Olá concurseiros e concurseiras!
Meu nome é André Cruz e o objetivo deste artigo é compartilhar com vocês meu depoimento pós aprovação no concurso para Agente da Fiscalização (cargo equivalente ao Auditor de Controle Externo) do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
Sem mais delongas, vamos ao depoimento:
Bom pessoal, pretendo aqui contar minha história como concurseiro de forma detalhada. Já adianto que, em havendo qualquer dúvida ou curiosidade, não hesite em me contatar. Vamos lá!
Educação infantil, ensino fundamental, médio, vestibular e faculdade. Esse é o caminho que a sociedade define como “tradicional” para alcançar o sucesso profissional.
Pois bem, aos 21 anos, no meu último ano (2016) da graduação em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), eu já possuía a experiência e o privilégio de ter trabalhado em duas empresas multinacionais: Pricewaterhouse Coopers (PwC)–Auditoria e PepsiCo-Planejamento Financeiro.
Ora, ao colocar na balança os prós e contras do setor privado e projetar uma eventual carreira de longo prazo, ficou claro pra mim que eu não me realizaria. Eu queria algo mais. Eu precisava sair da zona de conforto do “caminho tradicional”.
Por isso, em julho de 2016, decidi tomar uma decisão radical: desliguei-me do meu emprego na PepsiCo com o objetivo de estudar para concursos de forma integral.
Quem é concurseiro sabe: a maioria das pessoas que decidem mergulhar no mundo dos concursos começa a estudar pra Auditor Fiscal da Receita Federal. É um cargo famoso e midiático, cujas funções são conhecidas pela população. Seria o óbvio a se fazer.
E foi o que eu fiz. No dia 11 de julho de 2016, realizei minha matrícula num cursinho presencial e comecei a construir meu caminho rumo à aprovação, focado na Receita Federal, cujo último certame ocorrera em 2014.
Os primeiros meses não foram nada fáceis. Tive que conciliar cinco atividades: as matérias do último semestre da faculdade, TCC, exame do CFC (Conselho Federal de Contabilidade – a “OAB dos contadores”), cursinho presencial das 7 às 10 da noite em pleno centro de São Paulo e mergulhar nos livros no tempo que sobrava.
Lembro-me claramente das primeiras vezes que abria o livro de Direito Tributário. Eu costumava demorar uns 30min por página dado o tempo que eu ficava no dicionário pesquisando o significado de termos jurídicos que nunca havia visto na vida, como Jurisprudência, líquido e certo, ad nutum, ex nunc, ex tunc, erga omnes, etc.
Apesar dessas dificuldades, eu tenho a consciência de que fui um privilegiado. Com roupa lavada, comida na mesa e o patrocínio para comprar os melhores materiais do mercado, meus pais me deram o melhor suporte que alguém poderia ter para seguir firme e unicamente focado nos estudos. Muito obrigado a vocês dois!
Porém, nem tudo foram flores. Alguns concurseiros, incluindo eu, demoram a entender que a vida a sua volta continua. O mundo não para de girar pra gente estudar e, nesses primeiros meses de estudo, tive que lidar com um término de relacionamento.
Contudo, segui firme e focado rumo ao objetivo graças às conversas e conselhos com minha ex-colega de cursinho e hoje grande amiga Fernanda. Tamo junto, Fe!
E chegou o final de 2016: viagens, natal, ano novo, festas, comes e bebes, férias…. NADA DISSO! Como todo bom concurseiro raiz, passei as festas de final de ano estudando.
Hoje posso dizer que cada feriado e final de semana estudando os diversos ramos do Direito, Contabilidade, Administração, Informática, Economia, Português, Raciocínio Lógico, Matemática Financeira, Estatística, Auditoria, dentre outras matérias, valeu a pena. E como valeu.
Bem, eu jurava que só voltaria a pensar em namorar depois de ser aprovado, mas, para minha grata surpresa, no início de 2017, o destino me apresentou a Carol.
