Olá, amigos e alunos do Estratégia!
Vamos bater um papo sobre a prova do ISS – Cuiabá, ocorrida no último domingo! Um único texto, pequeno, com linguagem simples. A FGV trouxe muitas questões de interpretação textual, inclusive mesclando com a gramática! Vale conferir!
ATENÇÃO! Cabe recurso na questão 10!!!
Texto
Os porquês da diversidade
Das coisas mais marcantes da adolescência, minha memória traz os tempos de estudo e dúvidas sobre o futuro. De forma contrária às principais críticas que se ouve hoje, meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos para uma formação dita cidadã, e não só voltada aos vestibulares. Hoje trabalhando com educação, tenho plena consciência de que um ensino inovador pode surgir a partir de práticas consideradas tradicionais e que uma roda de conversa na escola pode ser tão ou mais revolucionária quanto qualquer aplicativo educacional. Percebo que o que torna o aluno socialmente engajado é a reflexão constante, a troca de experiências, a diversidade de conhecimentos e opiniões que ele aplica e vê aplicarem a um objeto de estudo, de forma digital ou analógica. [….]
É disso que trata a educação: formar indivíduos engajados uns com os outros, socialmente e que saibam conviver. Está aí também a grande diferença da educação familiar, quando convivemos apenas com nossos pares. A escola nos permite entrar em contato de forma sistemática com outros mundos, outros olhares, outros saberes, opiniões diferentes das nossas, culturas até então desconhecidas. É o convívio com professores e colegas que nos dá suporte para refletir sobre nossas posições, sermos questionados sobre opiniões divergentes e, assim, pensarmos num projeto de vida de forma plena.
(Ivan Aguirra, Educatrix, Moderna, ano 5, nº 9 2015.)
01. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
As memórias do passado, contadas ao início do texto, servem para
(A) contrapor o ensino do passado ao do presente.
(B) revelar vivências de grande valor afetivo.
(C) indicar críticas ao Ensino Médio tradicional.
(D) introduzir uma reflexão sobre o valor da escola.
(E) apontar para os momentos de dúvida da adolescência.
Comentário: a resposta correta para a questão é a D. Apontando para o próprio passado, o autor introduz a ideia da grande importância que a escola possui na vida de alguém. É justamente a reflexão sobre o valor que escola tem ao formar, acima de tudo, cidadãos é a tônica de todo o texto. Quando o autor pensa em sua adolescência, ele lembra logo do tempo da escola, o que comprova a influência dessa fase na formação dele. Cuidado com a letra B. Embora a experiência seja pessoal, ou seja, com valor afetivo, não foi com o objetivo de falar sobre os próprios sentimentos que o autor introduziu o texto com um relato pessoal. Ele tece uma reflexão a partir daí.
GABARITO: D
02. CONCORDÂNCIA, REGÊNCIA, PONTUAÇÃO.
“De forma contrária às principais críticas que se ouve hoje, meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos para uma formação dita cidadã, e não só voltada aos vestibulares”.
Assinale a opção que indica o erro de norma culta presente no fragmento acima.
(A) O uso inadequado do acento grave em “às principais críticas”.
(B) O erro de concordância na forma verbal “se ouve”.
(C) O emprego incoerente do vocábulo “sim”, entre vírgulas.
(D) O erro de concordância no emprego do vocábulo “muito”.
(E) O mau uso da forma “aos” em lugar de “para os”.
Comentário: vejamos cada uma das alternativas.
(A) O uso inadequado do acento grave em “às principais críticas”.
A crase está justificada no trecho pela aglutinação do “a” regido por “contrárias” e do “as” que acompanha “principais críticas”. Não há inadequação.
(B) O erro de concordância na forma verbal “se ouve”.
Encontramos o gabarito da questão. Realmente há erro de concordância na forma verbal “se ouve”. Trata-se de uma voz passiva sintética tendo “principais críticas” por sujeito. Estando o sujeito no plural, o verbo deve concordar com ele. O correto é o seguinte: “De forma contrária às principais críticas que se ouvem hoje”. Reescrevendo para melhor compreensão: as principais críticas são ouvidas.
(C) O emprego incoerente do vocábulo “sim”, entre vírgulas.
