Concursos Públicos

Entrevista sobre a corrupção e a prova de Atualidades

Caros Alunos,

Na semana passada, concedi uma entrevista para o jornal Folha Dirigida, especializado em concursos públicos, sobre a corrupção no Brasil. A entrevista foi publicada esta semana, na área exclusiva para assinantes do jornal.

A seguir, compartilho com vocês, as perguntas feitas pelo jornal e as minhas respostas.

Abraços,

Prof. Leandro Signori

FD: Aqui no Rio, estão em destaque na mídia prisões como a do Garotinho e Cabral. Nos outros estados está acontecendo situação semelhante?

Resposta: No mês passado, o ex-governador do Tocantins, Sandoval Cardoso, foi preso por corrupção, suspeito de participar de fraude em licitações e contratos de obras em rodovias estaduais. No ano passado, em setembro, o ex-governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, foi preso, acusado de participar de um esquema de fraudes na concessão de incentivos fiscais no estado, no âmbito da Operação Sodoma. Por fim, em 2010, o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda foi preso no âmbito da Operação Caixa de Pandorra, que investigou um esquema de corrupção no DF.

Ou seja, não é algo que está acontecendo só no Rio de Janeiro, em pouco mais de um ano, tivemos quatro ex-governadores presos, acusados de corrupção.

FD: O que isso significa? Seria uma geração de pessoas dispostas a lutar contra a corrupção? Como o juiz Sérgio Moro, por exemplo, que tem 44 anos?

Resposta: Significa o aperfeiçoamento das instituições democráticas e o amadurecimento da democracia no Brasil. Desde a redemocratização, em 1986, este é o mais longo período democrático que vive o Brasil. São apenas três décadas, mas, nunca houve um período contínuo de democracia no Brasil como esse.

A democracia possibilita a participação do cidadão, um maior controle, uma maior fiscalização da coisa pública. Em regimes autoritários, essa possibilidade é nula ou muito restrita.

Também significa que o poder público está melhor aparelhado em termos de estrutura, legislação e pessoal para combater a corrupção. Penso que há sim, uma geração de pessoas dispostas a lutar contra a corrupção, melhor preparadas e mais articuladas nacional e internacionalmente. Não que antes não houvesse, havia e combatiam a corrupção. Mas tinham menos estrutura, sofriam mais pressões e os casos de corrupção eram mais abafados.

FD: Na prática, o que está mudando no Brasil?

Resposta: Como disse, é um amadurecimento da democracia. Temos muitos problemas no Brasil, a democracia tem muitas lacunas, muito a melhorar, mas tem possibilitado um aperfeiçoamento da fiscalização e do controle do correto uso da coisa pública.

A informação circula mais e está mais acessível a todos. A revolução das telecomunicações possibilita que as pessoas se informem rapidamente por uma multiplicidade de canais de comunicação e que debatam entre elas. Ou até que briguem e se xinguem nas redes sociais. :D Claro, há muita porcaria e muita notícia falsa circulando nas redes sociais, há muita superficialidade, mas a possibilidade de se informar por diversos meios é muito maior do que há poucos anos atrás. Peneirando tudo, as pessoas estão mais informadas sobre o que acontece no Brasil.

FD: As manifestações populares têm responsabilidade nessa “revolução” (se é que podemos chamar assim)?

Resposta: Claro que tem. O povo na rua é a mais poderosa força da mudança e das transformações sociais. As manifestações populares revelaram a insatisfação de largas parcelas da população com a corrupção e a situação da política brasileira. Eu não diria que há uma “revolução”, pois não vejo uma mudança radical, uma ruptura com a ordem atual. É uma mudança profunda, mas não uma revolução, pelo menos não no clássico conceito deste termo.

FD: Um momento como esse já aconteceu antes no Brasil?

Resposta: Em 1992, tivemos o Fora Collor, que culminou com o impeachment do então presidente, por corrupção. Foram grandes manifestações populares. Mas quem foi para a cadeia? Que eu me lembre só o PC Farias.

Este momento é único na história do Brasil, não tivemos outro como esse. Com tantos casos de corrupção sendo desvendados e tantas pessoas importantes envolvidas sendo presas e condenadas.

FD: Como as bancas podem explorar o tema, seja em redação ou em provas objetivas?

Resposta: Nas provas objetivas o tema vem sendo explorado. Bancas como a Vunesp e a FCC tem perguntado sobre as operações de combate a corrupção como a Lava Jato, a Acrônimo, a Vidas Secas e a Alba Branca. Algumas estão indo no detalhe. Exemplo: perguntando quais os termos de determinado acordo de leniência. Perguntam o nome do juiz que está conduzindo a Operação Laja Jato, o que é delação premiada, etc.

Nas provas discursivas podem ser explorados temas como as causas da corrupção no Brasil e formas de combatê-la, o papel da sociedade no combate a corrupção, na fiscalização e na transparência da coisa pública. A corrupção é muito associada ao atual sistema político do Brasil, assim, um outro tema pode ser a reforma política.

FD: Esses exemplos de corruptos perdendo a impunidade tendem a desencorajar outros políticos na hora de cometer crimes (ou agir sem ética, pelo menos)?

Resposta: Sim, tendem a desencorajar. A certeza da impunidade é um estimulo para a prática da corrupção. Mesmo que o corrupto seja preso e condenado, o fato de ele conseguir ficar com o produto do crime ou parte do dinheiro que roubou também estimulam a corrupção. Portanto, é importante, não só punir, mas reaver o que foi apropriado ilicitamente. E isso vem sendo feito.

FD: Para estudar esta matéria, o sr havia dito que o concurseiro precisa acompanhar o noticiário, debates, artigos, editoriais… Mas e quem está há algum tempo sem acompanhar a imprensa? Como pode correr atrás do prejuízo?

Resposta: Começar a acompanhar imediatamente o noticiário. Buscar reportagens especiais que traçam um panorama desses casos de corrupção. Ler a opinião de especialistas sobre o tema. Buscar o algo mais para uma prova discursiva, ir para além das opiniões do senso comum, para fazer a diferença na hora de argumentar textualmente.

FD: Fique à vontade, caso julgue interessante mais alguma orientação.

Resposta: Só dizer para a galera concurseira que busca me seguir nas redes sociais que os assuntos de Atualidades, as dicas do professor são postadas na minha página do FacebookLeandro Signori Atualidades. É lá que vocês têm que me seguir, que curtir. Não é na minha página pessoal ou em outra rede social.

Leandro Signori

Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Bacharel em Geografia pela Uniceub (Brasília). Como servidor público, foi funcionário da Prefeitura de São Leopoldo (RS), Prefeitura de Porto Alegre (RS), Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) e Ministério da Integração Nacional. É professor de Geografia para o ensino médio na rede particular de ensino. Leciona as disciplinas de Atualidades, Conhecimentos Gerais, Geografia, Realidade Brasileira e História, em cursos on line e presenciais preparatórios para concursos públicos.

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