Carol, muito obrigado por todo o apoio e confiança que você depositou em mim e no meu sonho. Obrigado por ter vivido e respirado tudo isso comigo, por ter compreendido que minhas diversas ausências foram necessárias. Você foi determinante nessa conquista!
Dando continuidade ao depoimento, eu estava vendo 2017 passar e nem cheiro do concurso da Receita. Era preciso olhar para os lados, essa situação morosa me incomodava.
Eu olhei e achei uma alternativa: concurso de Auditor Fiscal do Município de Jundiaí, 2 vagas, provas em julho/17. Apesar de ter algumas matérias diferentes da Receita, como a temida Contabilidade Pública, resolvi dar um gás e prestar. Vai que dê em alguma coisa né….
E deu! Fiquei em 23º lugar e classifiquei para a segunda etapa do concurso (provas discursivas aplicadas para os 50 primeiros). Foi minha primeira vitória.
Após minha aventura em Jundiaí, os boatos para o concurso do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) começaram a ficar grandes e, como ainda não havia perspectiva para o concurso da Receita, resolvi tirar o foco da Área Fiscal e mudar para a Área de Controle (Tribunais de Contas).
Permitam-me fazer um adendo, de forma resumida, para quem não sabe. O Auditor Fiscal tem como função primária garantir a arrecadação dos tributos para o governo, enquanto os auditores dos Tribunais de Contas (Auditores de Controle Externo) têm como função precípua a auditoria de como esse dinheiro público está sendo investido. Ou seja, é o outro lado da moeda.
Essa decisão de mudar o foco da Receita pro TCE-SP foi pensada e repensada, visto que há uma gama de matérias da Área de Controle que não caem no concurso da Receita e não seriam aproveitadas, como a bendita Contabilidade Pública que, por ironia do destino, eu já havia estudado para o certame de Jundiaí. As peças estavam começando a se encaixar.
Setembro de 2017: edital do concurso do TCE-SP na praça para provas em dezembro do mesmo ano. Banca Vunesp. Ele veio com uma boa quantidade de vagas e eu já havia coberto cerca de 80% do seu conteúdo programático. Eu sentia que essa era uma chance incrível, principalmente pelo fato de não precisar mudar de estado caso lograsse êxito.
Seguindo as dicas do mestre Alexandre Meirelles (que ainda será propriamente agradecido nesse depoimento), peguei uma cartolina, dividi-a em quadradinhos, como se fosse um calendário, coloquei as datas e marquei de caneta os compromissos inadiáveis. O restante do tempo (de segunda a sábado e domingo de manhã) seria de estudo. Descansaria minha mente apenas no domingo à tarde.
Para minha felicidade, tive a força de vontade de executar o que foi planejado. Estudava entre 42 e 50 horas líquidas (cronometradas) na semana. Diminui a frequência dos exercícios aeróbicos que fazia na academia (mas continuava indo, é uma excelente válvula de escape) e não tinha mais aula no cursinho presencial.
Li e reli as dezenas de leis que cairiam na prova, revisei diversas vezes os livros das matérias cobradas no certame e resolvi, literalmente, milhares de exercícios de concursos anteriores da Vunesp lá no TEC Concursos. Julgo essa ferramenta determinante para o sucesso por mim alcançado.
O tempo passou voando. Dia 16/dez, véspera da prova, eu não estudei. Não abri um livro e sequer li um resumo (que aliás fazia em formatos de fichas, com diversas canetas coloridas e esquemas para facilitar a memorização). Eu fiquei o dia todo no sofá deitado vendo TV.
Porém, como pessoa extremamente ansiosa que sou, não preguei o olho durante a noite anterior à prova. Rolei de um lado pro outro da cama, chorei, botei o travesseiro na boca e gritei. Estava desesperado. A ansiedade transbordava no meu corpo e estava morrendo de medo de colocar tudo a perder pela falta de sono, visto que a prova era de manhã (8hs).
