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Português ANS comentada (Técnico Administrativo)

Olá, pessoal!! Tudo bem?

Galerinha que fez a prova da ANS no último domingo, cola aqui comigo! Vou comentar, neste artigo, a prova de Técnico Administrativo (T).

Foi bem tranquila, não é mesmo? A FUNCAB trouxe um texto literário do tipo NARRATIVO para análise. Texto denso, com palavras raras (claro, trata-se de Machado de Assis!), mas que, com duas leituras, já era possível dominar o assunto e matar as 3 primeiras questões que foram de interpretação!

Comentário – questão 1: a alternativa A é a correta para essa questão. Isso pode ser confirmado pelo título/subtítulo e explicado no último parágrafo: “Nada menos de duas almas. Cada criatura humana traz duas almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro.” A controvérsia do homem está justamente na dualidade da alma.

E as outras alternativas?
B) não pode ser o gabarito, pois ela está toda incorreta. Não há tom de incerteza, menos ainda uma crítica à sociedade cristã e capitalista da época.
C) a casa do morro de Santa Teresa, onde a conversa ocorre, não é descrita como um ambiente claro. Segundo o autor, iluminava-se por velas e a pouca luz era “misteriosamente” fundida com a da lua. Sendo assim, alternativa errada.
D) a alternativa apresenta-se errada, pois o autor não usa de linguagem cotidiana, muito menos típica de uma texto argumentativo. O conto é um texto narrativo e está repleto de descrição (personagem e lugar).
E) O personagem principal era avesso a discussões sobre qualquer tema. Ele NÃO estabelece diálogo com os colegas, ao contrário, pede para que eles o ouçam em silêncio.

Gabarito: A

Comentário – questão 2: no primeiro parágrafo, temos: “Entre a cidade, com suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera límpida e sossegada, estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo.”
Nesse trecho, percebemos a citação sobre a agitação da cidade que rodeava os personagens e que essa agitação não os afetava. Estavam preocupados com algo que transcende o material. Daí caírem no assunto sobre a natureza da alma humana: “A conversa, em seus meandros, veio a cair na natureza da alma…”
Gabarito: C

Comentário – questão 3: o eu-narrado passa a ser o eu-narrante quando o homem, que, até então, mantinha-se “calado, pensando, cochilando”, como consta no texto, é solicitado para fazer uma conjectura, a partir daí passa a falar “(…) e não dois ou três minutos, mas trinta ou quarenta (…)”. Começa pedindo que não o repliquem e continua com o trecho que consta na alternativa B. As demais alternativas trazem o narrador descrevendo o ambiente e os personagens e “preparando” o tema para o protagonista passar a narrar a própria experiência.
Gabarito: B

A partir da questão 04, a banca cobrou gramática. A começar pela pontuação:

Comentário – questão 4: na alternativa A, o uso do “Este” traz prejuízo gramatical, uma vez que é um pronome usado para se referir a termos que ainda serão mencionados no texto, o que não é o caso, já que o narrador está falando de um quinto personagem já citado no período anterior. Além disso, não há motivo para a utilização de vírgula depois da palavra “não”, portanto há erro gramatical no uso da vírgula.
Em B e em D, respectivamente, há erro no fato de o sujeito estar separado do verbo (“quarto ou cinco cavalheiros, debatiam…”) e de o verbo estar separado do objeto por vírgula (“nunca mais verei, o meu ouro”).
Em C, não há erro.
Em E, há erro no uso da vírgula, mas o principal problema é a substituição de “senão” por “se não”. “Senão” significa e pode ser substituído por “a não ser” e se não pode ser substituído por caso não, porém um não pode substituir o outro por divergência de sentidos.
A alternativa correta, portanto, é a letra C.
Gabarito: C

Agora uma questão de TIPOLOGIA TEXTUAL bem simples.

Comentário – questão 5: a estrutura do texto é predominantemente narrativa, pois conseguimos identificar personagens (os quatro ou cinco cavalheiros), espaço (uma casa em Santa Tereza), tempo (uma noite) e uma progressão linear com começo, meio e fim. A alternativa correta é a letra D. É claro que, no decorrer do texto, há momentos de descrição, mas isso não torna o texto descritivo, ok? Para ser descritivo, o texto não pode ter sequência de fatos, tempo, narrador…
Gabarito: D

As próximas duas questões três questões (6, 7 e 8) foram também de gramática, mais especificamente de sintaxe.

