Categorias: Concursos Públicos

LÓGICA na nota de corte

Olá pessoal,

Para quem não me conhece, sou professor de Matemática, Estatística e Raciocínio Lógico no Estratégia, e atualmente exerço o cargo de Auditor-Fiscal da Receita Federal. Resolvi prestar esse concurso quando trabalhava na iniciativa privada, exatamente a 4 meses e 18 dias da data da prova de primeira fase. Obviamente eu não seria capaz de estudar, com grande profundidade, todas as matérias. O que me fazia acreditar que eu seria capaz de passar (e, portanto, me motivava a estudar mesmo assim)?

É isso que pretendo compartilhar com vocês nesse artigo. Eu tinha em minha mente: eu não preciso saber toda a matéria para passar. Para começar, dificilmente a nota de corte seria superior a 80% (e de fato foi próximo disso, considerando as duas fases). Até aqui, você poderia perguntar: então preciso saber 80% da matéria (ou saber responder corretamente 80% das questões)? É bastante coisa!

Não. Você pode saber menos. Basta relembrarmos alguns conceitos básicos de probabilidade. Para simplificar, imagine que a prova tem 100 questões, todas com o mesmo peso. Lembrando que a prova é de múltipla escolha, com 5 alternativas por questão (porém somente 1 correta), existem diversas formas de se acertar 80 delas. Vamos imaginar algumas?

Caso 1. Responder, com certeza, 75 questões. Marcar aleatoriamente (vulgarmente, chutar) as 25 restantes.

Qual é a probabilidade de acertar uma questão “no chute”, isto é, marcando uma resposta aleatoriamente? Se apenas 1 alternativa é correta dentre 5, a chance de marcar a correta é de 1/5, ou 20%. Chutando 25 questões, é esperado que você acerte 5 (20% de 25). Dessa forma, você tem grande chance de chegar nos 80% de aproveitamento. Entretanto, esse cenário é muito dramático. Vamos elaborar mais um pouco no caso 2, tentando chegar em algo mais realista.

Caso 2. Responder, com certeza, 70 questões (já ficou mais fácil!). Nas outras 30 questões, apesar de você não saber responder com certeza, pode ser que você fique entre 2 alternativas em 15 e não tenha nem idéia quanto as outras 15.

Qual a chance de acertar uma questão quando você elimina as demais alternativas e fica somente entre 2 delas? Ora, temos 1 alternativa certa entre 2 no total, logo a chance é de ½, ou 50%. Assim, das 15 questões, você deve acertar cerca de 7,5.
E, quanto às demais 15 questões sobre as quais você não fazia idéia do assunto, a sua chance de acertar no chute é de 20%, como vimos acima, ou seja, cerca de 3 questões.
Somando: 70 + 7,5 + 3 = 80,5. Mesmo sabendo com certeza “apenas” 70 questões, você tem grande chance de chegar nos 80% de aproveitamento.

Caso 3. Responder, com certeza, 60 questões (agora sim!!). Ficar entre 2 alternativas em 30 questões entre 3 alternativas nas outras 10.
Fazendo a conta rapidamente, a sua nota deve ser por volta de 60 + 50%*30 + 33,3%*10 = 78,3. Está quase nos 80, mesmo sabendo apenas 60 questões. Isso sem contar com as anulações, que sempre ocorrem…

É óbvio que eu não fui aprovado devido a essas continhas, mas sim pelo meu estudo daquele período. Entretanto, elas serviram para 2 coisas fundamentais. Primeiro para me ESTIMULAR a estudar, uma vez que eu via que realmente era possível passar, ainda que intuitivamente parecesse o contrário. Segundo, e mais importante: para ORIENTAR os meus estudos. Como assim? Ora, se eu sabia que era possível passar mesmo no caso 3 (marcar com certeza apenas 60% das questões), isso significava que eu poderia estudar bem rapidamente/superficialmente alguns tópicos do edital que eram muito extensos ou complexos. Em outras palavras, eu estava assumindo o risco de errar uma eventual questão daquela matéria. Até porque eu sabia que, na pior das hipóteses, eu teria 20% de chance de acertá-la (no chute), e, se conseguisse eliminar algumas alternativas, poderia ter até 50% de chance de acertá-la (se ficasse entre 2 alternativas).
Porém, eu estava otimizando meu tempo, utilizando-o para estudar várias outras matérias de mais fácil assimilação e que poderiam garantir aqueles 60 acertos que mencionei no caso 3!
Espero que este artigo te ajude a planejar os seus estudos, não somente nas disciplinas que leciono, mas em todas as demais.

Vejo vocês em nossos cursos para as provas da SEPLAG/RJ e TRT/11a. Região!!!

Saudações,

Arthur Lima
arthurlima@estrategiaconcursos.com.br

Obs.:
– estou assumindo que você efetivamente soube eliminar as alternativas erradas, não eliminando uma alternativa certa sem querer.
– propositalmente, não entrei no mérito de avaliar desvio-padrão aqui.
– pode ser que o seu concurso tenha, tradicionalmente, uma nota de corte muito alta. Nesse caso, a abordagem precisa ser um pouco diferente, mas os conceitos acima se mantém.
– é bom esclarecer que não saí propriamente do "zero". Já tinha uma boa idéia de algumas matérias (ex.: economia), e tinha prestado a prova de 2005 como teste (foi um desastre. Não preste concurso sem estudar direito rs).

Coordenação

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