O “sim” está entre vírgulas por representar uma ênfase dada pelo autor àquilo que está sendo dito. É um comentário alheio à estrutura frasal, deve, portanto, estar isolado por vírgulas. Observem, inclusive, que o vocábulo pode ser retirado sem que afete a coerência do trecho.
(D) O erro de concordância no emprego do vocábulo “muito”.
“Muito” está no singular por ser um advérbio de intensidade. Todo advérbio é invariável.
(E) O mau uso da forma “aos” em lugar de “para os”.
Normalmente usa-se o para “voltado” a preposição “para”, mas também são aceitas as preposições “a” ou “contra”. Sendo assim, as duas formas estariam corretas.
GABARITO: B
03. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL (INFERÊNCIA)
“De forma contrária às principais críticas que se ouve hoje, meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos para uma formação dita cidadã, e não só voltada aos vestibulares”.
Deduz-se desse segmento do texto que
(A) a preparação para os vestibulares pode ser prejudicial a uma formação integral.
(B) as críticas atuais já apontavam os problemas vividos pelo autor do texto.
(C) as experiências do autor confirmam uma preparação voltada para o vestibular.
(D) a formação dita cidadã se opõe integralmente à preparação para o vestibular.
(E) as principais críticas de hoje condenam a formação dita cidadã.
Comentário: existe uma crítica implícita no trecho em questão que é a forma de ensinar praticada hoje em dia, pela maioria das escolas, principalmente no segundo grau: aquela voltada para os vestibulares. Ao prepararem os alunos para a “guerra” que é um vestibular, as escolas deixam a desejar na formação cidadã, o que não acontecia na época em que o autor estava na escola.
GABARITO: A
04. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL.
Segundo o primeiro parágrafo do texto, o engajamento só não advém
(A) de pequenas e reveladoras conversas revolucionárias.
(B) do contato com as diversas diferenças, que são os outros.
(C) do acesso a distintos campos do conhecimento.
(D) da aplicação de conhecimentos a um objeto digital ou analógico.
(E) do direcionamento do pensamento em busca de seu próprio progresso.
Comentário: primeira coisa que devemos saber para fazer a questão que se apresenta ´que “advir” significa vir depois, resultado. O engajamento ocorre depois de algumas práticas ligadas à escola, segundo o autor: “…uma roda de conversa na escola pode ser tão ou mais revolucionária quanto qualquer aplicativo educacional. Percebo que o que torna o aluno socialmente engajado é a reflexão constante, a troca de experiências, a diversidade de conhecimentos e opiniões que ele aplica e vê aplicarem a um objeto de estudo, de forma digital ou analógica”. Resumindo, o engajamento é decorrente práticas sociais ligadas ao que foi exposto nas alternativas A, B, C e E. O engajamento só não advém “da aplicação de conhecimentos a um objeto digital ou analógico” (alt. D), pois isso é o resultado de uma prática engajada.
GABARITO: D
05. INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
“Hoje trabalhando com educação, tenho plena consciência de que um ensino inovador pode surgir a partir de práticas consideradas tradicionais e que uma roda de conversa na escola pode ser tão ou mais revolucionária quanto qualquer aplicativo educacional”.
Por esse segmento do texto depreende-se que
(A) a modernidade educacional se apoia em práticas tradicionais.
(B) os aplicativos educacionais podem subverter a ordem pública.
(C) os métodos tradicionais podem gerar práticas inovadoras.
(D) as rodas de conversa podem levar a revoluções.
(E) o importante não é o método, mas o objeto.
Comentário: o autor considera uma roda de conversa como uma prática tradicional de ensino se comparada aos aplicativos tão atuais nos dias de hoje. Ele afirma que as práticas tradicionais podem funcionar muito bem no ensino atual, provocando grande inovação.
GABARITO: C
06. REGÊNCIA. TERMOS DA ORAÇÃO.
Assinale a opção que indica a frase em que a preposição “de” tem sua presença na frase por uma exigência de um termo anterior.
(A) “minha memória traz os tempos de estudo”.
(B) “meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos”.
(C) “tenho plena consciência de que um ensino inovador pode surgir”.
(D) “uma roda de conversa na escola”.
(E) “nos permite entrar em contato de forma sistemática”.
