 6 referem-se ao texto abaixo.
Juízo de valor
Um juízo de valor tem como origem uma percepção individual: alguém julga algo ou outra pessoa tomando por base o que considera um critério ético ou moral. Isso significa que diversos indivíduos podem emitir diversos juízos de valor para uma mesma situação, ou julgar de diversos modos uma mesma pessoa. Tais controvérsias são perfeitamente naturais; o difícil é aceitá-las com naturalidade para, em seguida, discuti-las. Tendemos a fazer do nosso juízo de valor um atestado de realidade: o que dissermos que é, será o que dissermos. Em vez da naturalidade da controvérsia a ser ponderada, optamos pela prepotência de um juízo de valor dado como exclusivo.
Com o fenômeno da expansão das redes sociais, abertas a todas as manifestações, juízos de valor digladiam-se o tempo todo, na maior parte dos casos sem proveito algum. Sendo imperativa, a opinião pessoal esquiva-se da controvérsia, pula a etapa da mediação reflexiva e instala-se no posto da convicção inabalável. À falta de argumentos, contrapõem-se as paixões do ódio, do ressentimento, da calúnia, num triste espetáculo público de intolerância.
Constituem uma extraordinária orientação para nós todos estas palavras do grande historiador Eric Hobsbawm: “A primeira tarefa do historiador não é julgar, mas compreender, mesmo o que temos mais dificuldade para compreender. O que dificulta a compreensão, no entanto, não são apenas as nossas convicções apaixonadas, mas também a experiência histórica que as formou.” A advertência de Hobsbawm não deve interessar apenas aos historiadores, mas a todo aquele que deseja dar consistência e legitimidade ao juízo de valor que venha a emitir.
(Péricles Augusto da Costa, inédito)
(A) Uma vez que se pretendam que as meras opiniões sejam tão consistentes quanto os argumentos, toda discussão terá sido inócua.
(B) Caberá aos historiadores verdadeiramente sérios todo o empenho na compreensão de um fenômeno, antes que venham a julgá-lo.
(C) Não deveriam caber àqueles que julgam caprichosamente tomar decisões que se baseavam em juízos de valor viciosos e precipitados.
(D) Acatassem os ensinamentos de Hobsbawm toda gente que se ocupa de julgar, menos hostilidades haverá nas redes sociais.
(E) A obsessão pelos juízos de valor, tão disseminados nas redes sociais, fazem com que viéssemos a difundir mais e mais preconceitos.
Comentários:
Basicamente temos que “casar” o núcleo com o verbo e verificar a concordância. Vamos marcar as correções:
(A) Uma vez que se pretenda que as meras opiniões sejam tão consistentes quanto os argumentos, toda discussão terá sido inócua.
(B) Caberá aos historiadores verdadeiramente sérios todo o empenho na compreensão de um fenômeno, antes que venham a julgá-lo.
(C) Não deveria caber àqueles que julgam caprichosamente tomar decisões que se baseavam em juízos de valor viciosos e precipitados.
(D) Acatasse os ensinamentos de Hobsbawm toda gente que se ocupa de julgar, menos hostilidades haverá nas redes sociais.
(E) A obsessão pelos juízos de valor, tão disseminados nas redes sociais, faz com que viéssemos a difundir mais e mais preconceitos.
Gabarito letra B.
(A) correspondem a verdades absolutas que a realidade mesma dos fatos não é suficiente para comprovar.
(B) traduzem percepções equivocadas do que se considera a verdade autêntica de um fato.
(C) simulam uma convicção quando apenas presumem o que seja um atributo da realidade.
(D) expressam a prepotência de quem se nega a discuti-los levando em conta a argumentação alheia.
(E) exprimem pontos de vista originários de percepções essencialmente subjetivas.
Comentários:
Conforme o primeiro parágrafo, os juízos de valor são subjetivos e variados. São também naturalmente controversos porque é difícil aceitar que a controvérsia é natural e existe uma tendência a dar ao juízo de valor um valor absoluto de realidade. Nas palavras do autor, um “atestado de realidade”. Veja novamente:
Um juízo de valor tem como origem uma percepção individual: alguém julga algo ou outra pessoa tomando por base o que considera um critério ético ou moral. Isso significa que diversos indivíduos podem emitir diversos juízos de valor para uma mesma situação, ou julgar de diversos modos uma mesma pessoa. Tais controvérsias são perfeitamente naturais; o difícil é aceitá-las com naturalidade para, em seguida, discuti-las. Tendemos a fazer do nosso juízo de valor um atestado de realidade: o que dissermos que é, será o que dissermos. Em vez da naturalidade da controvérsia a ser ponderada, optamos pela prepotência de um juízo de valor dado como exclusivo.
