Determinação. Essa é a palavra que melhor resume a trajetória do Maranhense David Nascimento. Inspirado nos pais, que são servidores públicos, David saiu da sua zona de conforto e entrou com tudo no mundo dos concursos.
Com apenas 22 anos de idade, ele já foi aprovado em quatro concursos e, em todos, entre os seis primeiros colocados, sendo o último em 1º lugar no concurso para Analista Judiciário – Área Administrativa do Tribunal Regional do Trabalho 23. Quer saber o segredo do sucesso?! Então confira a entrevista realizada pelo professor Rosenval Júnior.
Prof. Rosenval Júnior: Olá, David. Conte-nos um pouco sobre você. Você é formado em que área? Qual sua idade? De onde você é?
David Nascimento: Meu nome é David Nascimento Moraes Júnior, sou formado em Contabilidade pela Universidade Federal de Rondônia, tenho 22 anos, natural de São Luís-MA e, atualmente, resido em Vilhena-RO. Meus pais são servidores públicos federais e sempre ressaltaram a importância do conhecimento. Aproveito este espaço para tornar pública minha gratidão pela educação que me foi concedida, pois esta sim é a verdadeira herança a ser deixada.
Prof. Rosenval: Quantos e em quais concursos já foi aprovado? Qual o último?
David: Minha trajetória em concursos é relativamente curta e pode ser resumida da seguinte forma: 1º lugar Escriturário Banco do Brasil – Macro RO – (2012); 6º lugar Técnico Judiciário TRT 14 (2016); 3º lugar Técnico Judiciário TRT 23 (2016) – provisório-; 1º lugar Analista Judiciário – Área Administrativa TRT 23 (2016) – virtualmente definitivo, pois estou aproximadamente 36 pontos à frente do 2º colocado.
Prof. Rosenval: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
David: Sensação de dever cumprido. Pedi demissão do Banco do Brasil em 2015 com o único objetivo de passar em um concurso com remuneração acima de R$ 9 mil. Um ano após minha saída, posso afirmar que, após muita dedicação e esforço, consegui.
Prof. Rosenval: Como era sua vida social durante a preparação para concursos?
David: Durante boa parte da preparação eu frequentava as aulas da faculdade à noite e geralmente eu tirava os sábados e domingos para descanso. Com relação à atividade física, jogava futsal aos sábados. Minha carga de estudos semanal girava em torno de 30-35 horas líquidas, o que me forçava a ficar em casa e recarregar as energias para a próxima semana. Nos últimos dois meses diminui drasticamente meu lazer e zerei a pouca atividade física que praticava. Minhas atenções estavam totalmente voltadas para a prova. Foi um esforço que valeu a pena, pois sabia que seria passageiro.
Prof. Rosenval: Ao longo de sua jornada, você tentou outros concursos, para treinar e se manter com uma alta motivação ou decidiu manter o foco apenas naquele concurso que era o seu sonho?
David: Não tentei outros concursos. Após minha saída do Banco do Brasil, os únicos concursos que fiz foram o TRT 14 e TRT 23. Mantive o foco somente nessas provas e esgotei todos os assuntos previstos nos editais. Estava 100% concentrado em meu objetivo final. Minha motivação adivinha da obrigação que criei em minha mente: passar em um concurso de alto nível num curto período de tempo. Apesar de morar com meus pais e ter tudo o que preciso, saí da minha zona de conforto para estudar, então tinha que resolver isso da melhor maneira possível.
Prof. Rosenval: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele que é realmente seu objetivo maior?
David: Se o conteúdo for parecido, não vejo problema algum em tentar. Fiz as duas provas de técnico e, apesar de não ter deixado nada de lado, dediquei atenção especial às matérias cobradas para AJAA – principalmente Administração Geral e Pública e a alguns tópicos avançados de Constitucional e Administrativo que não são cobrados na prova de nível médio. Logrei êxito nas três provas, portanto o importante é ter um claro planejamento daquilo a ser estudado.
Prof. Rosenval: Você estudou por quanto tempo, contando toda a sua preparação? Durante este tempo de estudo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos mesmo naqueles períodos em que não havia edital na mão?
