Categorias: Concursos Públicos

O Princípio da presunção de inocência na visão do STF – A questão dos maus antecedentes

Olá, alunos do Estratégia concursos!
E aí, como andam os estudos? Tenho certeza de que estão se dedicando muito!

Primeiramente, um salve aos meus caros alunos dos cursos de Direitos Penal para o ISS/SP e para o TSE. Essa é pra vocês!

Hoje vou comentar a posição do STF acerca da utilização de Inquéritos Policias e processos criminais em curso como maus antecedentes.

Vocês já sabem que a Constituição da República estabelece que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória (art. 5°, LVII), sendo esta a base conceitual do princípio da presunção de inocência (ou estado de inocência ou, ainda, não-culpabilidade).

Entretanto, qual é o limite deste princípio? Qual o seu alcance?

Muitas questões polêmicas existem, e poderíamos dedicar um livro inteiro só a isso. Porém, hoje vamos analisar uma destas questões polêmicas apenas
.
A questão que se coloca é saber se a existência de processos criminais em curso e inquéritos policiais, nos quais o acusado conste como investigado ou indiciado, podem ou não ser considerados como maus antecedentes para os diversos fins previstos no Código Penal.

Por exemplo: Imagine que Marcelo é acusado num processo criminal por roubo. Quando da sentença, o Juiz condena Marcelo e parte para a fixação da pena. O primeiro passo é a fixação da pena-base, que segundo o Código Penal, será estabelecida de acordo com os antecedentes do réu, dentre outros fatores (art. 59 do CP). Ao iniciar a fixação da pena-base o Juiz verifica que Marcelo responde a um processo criminal por crime de furto (sem sentença transitada em julgado) e é investigado em um inquérito que apura a ocorrência de um crime de latrocínio. A questão que se coloca é: Essas circunstâncias (o inquérito e o processo em curso) podem ser consideradas como maus antecedentes?

A resposta é essa mesmo: NÃO!

O STF entende (de maneira correta) que estes fatos (processo em curso e inquérito policial instaurado) não configuram maus antecedentes, pois o acusado não fora condenado de maneira irrecorrível em nenhum deles, não podendo, dessa forma, ser considerado culpado pela prática de qualquer dos fatos ali descritos, sob pena de violação à presunção de inocência.

Uma das decisões mais emblemáticas do STF acerca do tema foi proferida no HC 97665, da relatoria do Min. Celso de Mello, que vou transcrever pra vocês:

E M E N T A: “HABEAS CORPUS” – ALEGAÇÃO DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO NA DOSIMETRIA PENAL – RECONHECIMENTO, PELO TRIBUNAL DE JUSTIÇA LOCAL, DE QUE A EXISTÊNCIA DE INQUÉRITOS POLICIAIS EM CURSO, DE AÇÕES PENAIS EM ANDAMENTO E DE ABSOLVIÇÕES LEGITIMA A FORMULAÇÃO, CONTRA O SENTENCIADO, DE JUÍZO NEGATIVO DE MAUS ANTECEDENTES – CONSEQÜENTE EXASPERAÇÃO DA PENA-BASE – INADMISSIBILIDADE – OFENSA AO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII) – CONSEQÜENTE REDUÇÃO DA PENA AO SEU MÍNIMO LEGAL – RESTABELECIMENTO, QUANTO A ESSE FUNDAMENTO, DA CORRETÍSSIMA SENTENÇA PROFERIDA PELA MAGISTRADA DE PRIMEIRA INSTÂNCIA – PEDIDO DEFERIDO. – A mera sujeição de alguém a simples investigações policiais (arquivadas ou não) ou a persecuções criminais ainda em curso não basta, só por si – ante a inexistência, em tais situações, de condenação penal transitada em julgado -, para justificar o reconhecimento de que o réu não possui bons antecedentes. Somente a condenação penal transitada em julgado pode justificar a exacerbação da pena, pois, com o trânsito em julgado, descaracteriza-se a presunção “juris tantum” de inocência do réu, que passa, então, a ostentar o “status” jurídico-penal de condenado, com todas as conseqüências legais daí decorrentes. Precedentes. Doutrina. – A presunção constitucional de inocência no vigente ordenamento positivo brasileiro. A evolução histórica desse direito fundamental titularizado por qualquer pessoa, independentemente da natureza do crime pelo qual venha a ser condenada. O “status quaestionis” no direito internacional: proteção no âmbito regional e no plano global. Presunção de inocência: direito fundamental do indivíduo e limitação ao poder do Estado (ADPF 144/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno, v.g.). Doutrina. Precedentes (STF).

(HC 97665, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, julgado em 04/05/2010, DJe-119 DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011 EMENT VOL-02549-01 PP-00001)

Desta maneira, no nosso exemplo acima, o Juiz não poderá considerar a existência do processo em curso e do inquérito policial como maus antecedentes para fixar a pena-base acima do mínimo legal, sob pena de violação ao princípio da presunção de inocência.

Meus caros, por hoje é só! That’s all, folks!

Caso queiram entrar em contato:

renanaraujo@estrategiaconcursos.com.br
https://www.facebook.com/#!/profile.php?id=100002138702490

Um abraço!
Prof. Renan Araujo
 

Renan Araujo

Posts recentes

Concurso Bombeiro BA: autorizado com 90 vagas!

Um novo concurso Bombeiro BA (Corpo de Bombeiros do estado da Bahia) foi autorizado com…

3 horas atrás

Concurso PM BA: edital autorizado com 100 vagas

Um novo concurso PM BA (Polícia Militar do Estado da Bahia) foi autorizado com oferta…

4 horas atrás

Concursos PM e CBM BA Oficial: autorizados com 190 vagas

Novos concursos da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros da Bahia (PM e CBM…

4 horas atrás

Concursos Abertos de Prefeituras: mais de 80 editais!

Estamos em ano de eleições municipais, o que contribui ainda mais para a publicação de…

5 horas atrás

Concursos abertos: as provas confirmadas nos próximos meses

Com o tempo andando a passos largos, 2024 está sendo responsável por diversas oportunidades à…

5 horas atrás

Concurso Venâncio Aires Saúde RS: gabaritos divulgados!

Foram divulgados os gabaritos preliminares das provas do concurso Venâncio Aires Saúde, prefeitura localizada no…

5 horas atrás