Olá pessoal,
No dia 20/2/2022 tivemos a prova de engenharia civil da Petrobras, e amanhã, dia 24/2/2022, se encerra o prazo para interposição de recursos contra o gabarito preliminar.
Quanto à prova, entendo que ela apresentou nível de dificuldade acima da média das provas anteriores de engenharia civil da banca Cebraspe, apresentando algumas questões de “nível doutorado”, mesmo assim com parte delas previstas nas nossas aulas.
Com relação a eventuais contestações, com a contribuição dos alunos, verificamos, de forma mais explícita, as seguintes possibilidades de recurso:
Durante a construção de uma edificação em estrutura de concreto pré-moldado, observou-se, entre outros, o que se destaca a seguir.
• Nos elementos protendidos, utilização de argamassa de injeção com aditivos à base de halogenetos.
• Alteração do projeto, que previa o uso de pilares vazados como condutor de água pluvial, para que dutos pluviais fossem instalados de forma aparente, fora da estrutura.
• Reprovação das alças de içamento, pois o material adotado era o aço do tipo CA60.
Tendo em vista essas informações, julgue os itens subsequentes, conforme as normas vigentes.
55 – A utilização de argamassa de injeção com aditivos à base de halogenetos não é recomendada, pois esses elementos podem provocar corrosão no aço da estrutura.
Gabarito Preliminar: ERRADA
Comentários:
A norma ABNT NBR 9062/2017 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado prevê o seguinte:
8.2.1.3 Em elementos pré-moldados protendidos, os aditivos empregados no concreto ou na argamassa em contato com a armadura de protensão, inclusive na argamassa de injeção, não podem conter ingredientes que possam provocar corrosão do aço, em particular a corrosão sob tensão, sendo rigorosamente proibidos aditivos que contenham cloreto de cálcio ou quaisquer outros halogenetos. (grifou-se)
Logo, a norma que rege o assunto veda a adoção de aditivos à base de halogenetos, sendo, portanto, correta a questão, ao não recomendar esse tipo de aditivo em estruturas pré-moldadas.
Com isso, propõe-se a alteração do gabarito da questão de Errada para Certa.
Gabarito Proposto: CERTA
56 – Em elementos pré-moldados, o aproveitamento de pilares vazados como condutor de águas pluviais não é permitido por norma, sendo a alteração realizada no projeto a solução mais adequada, conforme as normas vigentes.
Gabarito Preliminar: CERTA
Comentários:
A norma ABNT NBR 9062/2017 – Projeto e execução de estruturas de concreto pré-moldado prevê o seguinte:
6.2.2 Pilares vazados funcionando como condutor de água pluvial
Para os pilares que possuam um vazio em seu interior a fim de funcionar como condutor de águas pluviais, a redução da área de concreto deve ser levada em conta no seu dimensionamento. Devem ser atendidas as prescrições de cobrimento mínimo, segundo 9.2.1.1, nas faces interna e externa do pilar, respeitando-se também a espessura mínima da parede de 7,5 cm e, no caso de água pluvial em contato direto com o concreto, de 12,5 cm. Na região do furo lateral para saída da água, deve ser previsto reforço da armadura (se necessário). É vedada a utilização permanente do pilar como conduto forçado, bem como o acúmulo de água sem drenagem dentro do pilar.
Logo, fica claro que a norma que rege o assunto permite o aproveitamento de pilares vazados como condutores de águas pluviais, sendo, portanto, errada a questão, ao afirmar que o aproveitamento de pilares vazados como condutor de águas pluviais não é permitido por norma.
Com isso, propõe-se a alteração do gabarito da questão de Certa para Errada.
Gabarito Proposto: ERRADA
Acerca da hidrogeologia, julgue os itens a seguir.
Quanto aos cuidados que devem ser tomados em relação à execução de estruturas de concreto em uma obra, julgue os itens a seguir.
69 – A adoção de concreto usinado, em detrimento do preparo com betoneira, influi diretamente na redução do consumo de cimento para uma mesma resistência característica do concreto.
Gabarito Preliminar: CERTA
Comentários:
Essa consideração se baseia na fórmula estimativa do fck apresentada pela norma NBR 12655/2015, em que a resistência de dosagem deve atender às condições de variabilidade prevalecentes durante a construção. Esta variabilidade medida pelo desvio-padrão Sd é levada em conta no cálculo da resistência de dosagem, segundo a equação:
fcmj = fckj + 1,65.Sd
onde:
– fcmj é a resistência média do concreto à compressão, prevista para a idade de j dias, expressa em megapascals (MPa);
– fck é a resistência característica do concreto à compressão, aos j dias, expressa em megapascals (MPa);
– Sd é o desvio-padrão da dosagem, em megapascals (MPa).
E a mesma norma prevê que no início da obra, ou em qualquer outra circunstância em que não se conheça o valor do desvio-padrão, deve-se adotar para o cálculo da resistência de dosagem o valor apresentado na Tabela 6, de acordo com a condição de preparo (conforme 5.6.3.1), que deve ser mantida permanentemente durante a construção.