Gabarito letra E.
(A) preceder o juízo de valor do exame das condições históricas que determinam a atribuição de sentido ao objeto de julgamento.
(B) pressupor que a compreensão de um fato histórico depende da emissão de juízos de valor já legitimados socialmente.
(C) evitar o julgamento de fenômenos históricos de difícil interpretação, sobretudo os que nos são contemporâneos.
(D) aceitar como legítimos os juízos de valor já consolidados na alta tradição dos historiadores mais experientes.
(E) definir com bastante precisão qual o juízo de valor a ser adotado como critério para a compreensão de um fato.
Comentários:
Questão difícil, mas pode ser resolvida com a recorrência direta ao texto.
Vejamos o trecho que menciona a orientação de Hobsbawn:
Eric Hobsbawm: “A primeira tarefa do historiador não é julgar, mas compreender, mesmo o que temos mais dificuldade para compreender. O que dificulta a compreensão, no entanto, não são apenas as nossas convicções apaixonadas, mas também a experiência histórica que as formou.”
Em suma, o historiador não deve julgar, mas entender o juízo de valor. Essa compreensão deve considerar não só a paixão do emissor do juízo de valor, mas a experiência histórica por trás daquele juízo de valor, ou seja “que precede o juízo”. Essa experiência histórica ajuda o historiador a entender porque aquele juízo de valor é considerado legítimo.
Em suma, a experiência histórica justifica um juízo de valor, e o historiador deve entender a história que o precede para entender tal juízo.
Gabarito letra A.
Vejamos o problema das outras:
(B) Incorreto. É o contrário, a compreensão de um juízo pressupõe a compreensão de uma experiência histórica que o precede.
(C) Incorreto. O historiador não deve evitar o julgamento de fenômenos históricos de difícil interpretação, deve buscar entendê-los, considerando a história que os faz “legítimos” na opinião de quem emite os juízos.
(D) Incorreto. Não foi dito que deve aceitar, mas buscar entender.
(E) Incorreto. O historiador não “define com precisão” nada!
(A) Sendo imperativa (2º parágrafo) = Uma vez autoritária.
(B) deseja dar consistência (3º parágrafo) = volta-se para o que consiste.
(C) emitir diversos juízos de valor (1º parágrafo) = incitar julgamentos diversificados.
(D) naturalidade da controvérsia (1º parágrafo) = espontaneidade da insubmissão.
(E) juízos de valor digladiam-se (2º parágrafo) = aferições vão ao encontro.
Comentários:
Sendo imperativa dá ideia de algo permanente, pois temos um verbo de estado permanente. Uma vez dá ideia de algo temporário, eventual. Entendo que a sinonímia não é tão próxima assim. Contudo, não existe sinonímia perfeita e a banca entendeu que no contexto, são equivalentes, por haver em comum o sentido de algo que é “impositivo, forte, coercitivo”. Nesse caso, “uma vez autoritária” assume sentido de “por ser autoritária”. Gabarito letra A.
Vejamos o problema das demais:
Um dos sentidos de “incitar” é: provocar, despertar, suscitar…Então, não é o mesmo que “emitir”, que tem sentido mais neutro: exprimir, manifestar.
Controvérsia (disputa, discussão) não é o mesmo que insubmissão (insubordinação)
Digladiar-se dá ideia de “embate”. A expressão “ir ao encontro” dá ideia de ir no mesmo sentido, de concordância. Na verdade, são sentidos contrários.
Consistência foi usado no sentido de “credibilidade”; “consistir” é ser, equivaler a, compor-se de…
Uma nova e correta redação da frase acima, em que se preservem o sentido e a correção, poderá ser:
A prepotência de um juízo de valor dado como exclusivo
(A) é uma opção nossa, indo ao encontro da controvérsia nem sempre aceita como natural.
(B) é sobretudo uma opção quando nos abstemos de considerar natural a controvérsia.
(C) torna-se uma opção nossa, em lugar da análise da natural controvérsia.
(D) é opcional, sendo-nos preferível à naturalidade da controvérsia admitida.
(E) vem a ser optativa, quando a preferimos em vez da ponderação natural da controvérsia.
Comentários:
Vejamos:
(A) As pessoas mais autoritárias tendem a radicalizar suas opiniões, conquanto obtenham logo o aval dos contendores, quando então afetam alguma condenscendência.
(B) Eles não gostam muito de polêmica, acham mais preferível impor seus pontos de vista, em cujos costumam haver traços de um partidarismo fútil.
(C) Quanto maior o índice de preconceito, revelado numa opinião, o julgamento se torna manifestação de um valor que não cabe sustentar-se.
