Salve, alunos (as)! Durante nossa árdua caminhada em busca da aprovação, por vezes temos a ilusão de que nos manteremos motivados durante todo o processo. Ledo engano. Inúmeros são os motivos que podem enfraquecer nossa motivação: problemas pessoais, profissionais, dificuldades financeiras, instabilidades políticas no país e outras milhares de possibilidades.
Nesses momentos, a experiência de alguns anos de estudo passando por diversas dessas situações nos faz entender que não podemos depender exclusivamente da motivação. Embora sua importância seja incontestável, nada supera o poder da disciplina criada por hábitos internalizados em nossa mente. Esses hábitos são a marca registrada daquelas pessoas incansáveis na busca por um objetivo.
Mas ao pensarmos em hábitos, será que apenas os hábitos acadêmicos são importantes nesse processo?
Neste artigo de hoje, serão compartilhadas experiências retiradas da jornada dos alunos até a aprovação, bem como alguns aprendizados do livro The Power of Habit (O Poder do Hábito), de Charles Duhigg, e sua teoria sobre os denominados hábitos angulares.
Antes de tratar dos hábitos angulares em específico, precisamos entender como nossa mente trabalha com hábitos em geral. Ao tornarmos uma atividade específica do nosso dia a dia em um hábito, deixamos que nosso cérebro atue em modo de “piloto automático”. Podemos até não perceber, mas a grande maioria das ações que tomamos na nossa rotina são regidas por hábitos, alguns deles impostos desde a nossa criação. A grande dúvida que fica é a seguinte: como controlar aquilo que devemos ou não tornar um hábito?
Para atingir esse objetivo, o livro divide o processo de criação de um hábito em três fases, formando um ciclo chamado pelo autor de loop do hábito:
De forma sucinta, o primeiro passo do ciclo que permite que nosso cérebro ative um hábito é a criação de deixas. As deixas são elementos que geram a vontade de realizar determinada atividade e que colocam nosso cérebro em “modo de hábito”. São elementos visuais, horários, sons e outras formas que, quando percebidos pelo indivíduo, acionam uma rotina automática de atividades.
Como exemplo, podemos citar algumas deixas que geram hábitos esportivos. Nem todos nós viemos ao mundo com a disciplina de um atleta. No entanto, alguns elementos visuais podem ajudar a despertar uma rotina de atividades: deixar seu tênis de corrida e sua roupa de academia próximos de sua cama facilitam o ato de acordar e ativar sua rotina esportiva. Por outro lado, pela ótica dos hábitos negativos, ao olhar para o relógio e identificar um determinado horário do dia, um fumante pode acionar de forma automática em sua mente a rotina de acender um cigarro.
Trazendo esse aprendizado para a vida dos alunos, algumas deixas podem ser interessantes para aqueles que precisam criar o hábito de estudar:
A rotina nada mais é do que a ação gerada após termos contato com a deixa, ou seja, é o hábito propriamente dito: estudar, correr, ir para academia ou acender um cigarro. Acontece que não são apenas esses dois elementos (a deixa e a rotina) que permitirão que um hábito seja duradouro. Caso as ações não proporcionem nenhuma sensação diária de vitória, você tenderá a desistir. Por isso, a parte mais importante do loop do hábito é sua última fase: a recompensa.
A recompensa é a sensação proporcionada após realizadas as atividades do hábito, sendo o fator responsável por gerar o anseio de iniciar o ciclo no dia seguinte. Para o hábito esportivo, pode ser a endorfina liberada no sangue. Para o hábito de fumar, pode ser a sensação provocada pela nicotina em nosso cérebro. Mas, e para o hábito de estudos para concursos? Será que a recompensa deve ser apenas a aprovação?
Na verdade, no início de nossos estudos, a aprovação é uma recompensa muito distante da nossa realidade. Prender-se apenas a ela em busca de motivação é extremamente arriscado, uma vez que pode levá-lo a desistir na primeira reprovação (o que é muito comum). Para que isso não aconteça, sua rotina de estudos deve proporcionar pequenas sensações de vitórias diárias, essas sim verdadeiras recompensas do loop do hábito realizado todos os dias por sua mente.