Comentário: a única alternativa em que a preposição “de” aparece como exigência do termo anterior é a C. O nome “consciência” rege a preposição, sendo, então, obrigatória (consciência de alguma coisa). Observe ainda que o “de que” está introduzindo uma oração completiva nominal. Nas alternativas A, B e D, o “de” acompanha o adjunto adnominal, já na alternativa E, introduz o modo como é permitido entrar em contato.
GABARITO: C
07. REESCRITA. COESÃO E COERÊNCIA.
“É disso que trata a educação: formar indivíduos engajados”.
Colocando o segmento sublinhado na forma nominal, tem-se:
(A) “indivíduos engajados se formarem”.
(B) “formarem-se indivíduos engajados”.
(C) “o engajamento e formação de indivíduos”.
(D) “que se formem indivíduos engajados”.
(E) “a formação de indivíduos engajados”.
Comentário: transformar o segmento em uma forma nominal equivale a substituir o verbo “formar” por um nome correspondente, o que está claro na alternativa E. O verbo foi substituído pelo equivalente “a formação”. Cuidado, a alternativa C não pode ser o gabarito, já que a forma “engajados” foi alterada provocando alteração do sentido original. Nas demais alternativas, o verbo “formar” permaneceu ainda que conjugado.
GABARITO: C
08. PRONOMES. REMISSÃO E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL.
Segundo o texto, a diferença fundamental entre a educação escolar e a educação familiar é que esta
(A) procura evitar, em função do risco social, nosso contato com realidades externas.
(B) dificulta nosso produtivo acesso à diversidade.
(C) libera nosso olhar para a aquisição de diferentes visões de mundo.
(D) centraliza sua atenção no terreno afetivo.
(E) impede e paradoxalmente permite o conhecimento de outras culturas.
Comentário: vamos analisar o enunciado:
Segundo o texto, a diferença fundamental entre a educação escolar e a educação familiar é que esta.
A que se refere o demonstrativo “esta”? Ao termo mais próximo na superfície do texto, ou seja, a “educação familiar”. Sabendo disso, entendemos, a partir do texto como um todo, que dentro da família não temos acesso a diversidades como acontece fora dela.
GABARITO: B
09. ANÁLISE SINTÁTICA.
Assinale a opção que indica a frase que se encontra na ordem direta.
(A) “Das coisas mais marcantes da adolescência, minha memória traz os tempos de estudo e dúvidas sobre o futuro”.
(B) “De forma contrária às principais críticas que se ouve hoje, meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos para uma formação dita cidadã, e não só voltada aos vestibulares”.
(C) “Hoje trabalhando com educação, tenho plena consciência de que um ensino inovador pode surgir a partir de práticas consideradas tradicionais”.
(D) “uma roda de conversa na escola pode ser tão ou mais revolucionária quanto qualquer aplicativo educacional”.
(E) “É disso que trata a educação”.
Comentário: a única alternativa que apresenta os termos em ordem direta é a D. Lembrando que ordem chamada direta é tradicionalmente aquela que traz SUJEITO + VERBO + PREDICADO. Os adjuntos adverbiais ficam originalmente no final do período, mas comumente são deslocados para o meio ou para o início dele.
Vou colocar as demais na ordem direta:
(A) Minha memória traz das coisas mais marcantes da adolescência os tempos de estudo e dúvidas sobre o futuro.
(B) Meus anos de Ensino Médio foram, sim, muito significativos para uma formação dita cidadã, e não só voltada aos vestibulares, de forma contrária às principais críticas que se ouve hoje.
(C) Tenho plena consciência de que um ensino inovador pode surgir a partir de práticas consideradas tradicionais trabalhando hoje com educação.
(E) A educação trata disso.
GABARITO: D
10. USO DAS PREPOSIÇÕES – RECURSO!!!!
Assinale a opção que indica o segmento de texto em que a preposição com mostra valor semântico diferente dos demais.
(A) “É disso que trata a educação: formar indivíduos engajados uns com os outros, socialmente e que saibam conviver”.
(B) “Está aí também a grande diferença da educação familiar, quando convivemos apenas com nossos pares”.
(C) “A escola nos permite entrar em contato de forma sistemática com outros mundos, outros olhares, outros saberes, opiniões diferentes das nossas, culturas até então desconhecidas”.
(D) “É o convívio com professores e colegas que nos dá suporte para refletir sobre nossas posições”.