(D) Embora nem sempre se leve isso em conta, é enorme a distância entre argumentos que se discutam e juízos de valor que se emitam com paixão.
(E) A precedência de uma análise histórica, diante da qual um fato sucedido se subordina, é indiscutível para se avaliá-lo de modo sério e consequente.
Comentários:
Vamos fazer aqui correções dos erros crassos que eliminariam imediatamente a alternativa:
(A) As pessoas mais autoritárias tendem a radicalizar suas opiniões, conquanto obtenham logo o aval dos contendores, quando então afetam alguma condenscendência condescendência.
(B) Eles não gostam muito de polêmica, acham mais preferível (preferir/preferível A) impor seus pontos de vista, em cujos nos quais costuma haver traços de um partidarismo fútil.
(C) Quanto maior o índice de preconceito, revelado numa opinião, o julgamento se torna manifestação de um valor que não cabe sustentar-se. (esse “SE” está “sobrando” no texto, deixa o texto obscuro)
(D) Embora nem sempre se leve isso em conta, é enorme a distância entre argumentos que se discutam e juízos de valor que se emitam com paixão.(questão correta, os verbo está no modo subjuntivo por força da conjunção concessiva “embora”; a concordância do sujeito passivo também foi respeitada: que sejam emitidos; que sejam discutidos…)
(E) A precedência de uma análise histórica, diante da qual à qual um fato sucedido se subordina é indiscutível para avaliá-lo de modo sério e consequente.
Gabarito letra D.
Atenção: As questões de números 7 a 10 referem-se ao texto abaixo.
[Em torno da memória]
Na maior parte das vezes, lembrar não é reviver, mas refazer, reconstruir, repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado. A memória não é sonho, é trabalho. Se assim é, deve-se duvidar da sobrevivência do passado “tal como foi”, e que se daria no inconsciente de cada sujeito. A lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão, agora, à nossa disposição, no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual.
Por mais nítida que nos pareça a lembrança de um fato antigo, ela não é a mesma imagem que experimentamos na infância, porque nós não somos os mesmos de então e porque nossa percepção alterou-se. O simples fato de lembrar o passado, no presente, exclui a identidade entre as imagens de um e de outro, e propõe a sua diferença em termos de ponto de vista.
(Adaptado de Ecléa Bosi. Lembranças de velhos. S. Paulo: T. A. Queiroz, 1979, p. 17)
(A) Num tempo difícil como o nosso, muitas imagens do passado são ainda mais gratas.
(B) Não convém rememorar muito, se queremos atentar para as forças do presente.
(C) Certamente, imagem não é sonho porque requer muito trabalho da nossa imaginação.
(D) As imagens mais ricas do passado estão nos artistas, que são mais imaginosos.
(E) Quando alguém se põe a recordar, os fatos presentes adulteram o passado.
Comentários:
Questão mais do que previsível. A retirada da vírgula numa oração adjetiva explicativa muda seu sentido, pois passa a ser uma oração restritiva, particularizante.
É o que ocorre em:
As imagens mais ricas do passado estão nos artistas, que são mais imaginosos.
Se retirarmos a vírgula, restringiremos “artistas”.
Gabarito letra D.
(A) mostram-se trabalhosas por conta do esquecimento que as relega ao plano do nosso inconsciente.
(B) produzem-se como construções imagéticas cuja elaboração se dá com elementos do momento presente.
(C) requerem esforço e disciplina para que venham corresponder às reais experiências vividas no passado.
(D) exigem de nós a difícil manutenção dos mesmos pontos de vista que mantínhamos no passado.
(E) libertam-se do nosso inconsciente pela ação da análise que, no passado, não éramos capazes de elaborar.
Comentários:
A memória é trabalho porque reconstruímos a recordação com nossa visão de hoje, de modo que o que lembramos é uma leitura atual do fato, não exatamente fiel ao que de fato ocorreu. Esse raciocínio é encontrado na alternativa: produzem-se como construções imagéticas cuja elaboração se dá com elementos do momento presente.
Gabarito letra B.
(A) Melhor seria se as imagens que guardamos da infância mais remota (favorecer) um melhor aproveitamento das experiências do presente.
(B) A maioria das pessoas acredita que (coincidir) uma imagem do passado com outra imagem do presente.
(C) As imagens que guardamos do nosso passado nem sempre (alcançar) reproduzir as reais experiências do que vivemos.
(D) As experiências que as pessoas vivem no presente são determinantes para que (produzir) as imagens do que viveram no passado.
(E) Os trabalhos de memória, quando a pomos para funcionar, (acabar) por destacar a alteração que o tempo produziu em relação aos fatos passados.
Comentários:
Essa questão basicamente nos pede para encontrar o núcleo do sujeito, com que concordará diretamente o verbo.