David: Os primeiros meses de minha preparação foram dedicados à escolha dos melhores materiais, à leitura de métodos de estudo e à elaboração de uma boa rota de ação. Estava indeciso quanto a que prova fazer. Nos primeiros meses de 2015, havia muitos boatos sobre o concurso da PRF, da Receita Federal, entre outros. Entre março e junho, comecei a estudar algumas matérias, como Direito Tributário, Contabilidade Geral e Avançada, Direito Constitucional, Administrativo e Raciocínio Lógico. Somente em Junho saiu algo concreto: a escolha da banca do TRT 14 (que posteriormente foi trocada). Nesse momento, comecei a colocar em prática tudo o que tinha preparado e deixei de lado todas as matérias que não tinham relação com esse concurso. Foram 9 meses de estudos voltados para TRT. Nesse ínterim, saiu o edital do TRT 23 com o cargo de AJAA… aí adicionei os novos conteúdos à minha grade de estudos. Mantive minha disciplina com organização e planejamento.
Prof. Rosenval: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um? O que acha que fez a diferença na sua aprovação?
David: A matéria que tinha mais dificuldade era Português. Fiz um curso de revisão teórica em vídeo e resolvi 21 provas anteriores, fora os exercícios avulsos. Salvo Direito Constitucional e Administrativo, que estudei por livros, todas as outras matérias estudei por pdf’s. Há que se destacar a dinâmica de cada material e como podemos tirar proveito disso. Eu acelerava a velocidade dos vídeos e ganhava tempo. Os pdf’s eram objetivos e voltados para o edital do concurso, nem mais nem menos. Os livros me possibilitaram ter uma maior maturidade nos Direitos Constitucional e Administrativo. Creio que o que fez a diferença em minha aprovação foi um eficiente sistema de revisão, a contabilidade exata das horas estudadas (foram 1091 horas líquidas para os dois cargos – TJAA e AJAA) e a resolução de exercícios regulares de todos os assuntos estudados (9.498 exercícios). Cheguei a repetir 4 vezes um mesmo caderno de exercícios de determinados assuntos, como Contratos Administrativos.
Prof. Rosenval: Como conheceu o Estratégia Concursos? Gostaria de fazer alguma avaliação dos cursos que utilizou?
David: Conheci o site por meio de recomendações do meu irmão. Gostaria de agradecer ao professor Rosenval Júnior, que ministrou o curso de Sustentabilidade. Essa matéria veio de surpresa no edital do TRT 23 e o curso abordou todas as questões da prova. O professor ainda disponibilizou um resumo, que me foi muito útil no dia anterior à prova. Outro curso importante foi o de Administração Geral e Pública, ministrado pelo professor Carlos Xavier. Por ser uma matéria densa e com uma gama incontável de autores, posso afirmar que, a meu ver, é a mais complexa em termos de preparação. Tive contato com ela após a publicação do edital do TRT 23 e apostei no material do Carlos Xavier como única fonte de estudos. Com certeza esses materiais contribuíram de forma extremamente positiva para que eu obtivesse a maior nota do concurso, dentre todos os cargos.
Prof. Rosenval: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos?
David: Em uma planilha, aloquei as horas que desejaria estudar cada matéria. Algumas recebiam mais horas, outras menos. Eu alternava as matérias, de forma que nenhuma ficasse para trás. Nunca passava de 2h estudando uma só disciplina. O ciclo não era estanque. Nessa parte fui meio desorganizado, porém, no final, consegui cumprir todas as metas estabelecidas para cada matéria. Em um dia costumava estudar de 6 a 7 horas líquidas. Quanto aos resumos, não costumava fazer. Fiz somente um para Controle de Constitucionalidade. Os outros tópicos eu revisava no próprio material e ia repetindo os cadernos de exercícios comentados. Geralmente fazia 04 revisões para um mesmo assunto, que consistiam em 3 leituras da teoria e 1 bateria de questões. Após essa etapa, fazia a manutenção com exercícios. Dias antes das provas (uns 15 dias), procurei ler dinamicamente tudo de novo, para não correr o risco de esquecer nada. Para exemplificar, segue uma imagem da planilha de anotações:
Obs: essa tabela está disponível na internet e o autor é Luiz Eduardo Laydner Cruz. Fica aqui meu agradecimento, pois me foi de grande valia.
Quanto às revisões, adotei a teoria da curva de esquecimento e fiz algumas adaptações. Revia no dia seguinte (+1), depois +7, +10, +20. Ficava complicado à medida que eu avançava nas matérias, pois ia acumulando muito assunto. Quando chegava a esse ponto, eu sacrificava algum dia de descanso e colocava tudo em ordem. Segue um exemplo da tabela de revisão de Administração Geral e Pública:
Prof. Rosenval: A reta final é sempre um período estressante. Como você levou seus estudos neste período? Você se concentrava nas matérias de maior peso ou distribuía seus estudos de maneira mais homogênea? Focava mais na releitura, em resumos, em exercícios, etc.