Depois de desistir de tentar dormir, às 5hs da manhã tomei um longo banho, comi um café da manhã reforçado e fui fazer a prova.
Eu cheguei e vi centenas de pessoas na frente do meu local de prova esperando o portão abrir. Tava com tanto sono que a quantidade de gente nem deu pra me assustar. Era uma Uninove ali na Barra Funda, quem é de São Paulo deve conhecer.
Como eu não tomo café, resolvi comprar um Red Bull de 500ml pra ver se dava uma acordada. Lembro até que paguei R$ 12,00 no dito cujo, nem achei tão caro.
Abrem os portões. A multidão entra, vários lendo apostilas de banca de jornal de última hora (esses eu já sabia que não passariam hahahaha). Cheguei na frente da sala que faria a prova, sentei ao lado da porta, pluguei meus fones de ouvido e comecei a escutar música bem alto. Era música eletrônica, fazia meu cérebro relaxar e, não sei o porquê, eu ficava mais calmo pra estudar e fazer exercícios.
Enfim, 07:50, 10 minutos antes da prova, eu entro na sala, coloco meu celular sem bateria no saquinho e aguardo os fiscais entregarem a prova. Esses minutos entre sentar e esperar o caderno de questões pareceram horas!
Então, ao iniciar a resolução da prova, eu matava as questões no automático. Eu praticamente não pensava para responder. Isso aconteceu pela quantidade enorme de horas estudadas e exercícios de provas anteriores que eu fiz. Eu lia as primeiras linhas da questão e já sabia o que o examinador ia pedir, já sabia quais seriam as alternativas e as pegadinhas daquele assunto. Eu realmente tinha me preparado num altíssimo nível.
Falo isso de boca cheia mesmo, porque eu estudei pra cacete. Eu paguei o preço da vitória com a bunda sentada na cadeira e o livro na minha frente.
Aproveito o gancho para agradecer o grande mestre Alexandre Meirelles, o guru dos concursos da Área Fiscal. Seus livros “Como estudar para Concursos” e “Concursos Fiscais” foram essenciais para não só aprender as principais técnicas de estudo como também fortalecer meu psicológico e, consequentemente, aumentar meu nível de rendimento como um todo. Meu sincero obrigado ao Mestre Yoda!
Enfim, voltando ao dia D, eu terminei a prova com uns 40 minutos de antecedência, já tendo passado as respostas pro gabarito. Na hora eu só pensava “caramba, ou eu fui muito bem, ou eu rodei”. Para minha felicidade, foi a primeira opção que aconteceu.
Acertei 111 das 120 questões (92,5% da prova) e fui aprovado no concurso!
Bom, antes de finalizar, gostaria de expor um único arrependimento que tive nesse período de estudo.
A prova do TCE foi em 17/12/2017 e eu estou sendo nomeado em 15/11/2018, ou seja, quase um ano depois.
“Ué André, e qual é o arrependimento?”
Pois é meu caro leitor, eu fiquei todo esse tempo entre a prova e a nomeação sem estudar, esperando a convocação.
É claro que eu curti não fazer nada por um tempo e finalmente poder fazer minhas tão sonhadas aulas de guitarra, mas fazer nada por muito tempo cansa, acredite. A Copa do Mundo ajudou a distrair, mas realmente foi um período sabático, “morto”.
A grande lição é: só pare de estudar quando for nomeado. Com isso você elimina qualquer sentimento de culpa e insegurança que você venha a ter, como eu tive, e ainda continua prestando boas oportunidades de concurso que aparecerem!
Bom pessoal, acho que é isso. Coloco-me a disposição para quaisquer perguntas ou curiosidades. Muito obrigado a você que leu até aqui. Espero ter contribuído de alguma forma.
Ah, eu também tenho um perfil no Instagram que acompanhou o dia-a-dia desses 18 meses de concurseiro: projeto.andreauditor. Se interessar, dá uma fuçada lá!
Um obrigado final a todos que, de alguma forma, colaboraram para essa conquista.
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