Para “fabricar” algumas recompensas que lhe ajudarão a “enraizar” seus hábitos de estudo, seguem alguns conselhos:
Até agora, falamos com mais ênfase sobre os hábitos acadêmicos. Mas será que existem outros hábitos que podem repercutir na sua capacidade de criação de uma rotina de estudos?
Chegamos, então, ao ponto central do artigo, ponto esse que despertou muito meu interesse ao estudar a teoria do hábito de Charles Duhigg. Os hábitos angulares são hábitos diários de realizar pequenas atividades que propagam efeitos positivos em outros hábitos ao longo do seu dia. Esses hábitos, principalmente quando realizados no início do dia, projetam na mente a sensação de vitória e de cumprimento de tarefa justamente em um momento que seu cérebro ainda está lento.
Com isso, em poucas horas do dia, sua mente terá acumulado algumas sensações de vitórias que irão gerar efeitos incríveis de motivação para que outras atividades sejam cumpridas. Acontece que o oposto também é válido, ou seja, pessoas que já iniciam o dia com pequenas sensações de derrotas tenderão a ter um dia de derrotado.
Aprendido o conceito de hábitos angulares, vamos ao que importa: quais pequenos hábitos podem colaborar para que você consiga prosperar na tarefa de virar uma pessoa incansável na busca por seus objetivos? Apenas a critério exemplificativo, seguem algumas dicas (e repare que nenhuma delas está diretamente ligada aos estudos, como combinado):
“Os hábitos angulares proporcionam aquilo que é conhecido na literatura acadêmica como “pequenas vitórias“. Eles ajudam outros hábitos a prosperar, criando novas estruturas, e estabelecem culturas onde a mudança se torna contagiosa.”
(Charles Duhigg)
Para encerrar a reflexão que fizemos nesse artigo, trago uma pergunta recorrente dos concurseiros. Por vezes, ao iniciarmos nossa jornada de estudos, olhamos para pessoas que já foram aprovadas e imaginamos que, para chegar até ali, obrigatoriamente devemos ser “fora da curva”. Felizmente, posso garantir para vocês que esse pensamento é equivocado.
Com o tempo e a experiência, percebemos que o segredo das pessoas de sucesso está na constância dos seus hábitos, e não necessariamente no poder do seu intelecto. Se analisarmos o perfil daqueles que obtiveram sucesso no concurso dos sonhos, perceberemos que alguns poucos são intelectualmente acima da média, mas todos são resilientes na capacidade de manter seus hábitos, independente das adversidades. Sem dúvida alguma, o esforço sempre supera o talento.
Mais uma vez, me remeto a um trecho do livro que muito me marcou, em uma passagem na qual o autor cita a entrevista de um técnico da liga esportiva profissional de futebol americano dos Estados Unidos (NFL), explicando o motivo do sucesso absoluto de seu time:
“Os campeões não fazem coisas extraordinárias. Na verdade, fazem coisas ordinárias, mas as fazem sem pensar, rápido demais para o outro time reagir. Apenas seguem os hábitos que aprenderam.”
(Tony Dungy)
Por fim, deixo como sugestão o vídeo abaixo, gravado em uma palestra na Universidade do Texas no momento do discurso do Almirante da Marinha Americana William H. Mc Craven, um dos responsáveis pela operação de captura do terrorista Osama bin Laden. Desse vídeo, retirei algumas de suas frases iniciais para sua reflexão:
“Se você quer mudar o mundo, comece fazendo sua cama. Se você fizer sua cama toda manhã, você vai ter cumprido a primeira tarefa do dia. Vai te dar uma pequena sensação de orgulho e vai encorajá-lo a fazer outra tarefa, e outra, e outra. E no final do dia, essa única tarefa completada vai se transformando em várias tarefas completadas.”
(William H. Mc Craven)
Sim, esses são os hábitos angulares, e são eles que mudarão a sua vida e permitirão que você mude o mundo!
Lembre-se: você não precisa estar sempre motivado, mas precisará sempre da constância gerada por seus hábitos e pela sua disciplina.
Contem comigo e com toda a equipe do Estratégia para alcançar esse objetivo!
Vinícius.
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Foi incrível! Estava precisando disso. Muito obrigado!
Obrigado, Diego! Abraço!