Olá, pessoal! Tudo tranquilo? Passei aqui para deixar a correção da prova de Auditor do ISS São José do Rio Preto. Na minha opinião, a prova veio dentro do padrão clássico FCC, com questões repetidas recorrentemente. Acredito que o nível tenha sido um pouco mais baixo que o esperado para uma prova de Auditor, vejo prova de Técnico muito mais “caveira”, hehe. Há possibilidade realista de recurso na questão 7, pois houve um erro de digitação. vamos à correção.
Atenção: Parar responder às questões de números 1 a 4, baseie-se no texto abaixo.
Custos da ciência
Peça a um congressista dos Estados Unidos para destinar um milhão de dólares adicional à Fundação Nacional da Ciência de seu país a fim de financiar pesquisas elementares, e ele, compreensivelmente, perguntará se o dinheiro não seria mais bem utilizado para financiar a capacitação de professores ou para conceder uma necessária isenção de impostos a uma fábrica em seu distrito que vem enfrentando dificuldades.
Para destinar recursos limitados, precisamos responder a perguntas do tipo “O que é mais importante?” e “O que é bom?”. E essas não são perguntas científicas. A ciência pode explicar o que existe no mundo, como as coisas funcionam e o que poderia haver no futuro. Por definição, não tem pretensões de saber o que deveria haver no futuro. Somente religiões e ideologias procuram res- ponder a essas perguntas.
(Adaptado de: HARARI, Yuval Noah. Sapiens − Uma breve história da humanidade. Trad. Janaína Marcoantonio. Porto Alegre: L&PM, 2018, p. 283)
Ao tratar dos financiamentos que demanda uma pesquisa científica, no âmbito do Congresso dos Estados Unidos, o autor acredita que
(A) os custos levantados pelo pesquisador serão avaliados por quem se dedica integralmente a relevar os interesses acadêmicos.
(B) eles só serão concedidos caso o pesquisador discrimine a efetiva contribuição da pesquisa para o respectivo setor da ciência.
(C) sua concessão estará basicamente condicionada pela especificação técnica da proposta encaminhada.
(D) a ideologia de quem encaminha o pedido é que decidirá pelo acolhimento ou rejeição da proposta de pesquisa.
(E) o proponente da pesquisa deverá enfrentar questões que avaliam as prioridades de investimento do dinheiro público.
Comentários:
Para destinar os recursos limitados, deve-se escolher o que prioritário entre várias possibilidades:
Para destinar recursos limitados, precisamos responder a perguntas do tipo “O que é mais importante?” e “O que é bom?”
Este raciocínio está reproduzido em:
o proponente da pesquisa deverá enfrentar questões que avaliam as prioridades de investimento do dinheiro público.
Gabarito letra E.
Vejamos o problema das demais:
A) Incorreto. Não é o pesquisador que levanta os custos nem predominam os interesses acadêmicos. Não é o pesquisador quem destina os recursos; no caso, é o congressista.
B) Incorreto. A concessão obedecerá a critérios religiosos ou ideológicos, não a análise de efetiva contribuição.
C) Incorreto. A concessão obedecerá a critérios religiosos ou ideológicos, não técnicos.
D) Incorreto. De quem encaminha não, mas de quem está responsável pela decisão.
No segundo parágrafo, o autor do texto
(A) assegura que os achados de uma pesquisa científica não são necessariamente mais limitados que os da religião.
(B) lembra que os procedimentos científicos não se confundem com projeções de valor religioso ou ideológico.
(C) admite que a ideologia e a religião podem ser determinantes para a metodologia de projetos científicos.
(D) postula que os valores subjetivos de determinada cultura podem ser parâmetros para a boa pesquisa acadêmica.
(E) mostra que as perguntas feitas pela ciência, sendo as mesmas que fazem a religião e a ideologia, têm respostas distintas.
Comentários:
Para destinar recursos limitados, precisamos responder a perguntas do tipo “O que é mais importante?” e “O que é bom?”. E essas não são perguntas científicas. A ciência pode explicar o que existe no mundo, como as coisas funcionam e o que poderia haver no futuro. Por definição, não tem pretensões de saber o que deveria haver no futuro. Somente religiões e ideologias procuram res- ponder a essas perguntas.
O autor afirma que a decisão de priorizar a aplicação do dinheiro público em determinada área não obedece a critério científico, mas sim religioso ou ideológico.
Gabarito letra B.
Vejamos o problema das demais:
A) Incorreto. Ele se refere à limitação de recursos, não de achados.
C) Incorreto. Para a metodologia não, para a escolha de financiamento.
D) Incorreto. Para a “boa pesquisa” não, para a escolha de financiamento.