(A) Melhor seria se as imagens que guardamos da infância mais remota (favorecer) um melhor aproveitamento das experiências do presente.
(B) A maioria das pessoas acredita que (coincidir) uma imagem do passado com outra imagem do presente.
(C) As imagens que guardamos do nosso passado nem sempre (alcançar) reproduzir as reais experiências do que vivemos.
(D) As experiências que as pessoas vivem no presente são determinantes para que (produzir) as imagens do que viveram no passado.
(E) Os trabalhos de memória, quando a pomos para funcionar, (acabar) por destacar a alteração que o tempo produziu em relação aos fatos passados.
Gabarito letra D.
(A) Há fatos no passado cuja percepção nos ocorre com frequência, mas por meio de imagens que os desfiguram inteiramente.
(B) A nitidez em que atribuímos a certas memórias é muito enganosa, pois resulta de operações mentais que sequer desconfiamos.
(C) Nossas lembranças mais iluminadas podem ser, sobre um ponto de vista realista, meras simulações de espaços que nem tivemos acesso.
(D) O passado que confiamos não volta mais, e ainda que voltasse não lhe reconheceríamos tal e qual o imaginamos.
(E) Lembranças não são simples devaneios, dos quais exigem a quem as cultiva um verdadeiro trabalho de construção de imagens.
Comentários:
Nossa primeira alternativa está correta, pois os pronomes retomam seus referentes e concordam com eles:
(A) Há fatos no passado cuja percepção (percepção dos fatos) nos ocorre com frequência, mas por meio de imagens que os desfiguram inteiramente. (desfiguram os fatos)
Vejamos as correções:
(B) A nitidez A que atribuímos a certas memórias é muito enganosa, pois resulta de operações mentais DE que sequer desconfiamos.
(C) Nossas lembranças mais iluminadas podem ser, SOB um ponto de vista realista, meras simulações de espaços A que nem tivemos acesso.
(D) O passado em que confiamos não volta mais, e, ainda que voltasse, não O reconheceríamos tal e qual o imaginamos.
(E) Lembranças não são simples devaneios, OS quais exigem DE quem as cultiva um verdadeiro trabalho de construção de imagens.
Gabarito letra A.
E então, o que acharam?
Grande abraço a todos!
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Professor, bom dia.
Questão 9 para Analista, na alternativa B:
(B) A maioria das pessoas acredita que (coincidir) uma imagem do passado com outra imagem do presente.
O verbo entre parenteses não deveria concordar com o seu sujeito (A maioria das pessoas), mais precisamente com seu núcleo "pessoas"?
"Pessoas coincidem uma imagem do passado...." "uma imagem" seria seu objeto direto.
Obrigada.
Olá, Marília.
Com expressões partitivas, a concordância pode ser feita com o sujeito ou com o determinante.
Abraço e bons estudos
Obrigado professor pelas explicações!
Abraço, Luiz!
Parabéns pelos comentários, professor.
Uma dúvida: na questão 6 de Analista, a questão considerada correta foi a "D": Embora nem sempre se leve ISSO em conta, é enorme a distância entre argumentos que se discutam e juízos de valor que se emitam com paixão.
Em se tratando do tema 'função referencial dos pronomes demonstrativos', tendo em vista que o pronome "isso" possui função anafórica, ao passo que o pronome "isto" possui função catafórica, no contexto da alternativa em referência não seria mais correta a seguinte assertiva?
'Embora nem sempre se leve ISTO em conta, é enorme a distância entre argumentos que se discutam e juízos de valor que se emitam com paixão'.
Obrigado
Olá, bom dia.
Essa regra não é tão rígida assim, o "isto" também é aceito para referência anafórica, como defendem Celso Cunha e Bechara!
Abraço e bons estudos
Achei a prova tranquila. Acertei 8 das 10 questões!
Obrigado professor pela correção da prova.
Parabéns, André!
Fico muito feliz!
Professor, sobre a questão nº 3 de AJAJ, fiquei com dúvida sobre a construção gramatical da frase da letra A: "preceder o juízo de valor do exame das condições históricas que determinam a atribuição de sentido ao objeto de julgamento". Apesar de o sentido lógico ser de que é o exame das condições históricas que deve preceder ao juízo de valor, a construção gramatical da frase me fez entender que ela afirma que o juízo de valor deve preceder ao exame das condições históricas. Por isso, considerei a assertiva errada, apesar de não enxergar nenhuma outra resposta como correta. O que o senhor acha?
Olá, Raquel.
É bem confusa mesmo, mas é a única que mais ou menos reproduz a ideia do texto.
Prova de técnico muito difícil, considerando a redação e o tempo de quatro horas.
É verdade, foi pesada!