David: Na reta final, estava tranquilo e restavam poucos tópicos a serem vistos. A maior parte do tempo foquei na releitura de todos os assuntos, principalmente os que cairiam na prova de AJAA. Quanto aos exercícios, já havia fechado a conta uma semana antes, os mais recentes de todos os assuntos eu já havia feito algumas vezes. Aqui cabe uma explicação: eu não fazia exercícios de nível superior à prova que eu realizaria. Portanto, não resolvia questões de magistratura, ia somente até cargos com o mesmo nível de cobrança. Em janeiro diminui a carga para 20-25 horas semanais, porém, nas duas semanas anteriores à prova, estiquei até 40h e cumpri todo meu planejamento.
Prof. Rosenval: Na semana da prova, nós sempre observamos vários candidatos assumindo uma verdadeira maratona de estudos (estudando intensamente dia e noite). Por outro lado, também vemos concurseiros que preferem desacelerar um pouco, para chegar no dia da prova com a mente mais descansada. O que você aconselha?
David: Mantive o mesmo ritmo. Revisei os pontos que considerava importantes. Estava com a consciência tranquila, pois sabia que tinha me esforçado ao máximo. No dia anterior, fiz uma revisão online de um cursinho e à noite dei mais uma olhada em alguns materiais. No mais, acredito que minha resistência em provas estava boa…resolvi várias delas durante todo meu período de estudos. Creio que isso é um fator importante (resistência), pois, para quem faz duas provas (técnico e analista), o cansaço pode atrapalhar bastante.
Prof. Rosenval: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
David: Pelo fato de ter executado tudo o que planejei desde o começo, não penso ter havido erro algum. Quanto aos acertos, creio que a constância e o comprometimento com o plano de estudos foram pontos positivos. Durante os 9 meses de preparação, mantive a mesma média de horas estudadas e exercícios resolvidos. Essa regularidade favorece, sem dúvida, o aumento de desempenho.
Prof. Rosenval: Pela sua experiência e contato com outros concurseiros, diga-nos quais são os maiores erros que as pessoas cometem quando decidem se preparar para concursos?
David: Posso destacar a falta de um bom sistema de revisões. As provas de TRT possuem uma nota de corte elevada e exigem do candidato o conhecimento de detalhes, que muitas vezes não são lembrados. É trabalhoso e às vezes massivo ler e reler um assunto 3, 4 vezes, mas torna-se necessário, tendo em vista o nível elevado das questões.
Prof. Rosenval: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? E qual foi sua principal motivação?
David: O mais difícil é se manter disciplinado, fazer a mesma coisa, toda semana, durante alguns meses. Minha principal motivação consistia em saber que eu tinha em mãos os melhores materiais, tempo disponível e as ferramentas necessárias para que eu alcançasse a vitória, então só dependeria de mim mesmo.
Prof. Rosenval: Quando o edital foi publicado, havia muitas matérias com as quais você ainda não tinha travado contato anteriormente? Como você fez para estudar os conteúdos novos? Focou mais na teoria, nos exercícios comentados da banca, em ambos? Conte-nos um pouco…
David: O edital do TRT 14 trouxe Processo Civil, Administração Financeira e Orçamentária e Administração Geral e Pública. Já o TRT 23 trouxe Sustentabilidade, Redação e repetiu AGP para Analista. Adotei a mesma sistemática de estudos para todas as matérias. Depois de ter lido bem a teoria, aliava revisão a exercícios comentados. Com relação às matérias como Sustentabilidade, que não possuem com um bom banco de questões, contei somente com os exercícios preparados pelo professor e que compunham o material. Das matérias novas, me concentrei em Administração Geral e Pública, pois sua cobrança é forte nas provas de AJAA. Então é isso: é necessária uma boa percepção para alocar as horas de estudo…principalmente naquilo que se tem mais dificuldade e nas matérias com um peso mais elevado. A matéria de redação me deixou um pouco preocupado, tendo em vista que eu possuo pouco costume de escrever e não tinha me atentado a essa possibilidade de cobrança antes da publicação do edital. Fiz um curso online com correção e, felizmente, deu tudo certo.
Prof. Rosenval: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
David: Aconselho adotar um bom método de estudos desde o começo. O mercado está cheio de excelentes livros sobre como estudar para concursos. Leia, filtre o que há de melhor e que se encaixe em sua rotina e aplique os conceitos. Para aqueles que ainda trilham o caminho da aprovação: façam o básico de forma consistente e organizada.
Outras entrevistas em:
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Assessoria de Comunicação
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Ele tem uma memória muito boa, tendo em vista que ele disse que não fazia resumos. Parabéns!!!!