(E) “Hoje trabalhando com educação”.
Comentário: muita atenção para a questão 10! A banca “ilude” o candidato pedindo análise da relação semântica da preposição “com”, quando, na verdade, o gabarito aponta para uma análise morfossintática.
Vou explicar melhor: é fato que a alternativa A é a diferente com relação às outras, pois é a única que NÃO traz a preposição “com” exigida por regência verbal ou nominal. A relação semântica na assertiva A é de reciprocidade, “indivíduos engajados uns com os outros” indica uma ação mútua. O “com” é parte da locução pronominal “uns com os outros”.
Agora vejam as demais:
(B) “Está aí também a grande diferença da educação familiar, quando convivemos apenas com nossos pares”.
Convivemos COM nossos pares = preposição “com” exigida pela regência do verbo “conviver”, expressando companhia.
(C) “A escola nos permite entrar em contato de forma sistemática com outros mundos, outros olhares, outros saberes, opiniões diferentes das nossas, culturas até então desconhecidas”.
Entrar em contato COM outros mundos = preposição “com” exigida pela regência do nome “contato”, expressando encontro, interação, embora esteja iniciando um adjunto adnominal, que é um termo que não traz relação semântica alguma.
(D) “É o convívio com professores e colegas que nos dá suporte para refletir sobre nossas posições”.
Convívio COM os professores = preposição “com” exigida pela regência do nome “convívio”, expressando companhia.
(E) “Hoje trabalhando com educação”.
Trabalhando COM educação = preposição “com” exigida pelo verbo “trabalhar”, expressando uma ocupação.
Após análise, percebam que a alternativa A traz a preposição “com” em uso morfossintático diferente das demais, mas NÃO FOI ISSO QUE O ENUNCIADO PEDIU. Mesmo o valor semântico é diferente, como vimos. Cabe recurso? SIM! Embora saibamos que dificilmente a FGV aceita esse tipo de interpretação. Boa sorte para quem tentar, esperamos a anulação da questão.
GABARITO: A
11. VERBO. COESÃO E COERÊNCIA.
No segmento “É disso que trata a educação: [formar indivíduos engajados socialmente e que saibam conviver]”.
Colocando o segmento entre colchetes em forma paralelística, teríamos:
(A) “formar indivíduos engajados socialmente e sabendo conviver”.
(B) “formação de indivíduos engajados socialmente e com sabedoria na convivência”.
(C) “formação de indivíduos engajados socialmente e sabendo conviver”.
(D) “que formassem indivíduos engajados socialmente e que saibam conviver”.
(E) “que formem indivíduos engajados socialmente e que saibam conviver”.
Comentário: reescrever o seguimento em forma paralelística significa basicamente colocar os verbos no mesmo tempo e modo verbal. A banca indicou a alternativa E como resposta, vejamos:
(E) “que formem indivíduos engajados socialmente e que saibam conviver”.
Observem que tanto o verbo “formar” quanto o verbo “saber” estão na terceira pessoa do subjuntivo, o que garantiu a estrutura paralelística perfeita.
GABARITO: E
12. SEMÂNTICA. REMISSÃO TEXTUAL.
“É disso que trata a educação: formar indivíduos engajados uns com os outros, socialmente e que saibam conviver. Está aí também a grande diferença da educação familiar, quando convivemos apenas com nossos pares”.
Nesse segmento do texto, o termo “aí”
(A) tem como referente o momento de engajamento social.
(B) refere-se a um lugar, mais especificamente, o espaço escolar.
(C) liga-se a um termo anterior, representativo de uma ação.
(D) indica simultaneamente tempo e lugar como realidades indistintas.
(E) possui valor estilístico, sendo semanticamente expletivo.
Comentário: o termo “aí” está fazendo referência ao verbo “conviver” e à ação que tal verbo representa.
GABARITO: C
É isso aí, meus queridos!
Espero ter ajudado com meus comentários!
Abraço.
Profª. Rafaela Freitas.
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Ver comentários
Parabéns pelo trabalho. Me ajudou bastante :)
Olá Professora. Na alternativa (C) da questão 10, não entendi a explicação sobre a preposição "COM" iniciar um adjunto adnominal. Poderia me ajudar?
Obrigado.