E a NBR 12655 o seguinte sobre as condições de preparo do concreto:
5.6.3.1 Condições de preparo do concreto
O cálculo da resistência de dosagem do concreto depende, entre outras variáveis, das condições de preparo do concreto, definidas a seguir:
a) condição A (aplicável a todas as classes de concreto): o cimento e os agregados são medidos em massa, a água de amassamento é medida em massa ou volume com dispositivo dosador e corrigida em função da umidade dos agregados;
b) condição B (pode ser aplicada às classes C10 a C20): o cimento é medido em massa, a água de amassamento é medida em volume mediante dispositivo dosador e os agregados medidos em massa combinada com volume, de acordo com o exposto em 5.4;
c) condição C (pode ser aplicada apenas aos concretos de classe C10 e C15): o cimento é medido em massa, os agregados são medidos em volume, a água de amassamento é medida em volume e a sua quantidade é corrigida em função da estimativa da umidade dos agregados da determinação da consistência do concreto, conforme disposto na ABNT NBR NM 67 ou outro método normalizado.
Portanto, a relação entre fcmj e fckj depende da condição de preparo do concreto. Nesse sentido, o nível de controle do preparo do concreto em uma usina de concretagem tende a ser mais rigoroso que no canteiro por betoneira, o que resultaria em menor valor do desvio-padrão Sd, com consequente menor fcmj necessário e menor consumo de cimento.
Contudo, essa tendência depende do padrão de controle adotado pela usina, pois não são todas as usinas que possuem elevado rigor de execução do concreto, e, a depender do nível de conhecimento e de experiência do responsável técnico e da equipe executora do concreto, o rigor de execução do concreto em campo pode superar o da maior parte das usinas de concretagem.
Ademais, não se constata na norma menção ou diferenciação entre os processos de produção do concreto em usina ou em betoneira.
Portanto, verifica-se que a assertiva apresenta elevado grau de subjetividade, pelo qual propõe-se a sua anulação.
Gabarito Proposto: ANULAÇÃO
77 – Para efeitos práticos, admite-se que a capacidade de infiltração seja superior ao coeficiente de condutividade hidráulica do solo saturado.
Gabarito Preliminar: CERTA
Comentários:
De acordo com os professores José Carlos Amorim e Marcelo de Miranda Reis, na cadeira de Hidrologia do curso de Engenharia de Fortificação e Construção do Instituto Militar de Engenharia – IME:
Existindo uma disponibilidade de água suficiente proporcionada pela intensidade da precipitação, a capacidade de infiltração decai exponencialmente com o tempo, à medida que a camada de solo vai se saturando, e mesmo após saturado, até o limite em que a capacidade de infiltração se iguala a permeabilidade do solo. fc tem um valor máximo no início da chuva (fo) e vai decaindo até um valor mínimo onde o solo está saturado e já foi atingido o limite de permeabilidade do solo. A partir daí a infiltração ocorre de acordo coma permeabilidade do solo (fmin= Ksat).
Podemos ter dois casos: um (curva A) em que a intensidade da precipitação (i) é inferior à permeabilidade do solo (Ksat) e um (curvas B e C) em que ela é superior:
Onde: i = intensidade da chuva;
I = taxa de infiltração;
fc = capacidade de infiltração;
to = tempo de início da chuva;
tsat = tempo de saturação da superfície do solo;
t1= tempo do fim da chuva;
P = ponding time = início do escoamento superficial; e
Ksat = coeficiente de permeabilidade do solo ou condutividade hidráulica do solo na saturação.
Portanto, verifica-se que a capacidade de infiltração se mostra superior ao coeficiente de condutividade hidráulica do solo saturado a depender do momento e da intensidade de precipitação.
Considerando que a situação apresentada na questão abrange diferentes interpretações, propõe-se a anulação da questão.
Gabarito Proposto: ANULAÇÃO
Aproveito a oportunidade para divulgar a Errata a seguir do Gabarito Extraoficial com relação às questões seguintes:
Julgue os próximos itens, referentes a conforto, desempenho e manutenção de edificações.
117 – Segundo a ABNT, o fator de luz diurna (FLD) é um parâmetro utilizado para medição in loco do desempenho lumínico das dependências das edificações habitacionais durante o dia, considerando as iluminações natural e artificial.
Gabarito Preliminar: Errada
Comentários:
A norma ABNT 15575-1 – Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos Gerais, prevê o seguinte:
Contando unicamente com iluminação natural, o Fator de Luz Diurna (FLD) nas diferentes dependências das construções habitacionais deve atender ao disposto na Tabela 5 (ver ISO 5034-1).
Portanto, não há a consideração da iluminação artificial, concordando-se, portanto, com o gabarito preliminar divulgado.
118 – Segundo a ABNT, um dos conceitos considerados para a definição da vida útil de projeto dos sistemas, elementos e componentes de um edifício é a maior facilidade ou dificuldade de manutenção e reparação em caso de falha no desempenho.
Gabarito Preliminar: Certa
Comentários:
A norma ABNT 15575-1 – Edificações Habitacionais – Desempenho – Parte 1: Requisitos Gerais, prevê o seguinte:
C.2 Determinação da vida útil de projeto
Para a determinação da VUP mínima podem-se adotar diversas metodologias. A prevista nas ABNT NBR 15575-1 a ABNT NBR 15575-6 incorpora três conceitos essenciais:
– o efeito que uma falha no desempenho do subsistema ou elemento acarreta;
– a maior facilidade ou dificuldade de manutenção e reparação em caso de falha no desempenho;
– o custo de correção da falha, considerando-se inclusive o custo de correção de outros subsistemas ou elementos afetados (por exemplo, a reparação de uma impermeabilização de piscina pode implicar a substituição de todo o revestimento de piso e paredes, e o custo resultante é muito superior ao custo da própria impermeabilização).
Para parametrização da VUP, com fundamento nestes conceitos, foram utilizados conhecimentos já consolidados internacionalmente, principalmente os da BS 7453.
Portanto, concorda-se com o gabarito preliminar divulgado.
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