E) Incorreto. As perguntas não são as mesmas.
Considerando-se o contexto, traduz-se adequadamente o sentido de um segmento do texto em
(A) não tem pretensões de saber (2º parágrafo) = esquiva-se de ambições acadêmicas
(B) a fim de financiar pesquisas elementares (1º parágrafo) = com o fito de administrar razões básicas
(C) financiar a capacitação de professores (1º parágrafo) = sublevar a capacidade do magistério
(D) destinar recursos limitados (2º parágrafo) = propiciar a limitação de investimentos
(E) uma necessária isenção de impostos (1º parágrafo) = uma imprescindível liberação de tributos
Comentários:
Imprescindível é aquilo que não pode ser dispensado, é essencial, necessário. Isenção de impostos é justamente a liberação do pagamento.
Gabarito letra E.
Vejamos o problema das demais:
A) Incorreto. Esquivar é desviar, não há relação com “pretensão”.
B) Incorreto. Financiar (pagar) é bem diferente de administrar (gerir).
C) Incorreto. Sublevar é “revoltar”, não há relação com financiar.
D) Incorreto. Propiciar é “promover”, “causar”, “proporcionar”, não equivale a “destinar”.
Estão plenamente observadas as normas de concordância verbal na frase:
(A) A poucos cidadãos comuns deverão interessar, em meio a propostas de cunho científico, o tipo de investigação que movem os pesquisadores.
(B) Não cabem nem à ideologia nem à religião interessar-se pelos mesmos procedimentos de investigação que interessam à ciência.
(C) Não é da alçada da ciência positiva aquelas interrogações cujas respostas se encontram no âmbito da religião ou da ideologia.
(D) Ao tratar das questões de âmbito científico, os pesquisadores devem conduzir-se pelos métodos que sua investigação precisa adotar.
(E) Para que se lhe conceda as verba solicitadas, o proponente de uma pesquisa deverá realçar os benefícios econômicos de seu projeto.
Comentários:
As questões de sintaxe da FCC trabalham sempre com frases invertidas, embaralhadas. Vamos marcar aqui os termos que denunciam os erros de concordância. Façamos as devidas correções:
(A) A poucos cidadãos comuns DEVERÁ interessar, em meio a propostas de cunho científico, o TIPO de investigação que MOVE os pesquisadores.
(B) Não CABE nem à ideologia nem à religião [interessar-se pelos mesmos procedimentos de investigação que interessam à ciência.]
Aqui o sujeito é oracional e o verbo deve ficar no singular:
[interessar-se pelos mesmos procedimentos de investigação que interessam à ciência.] Não CABE nem à ideologia nem à religião
[ISTO] Não CABE nem à ideologia nem à religião
(C) Não SÃO da alçada da ciência positiva aquelas INTERROGAÇÕES cujas respostas se encontram no âmbito da religião ou da ideologia.
(D) Ao tratar das questões de âmbito científico, os pesquisadores devem conduzir-se pelos métodos que sua investigação precisa adotar.
O infinitivo “tratar” tem como referente “os pesquisadores”, mas sua flexão é facultativa. De modo geral, após preposições, o infinitivo pode flexionar ou não. Questão correta.
(E) Para que se lhe conceda as verbas solicitadas, o proponente de uma pesquisa deverá realçar os benefícios econômicos de seu projeto.
Gabarito letra D.
Atenção: Para responder às questões de números 5 a 7, baseie-se no texto abaixo.
Auditar, ouvir
A etimologia revela a origem quase sempre ignorada ou esquecida das palavras. Conhecê-las na raiz de seu surgimento é conhecer um pouco da história e das práticas humanas. O termo auditor, por exemplo, prende-se ao verbo audire, do latim, e significa “aquele que ouve”. Não é difícil imaginar que a função original de um auditor seria, pois, ouvir de fato o que dizem os elementos de uma operação ou de um processo, apurar o que se diz ou o que se cala num documento. “Ouvir as partes” é como se designa um rito do processo judicial. Também o bom jornalismo nunca deixa de ouvir as diversas versões de um fato. Há casos, pois, em que “ouvir” e “audição” deixam de ser apenas o exercício de um sentido humano para ganharem o sentido mais específico de “auditar” e de “auditoria”.
(Hermes de Toledo, inédito)
Estabelece-se no texto uma relação entre
(A) o sentido figurado de ouvir e sua conversão moderna para o sentido de “proclamar”.
(B) o sentido original de auditor e a função mais atual daquele que ouve investigando.
(C) a significação original de ouvir e o apagamento dessa significação nas práticas jurídicas.
