No estudo da Língua portuguesa, assim como em qualquer idioma no qual se aprofunda na nas funções morfológicas e sintáticas dos termos que compõem um texto, é possível observar que existem palavras e termos que podem assumir diversos papeis dentro de uma frase ou oração.
Sabendo disso, o examinador gosta de explorar nas provas de concurso as diversas nuances desses termos, ou seja, suas principais funções morfológicas e sintáticas, exigindo do candidato a compreensão morfológica/classe de palavras a qual pertence, bem como a partir de uma análise semântica(sentido) e sintática(função que exerce na oração).
Neste artigo, iremos aprofundar nos papeis morfológicos e sintáticos desempenhados pelas palavras “QUE” e “SE”, as “queridinhas nas provas”.
-INTERJEIÇÃO: exprime espanto, admiração, surpresa.
Nesse caso, será acentuado e seguido de ponto de exclamação. Usa-se também a variação “o quê”!
A palavra “que” não exerce função sintática, quando funciona como interjeição.
Quê dia! Consegui terminar todas as tarefas e ainda pratiquei meu esporte favorito.
O quê! Quem comprou isso?
-SUBSTANTIVO: equivale a alguma coisa.
Nesse caso, virá sempre antecedido de artigo ou outro determinante e receberá acento por ser monossílabo tônico terminado em “e”. Como substantivo, designa também a 16ª letra de nosso alfabeto. Quando a palavra “que” for substantivo, exercerá as funções sintáticas próprias dessa classe de palavra (sujeito, objeto direto, objeto indireto, predicativo etc.)
Ela tem certo quê misterioso. (substantivo na função de núcleo do objeto direto)
-PREPOSIÇÃO: liga dois verbos de uma locução verbal em que o auxiliar é o verbo ter. Equivale a “de” e se retirado não causa perda de sentido para a frase, logo se torna dispensável. Quando é preposição, a palavra “que” não exerce função sintática e transmite uma ideia de dever/necessidade.
Tenho que escrever agora.
Eles têm que comprar o ingresso hoje.
-PARTÍCULA EXPLETIVA OU DE REALCE: pode ser retirada da frase, sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra que não exerce função sintática; como o próprio nome indica, é usada apenas para dar ênfase. Como partícula expletiva, aparece também na expressão “é que”.
Quase que não pude ir na formatura dela.
Quem é que chegou?
-ADVÉRBIO: modifica um adjetivo ou um advérbio. Equivale a “quão”. Quando funciona como advérbio, a palavra “que” exerce a função sintática de adjunto adverbial; no caso, de intensidade.
Que lindas cores!
Que caro!
PRONOME: ***(A função morfológica mais presente nas provas)
como pronome, a palavra que pode ser:
***⇒ Pronome relativo: retoma um termo da oração antecedente, projetando-o na oração consequente. Equivale a “o qual” e respectivas flexões.
Não cumprimentamos as pessoas que saíram.
Não se esqueça de que todo pronome relativo exerce uma função sintática. Ou seja, a função do termo que ele retoma.
-CONJUNÇÃO: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a palavra “que” pode relacionar tanto orações coordenadas quanto subordinadas, por isso, classifica-se como conjunção coordenativa ou conjunção subordinativa. Quando funciona como conjunção coordenativa ou subordinativa, a palavra que recebe o nome da oração que introduz. Por exemplo:”
“Não demore, que é tarde. (conjunção coordenativa explicativa)
“Gritou tanto no show que ficou rouco. (conjunção subordinativa consecutiva)”
Quando inicia uma oração subordinada substantiva, a palavra que recebe o nome de conjunção subordinativa integrante.
“Desejo que você esteja presente.”
DICA: Aquilo que vem depois do verbo, a partir do “que” em diante, pode ser substituído por “ISSO”- ex: Desejo isso.
-CONJUNÇÃO: relaciona entre si duas orações. Nesse caso, não exerce função sintática. Como conjunção, a palavra “se” pode ser:
⇒ Conjunção subordinativa integrante: inicia uma oração subordinada substantiva.
Perguntei se ele sabia resolver a questão.
⇒ Conjunção subordinativa condicional: inicia uma oração adverbial condicional (equivale a “caso”).
Se todos tivessem cumprido seus papeis, o desempenho geral seria melhor.
-PARTÍCULA EXPLETIVA OU DE REALCE: pode ser retirada da frase sem prejuízo algum para o sentido. Nesse caso, a palavra “se” não exerce função sintática. Como o próprio nome indica, é usada apenas para dar realce.
Passavam-se os dias e tudo se manteve igual.
-PARTE INTEGRANTE DO VERBO: faz parte da estrutura dos verbos pronominais. Nesse caso, não exerce função sintática.
Ele arrependeu-se do que disse.
***-PARTÍCULA APASSIVADORA: ligada ao verbo que pede objeto direto, caracteriza as orações que estão na voz passiva sintética. É também chamada de pronome apassivador. Nesse caso, não exerce função sintática.
Vendem-se casas = Casa são vendidas
Aluga-se carro = carro é alugado
Compram-se joias = joias são compradas.
***-ÍNDICE DE INDETERMINAÇÃO DO SUJEITO: liga-se a um verbo que não é transitivo direto, tornando o sujeito indeterminado. Não exerce propriamente uma função sintática. Lembre-se de que, nesse caso, o verbo deve estar na terceira pessoa do singular.
Trabalha-se de dia.
Precisa-se de mão de obra qualificada.
-PRONOME REFLEXIVO: quando a palavra “se” é pronome pessoal, deve estar sempre na mesma pessoa do sujeito da oração de que faz parte. Por isso, o pronome oblíquo “se” sempre será reflexivo (equivale a si mesmo), sofrendo e praticando a ação, podendo assumir as seguintes funções sintáticas:
⇒ Objeto direto
Ela machucou-se com a faca.
⇒ Objeto indireto
Ele se atribui muitos defeitos.
Assim, é possível concluir que tanto a palavra “QUE” como a palavra “SE” têm diversas variações morfológicas e sintáticas, o que exige do candidato bastante treino e leitura atenta nas questões, a fim de que não ocorra nenhuma confusão quanto ao papel morfológico, sintático e semântico de cada um delas no contexto apresentado.
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