Comentário – questão 6: na alternativa A, o verbo “havia” não expressa ação, é impessoal. Sendo assim, o “deles” não pode ser o agente.
Em B, o pronome “lhe” está funcionando como objeto indireto do verbo “contar”, não tem valor possessivo!
Em C, a expressão “dos companheiros” é adjunto adnominal de “idade”, não complemento nominal.
Em D, a afirmação está correta. É o gabarito da questão. A oração destacada é objetiva direta, completa o sentido do verbo “acrescentar”.
Já em E, a afirmação de que todos os “As” que constam no quarto parágrafo devem ser craseados é muito equivocada.
A alternativa correta é a letra D.
Gabarito: D

Comentário – questão 7: em A, o termo em destaque é o sujeito do verbo “estavam”.
Na letra B, “pequena” e “alumiada” são predicativos do sujeito “casa”; “calados” está funcionando como adjunto adverbial de modo e “clara” é adjunto adnominal da palavra “demonstração”.
Em C, a palavra “céu” recebe acento devido ao ditongo aberto (éu) e é classificada normalmente como oxítona (embora o mais adequado seja a classificação como monossílabo tônico, já que é um vocábulo composto por apenas uma sílaba), já a forma verbal “há” é um monossílabo tônico terminado em “a” e deve, por isso, ser acentuada.
Em D, A forma verbal “debatiam” está no pretérito imperfeito do indicativo, mas “trouxesse” está no pretérito imperfeito do modo subjuntivo.
A alternativa E está correta.
Gabarito: E

Comentário – questão 8: em A, há erro porque “da alma humana” é adjunto adnominal de “teoria”, não é uma locução adverbial.
A substituição correta para “veio a cair”, na letra B, seria “caiu”.
Na alternativa C, o “se” em “Espantem-se” é partícula apassivadora, mas em “Se me replicarem…” é conjunção que inicia uma oração condicional.
Em D, a palavra “os” está funcionando como pronome demonstrativo.
Na letra E, tanto “dessa” quanto “que” estão funcionando como pronomes relativos. Esse é o nosso gabarito.
Gabarito: E

A questão 09, queridos, foi de Redação Oficial! Questão bem simples sobre um tema que costuma ser um pouco complexo.

Comentário – questão 9: as principais características de um documento oficial são a impessoalidade e a formalidade, que se encontram na alternativa C. Um expediente oficial não deve ser extenso, ao contrário, deve ser conciso, trazendo o maior número de informações em menor tempo (Letra A errada). Como a impessoalidade deve ser mantida, não é aconselhável uso de coloquialismos nem que linguagem subjetiva (letras B e D erradas). Da mesma maneira, não é adequado o uso de vocábulos de circulação restrita, já que todos os que lerem devem compreender o texto sem grandes dificuldades (letra E errada).
Gabarito: C

Para fechar, mais uma questão de gramática! Fácil, galera! Veja:

Comentário – questão 10: As afirmativas I e III estão corretas. A II está errada porque a vírgula para isolar adjunto adverbial que constitui uma única palavra é facultativa e não obrigatória como consta.
A alternativa correta, portanto, é a letra E.
Gabarito: E

É isso, amigos! 10 questões de língua portuguesa, sendo 3 de interpretação, 1 de Tipologia textual, 1 de Redação oficial e o restante de análise gramatical.

Desejo boa sorte para todos! Que o sucesso venha e que Deus os abençoe!

Espero ter ajudado!

Forte abraço!

Professora Rafaela Freitas.

Rafaela Freitas

Ver comentários

  • Professora, Bom dia.
    Nessa prova da Funcab na questão 8, merecia recurso, pois na questão possuí 2 "quês", e a banca não especificou qual "que" ela se refere. Portanto, o primeiro é conjunção integrante e o segundo pronome relativo, mas a banca deveria especificar qual "QUE" ela está se referindo, o que foi o erro dela em não especificar.

  • Olá Professora,
    Poderia comentar a questão de raciocínio lógico, que acredito que envolva português?
    Oração em questão: "Se estou saudável, faço exercícios físicos, não estou saudável."
    Acho q é uma oração coordenada sindética aditiva e a última vírgula seria equivalente a um "e". É isso mesmo? Poderia tirar essa minha dúvida, por favor?
    Obrigada.

