Meu nome é Felipe Ramos, tenho 34 anos.
Eu nasci no município de São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro.
Minha história com concursos públicos começou quando eu tinha 13 anos. Foi no ano de 1999.
Minha família enfrentava graves dificuldades financeiras há algum tempo.
Nessa época meu pai me incentivou a prestar concursos para os colégios militares.
Seria uma forma de ajudar em casa… e me ajudar também.
Após conseguir uma bolsa de estudos num cursinho, conheci um pouco mais a respeito das oportunidades que havia pela frente.
O Colégio Naval era o sonho de praticamente todos os jovens que lá estavam. Era o desafio maior. E foi a minha escolha. Estudar para o concurso do Colégio Naval.
Confesso que meu nível de empenho não era o máximo que podia alcançar. Mas também havia um problema. O curso era distante e o transporte público era muito precário. Muito mesmo (eu sei, isso não é novidade para ninguém).
Sobrava pouco ou quase nenhum tempo para estudar depois das aulas, que duravam o dia inteiro, praticamente. Meus colegas faziam cada vez mais progresso enquanto eu, dia após dia, ficava para trás. Cada vez mais distante dos concorrentes.
O resultado na prova não poderia ser diferente: reprovado logo na primeira fase do concurso.
Fracassar é muito ruim. Principalmente quando o destino de outras pessoas depende de você.
Mas eu não desisti. No ano seguinte eu tentaria novamente. Não queria permanecer sentindo o gosto amargo da derrota.
Após refletir a respeito de como poderia me dedicar mais, eu tomei uma decisão ousada para um garoto de 14 anos: abandonar o cursinho e estudar sozinho (meus pais não sabiam, nunca souberam).
Peguei os livros recomendados pelo cursinho e comecei. Todos os dias estava lá eu estudando “escondido” no terraço da casa da minha tia.
Começava às 07:00h, fazia um intervalo de 30 minutos para almoço, e estendia os estudos até perto da meia noite. Era o tempo que precisava para tentar aprender sozinho, tirar minhas próprias dúvidas.
Por vezes encontrava algumas barreiras “intransponíveis”. Elas nunca foram maiores que a minha persistência (alguns chamam de teimosia).
Nessa fase da vida eu aprendi algumas lições que carregaria para o resto da vida:
1º É preciso fazer coisas diferentes para alcançar resultados diferentes.
2º Nossa capacidade intelectual é elástica e seu desenvolvimento depende de um intenso e permanente esforço individual.
3º No mundo dos concursos não importa quantas vezes fomos reprovados. Precisamos ter sucesso somente uma vez e todo esforço terá valido a pena.
No dia da publicação do resultado do concurso um amigo me telefonou para contar o que eu já sabia. Eu não comemorei aquela conquista.
A aprovação ao final desse ciclo foi apenas um detalhe.
A caminhada foi muito mais emocionante.
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