(D) o sentido figurado de ouvir e o desvio do sentido dessa figuração ao longo da História.
(E) a significação original de auditoria e o seu sentido mais moderno de “condenação rigorosa”.
Comentários:
A relação é do sentido de “auditor” e a relação com sua função, veja como está literal no texto:
O termo auditor, por exemplo, prende-se ao verbo audire, do latim, e significa “aquele que ouve”. “Ouvir as partes” é como se designa um rito do processo judicial. Também o bom jornalismo nunca deixa de ouvir as diversas versões de um fato.
Gabarito letra B.
Está clara e correta a redação deste livre comentário sobre o texto:
(A) Quando se ignora as funções etimológicas de uma palavra, é frequente que se perca com elas os sentidos adquiridos em seus usos e costumes.
(B) Também no bom jornalismo que se deve praticar, ouve-se as partes que uma notícia se constitui, em vez de apenas uma delas.
(C) Devem-se aos vários sentidos de uma palavra a percepção de que dependendo do contexto é que ocorre sua significação.
(D) Um auditor preserva em sua escuta a capacidade de descriminar os elementos processuais que estejem em litígio.
(E) A etimologia pode ser decisiva para que venhamos a compreender, com a história das palavras, muito da nossa história social.
Comentários:
Cuidado: na voz passiva sintética (VTD+SE), o verbo concorda normalmente com o sujeito:
Casas são vendidas
VendeM-se CASAS.
Façamos as devidas marcações que indicam os erros:
(A) Quando se ignoraM as FUNÇÕES etimológicas de uma palavra, é frequente que se percaM com elas os SENTIDOS adquiridos em seus usos e costumes.
As funções são ignoradas… Os sentidos são perdidos
(B) Também no bom jornalismo que se deve praticar, ouveM-se as PARTES que uma notícia se constitui, em vez de apenas uma delas.
(C) DEVE-se aos vários sentidos de uma palavra a PERCEPÇÃO de que dependendo do contexto é que ocorre sua significação.
(D) Um auditor preserva em sua escuta a capacidade de descriminar os elementos processuais que estejAm em litígio.
“SEJE” E “ESTEJE” NÃO EXISTEM!
(E) A etimologia pode ser decisiva para que venhamos a compreender, com a história das palavras, muito da nossa história social.
Questão correta. O núcleo é singular (etimologia) e o verbo está no singular. O elemento adverbial foi corretamente isolado por vírgulas e o verbo conjugado no modo subjuntivo (venhamos).
Gabarito letra E.
Considere as seguintes orações:
I. É muito útil conhecer o sentido etimológico das palavras.
II. O sentido etimológico é também um sentido histórico.
III. O sentido etimológico costuma ser negligenciado.
Essas três orações reformulam-se e integram-se, com correção, coerência e clareza, neste período único:
(A) A utilidade das palavras em seu sentido etimológico que costuma ser negligenciado, está ademais em ser também um sentido histórico.
(B) Porquanto venha a ser negligenciado, nem por isso o sentido etimológico se associa ao sentido histórico das palavras.
(C) Negligencia-se o útil o reconhecimento do sentido etimológico das palavras, que é também um sentido histórico.
(D) Sendo um sentido histórico, ainda quando negligenciado, a etimologia das palavras não deixa de ter a sua grande utilidade.
(E) Ao ser muito útil, o sentido etimológico das palavras é negligenciado, apesar de seu conteúdo eminentemente histórico.
Comentários:
RECURSO!!
Basicamente temos as informações de que o sentido etimológico é também histórico, mas costuma ser negligenciado. Unindo tudo, usando a informação II em forma de oração adjetiva, temos:
Negligencia-se o útil o reconhecimento do sentido etimológico das palavras, que é também um sentido histórico.
O problema é que há um evidente erro de digitação:
Negligencia-se o útil O reconhecimento…
Percebam que há um artigo completamente sem cabimento. Dessa forma, não há gabarito correto para a questão.
Vejamos o problema básico das demais:
A) Incorreto. Há vírgula entre sujeito e verbo.
B) Incorreto. No lugar de “porquanto” (porque) deveria ser usado “embora”. Além disso, o sentido etimológico é também histórico e a alternativa afirma o contrário disso.
D) Incorreto. A relação de concessão exposta no “ainda que” não está na redação original.
E) Incorreto. “Ao ser muito útil” indica tempo, outra noção diversa das informações originais.
Gabarito letra C.
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Ver comentários
Ufaaa professor, pelo amor de Deus, ainda bem que você refez o comentário. Não tinha lógica essa redação proposta pela banca.
Professor, corrige a prova de agente administrativo.
Eu lhe mando a prova