  • Fernanda, não está fazendo muito sentido... manda a questão inteira para o meu e-mail, por favor!

    Raphael, respondi por e-mail o seguinte:

    Olá, Raphael, tudo bem? Sendo o gabarito da questão a alternativa E (que traz os dois "quês") e tendo um "que" como pronome, a banca dificilmente aceitará tal recurso. Imagino que você deva estar pensando em anulação, correto? Se acha válido tentar, faça isso! Importante a sua análise.

    Abraço!!!

  • Rafaela, bom dia !

    Acerca da questão 9 de regulação.

    O termo em destaque tem mobilidade em relação ao termo que ele modifica ?

    Veja:

    Seria muito auxiliar (verbo)
    Seria muito auxiliar (adjetivo)

    Veja que a função do nome "auxiliar" muda de sentido.

    Por que o gabarito foi esse ?

    • Acabei de colocar no site o comentário da prova de Técnico em regulação! A ideia é essa! Altera o sentido.

      Abraço.

  • Oi professora, na questão 6, o enunciado do item correto não menciona oração destacada, apenas fala: a oração "e acrescentava QUE OS SERAFINS E OS QUERUBINS NÃO CONTROVERTIAM NADA" exerce, no período em que ocorre, a função de objeto direto da oração anterior. Logo, considerando a oração destacada está correto, mas como o item não faz essa especificação, pode-se analisar toda a sentença entre aspas o que deixa o item incorreto, logo, invalidando a questão. Gostaria de confirmar se essa minha consideração está correta para tentar recurso?

    • Rafael, o item está se referindo à oração que está em caixa alta, não necessariamente a banca teria que expor isso, já que não tem outra oração com tal possibilidade de análise. Acho que não cabe recurso.
      Abraço!

  • oi Professora, desculpe.
    Trata-se de uma questão de Raciocínio lógico por isso não tem mto sentido mesmo. Mas, de qq forma, acredito que foi utilizada alguma regra de sintaxe. Segue abaixo:
    Enunciado Questão 14:
    "Se não faço exercícios físicos, faço dieta alimentar. Se estou saudável, faço exercícios físicos, não estou saudável. Se não estou saudável, não faço dieta, logo"

    Minha pergunta é em relação à frase "Se estou saudável, faço exercícios físicos, não estou saudável". Acredito que se trata de uma oração coordenada, minha dúvida é em relação ao papel da frase "não estou saudável". Se pode ser considerada frase independente ou se é aditiva. Neste último caso, a vírgula estaria fazendo papel de "e"?
    Enfim, é confuso porque Raciocínio lógico não é lógico para Português, mas acredito que neste caso foi utilizado recurso sintático em questão de Raciocínio Lógico.
    Enfim, nem sei se é proveitosa a discussão, a não ser pelo fato de que esta questão está com possibilidade de recurso.
    Obrigada.

  • Professora, o vocábulo céu não é um monossílabo tônico? Nos dicionários em que procurei, a palavra aparece com uma sílaba apenas. No livro do Cegalla, há a citação da palavra "véu" como exemplo de monossílabo tônico terminado em ditongo aberto. Não seria o mesmo caso da palavra "céu"?
    Abraço

  • Professora,
    Na correção da questão 7, a justificativa para o erro da alternativa C me parece equivocada:
    "Em C, a palavra “céu” recebe acento devido ao ditongo aberto e é classificada como oxítona, já a forma verbal “há” é um monossílabo tônico."
    Não seria céu um monossílabo tônico?
    Obrigado!

    • Oi, Gabriel, em minha pesquisa, encontrei a palavra "céu" tanto como monossílabo tônico quanto como oxítona terminada em ditongo. É intrigante, mas pelo menos não afetou a questão, já que "céu" é acentuado pelo ditongo e "há" não.

      Abraço!

  • Fernanda! Questão doida! Rs! Está difícil encontrar sentido entre as orações. Entendo que a oração "não estou saudável" está ligada à oração subordinada "se estou saudável" como oração principal. Faltou um "se" antes da segunda oração, assim:

    Se estou saudável, se faço exercícios físicos, não estou saudável...

    É por aí...

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