Olá caros(as) amigos(as),
Foi aplicada no último Domingo a primeira prova da Área Fiscal de 2018. Neste concurso da SEFIN-RO, a banca FGV aplicou 5 questões de Economia. Tivemos 3 questões bem fáceis, e 2 difíceis (com 1 sujeita à anulação).
Comento abaixo as 5 questões da prova:
26. (FGV – SEFIN/RO – 2018) – A baixa produtividade do trabalho no Brasil é decorrência dos fatores listados a seguir, à exceção de um. Assinale-o:
(A) baixa qualidade do capital humano.
(B) reduzida eficiência da economia.
(C) baixa rotatividade da mão-de-obra.
(D) média de anos de estudo dos trabalhadores.
(E) má regulação da economia e burocracia.
Comentários:
Questão bastante simples. Na verdade, era uma questão que nem exigia estudo de Economia por parte do candidato. Bastava bom senso e alguma interpretação de texto.
A banca trouxe 4 itens que são ruins para a produtividade, e 1 item que é bom. A baixa rotatividade da mão-de-obra é um elemento que incrementa a produtividade da mão-de-obra, pois cada trabalhador tem mais tempo para aprender seu trabalho e se profissionalizar em sua atividade. Assim sendo, o gabarito é letra (C).
Gabarito: C
27. (FGV – SEFIN-RO – 2018) – O produto nacional bruto (PNB) pode ser obtido a partir
(A) do Produto Interno Bruto, deduzida a renda líquida enviada ao exterior.
(B) do Produto Interno Bruto, deduzida a depreciação.
(C) do Produto Interno Bruto, deduzidos os custos de fatores.
(D) do Produto Interno Líquido, somada a depreciação.
(E) da Renda Nacional, deduzidos os lucros e os impostos diretos.
Comentários:
Neste tipo de questão, para ganharmos tempo, temos que dar uma passada de olho nas alternativas, para escolher o caminho mais fácil de resolução. Fazendo isto, observamos que, das 5 alternativas, 3 delas chegam ao PNB usando o PIB como ponto de partida.
Então, vamos fazer isso pois a probabilidade de chegar à resposta mais rápido é maior.
A partir do PIB, para chegarmos ao PNB, usamos esta expressão aprendida no curso:
PIB = PNB + RLEE
Se isolarmos o PNB, obteremos:
PNB = PIB – RLEE
Portanto, a resposta correta é a letra (A).
Do PIB, uma vez deduzida a RLEE, chegamos ao PNB.
Gabarito: A
28. (FGV – SEFIN-RO – 2018) – Quando uma rua é inaugurada, ela pode ser considerada um bem público. Com o trânsito em determinados horários, no entanto, ela deixa de ser um bem público, porque
(A) perde a característica de não excludência
(B) o uso excessivo a torna um bem rival.
(C) há a presença de transporte público e carros particulares.
(D) gera poluição, incorrendo externalidades negativas.
(E) a existência de trânsito gera o mesmo efeito da implementação de um pedágio.
Comentários:
Para resolver esta questão, temos que ter em mente o conceito de bem público, que leva em conta seus dois atributos:
Quando uma estrada começa a ter trânsito, o atributo que começa a deixar de existir é o da não rivalidade. Isto porque, com a estrada cheia, o seu uso por uma pessoa começa a prejudicar o de outra pessoa. Ou seja, a estrada começa a se tornar um bem rival. Sendo assim, o gabarito é letra (B).
Gabarito: B
29. (FGV – SEFIN-RO – 2018) – No mercado de trabalho, os trabalhadores ofertam mão-de-obra e as empresas a demandam por um salário. Considere esse mercado competitivo e que o trabalho e o capital são complementares. Uma inovação tecnológica, que reduza o custo do capital utilizado pelas empresas, leva a
(A) um aumento da participação das pessoas no mercado de trabalho.
(B) uma redução salarial devido ao aumento do desemprego.
(C) uma redução da produtividade do trabalho.
(D) um impacto nulo, se o salário mínimo estiver abaixo do salário de equilíbrio entre demanda e oferta.
(E) um aumento da demanda por trabalhadores, elevando a produção.
Comentários:
Esta foi questão bem capciosa. Muita gente boa deve ter errado.
É possível resolver essa questão apenas com o conhecimento básico de “demanda X oferta”. O enunciado descreveu o mercado de trabalho, que é basicamente o mercado em que a mercadoria é o trabalhador. Existe uma curva de demanda por trabalho, e uma curva de oferta de trabalho. O preço da mercadoria trabalho é o salário. Observe, então, temos os elementos para colocar no gráfico da demanda e oferta. Temos a demanda (por mão-de-obra), a oferta (por mão-de-obra), o preço (salário) e a quantidade (nível de produção da mão-de-obra).
O enunciado ainda definiu mão-de-obra (trabalho) e capital (máquinas e equipamentos) como bens complementares. Em seguida, falou que o preço do bem capital foi reduzido, e nos pediu o impacto sobre o mercado de trabalho.
Ora, se o preço do capital foi reduzido, teremos um impacto, em primeiro lugar, no próprio mercado de capital. Haverá aumento da demanda de capital. Como trabalho e capital são complementares, a demanda de trabalho também aumenta.
Assim, a curva de demanda de trabalho será deslocada para a direita. O impacto sobre o mercado de trabalho será maiores salários e maior nível de produção. Portanto, a única alternativa correta é a letra E.
Muita gente boa deve ter assinalado a letra B, partindo do pressuposto que a redução do custo de capital leva as empresas a substituir trabalhadores por máquinas (capital). No entanto, o enunciado deixou bem claro que era para considerarmos trabalho e capital como bens complementares, e não como bens substitutos.
Gabarito: E
30. (FGV – SEFIN-RO – 2018) – No dia 15/03/2016, foi publicada, na Folha de São Paulo, a matéria “Taxa de Desemprego do Brasil cresce para 8,5% na média de 2015”.
Dessa matéria, destacou-se o trecho a seguir.
“Segundo divulgou o IBGE nesta terça-feira (15), a taxa de desemprego do país cresceu para 8,5% na média do ano passado, a maior já medida pela Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), iniciada em 2012. Esse resultado ficou 1,7 ponto percentual acima da média de 2014 (6,8%), a piora mais acelerada nesses últimos quatro anos da série histórica da pesquisa de emprego do IBGE.”
Assinale a opção que indica um dos fatores que contribuiu para o aumento da taxa de desemprego.
(A) a redução dos rendimentos reais do trabalho.
(B) a desaceleração do processo de formalização do trabalho.
(C) a escalada de preços de diversos produtos.
(D) o aumento da população economicamente ativa.
(E) a redução da participação do comércio e indústria no total de vagas geradas.
Comentários:
Aqui, temos outra questão complicada. Complicada porque, dependendo da fonte que você use, as explicações para o aumento do desemprego a partir de 2014 vão variar bastante. Um economista desenvolvimentista irá dizer que o ajuste fiscal provocou o aumento do desemprego. Já o economista ortodoxo dirá que foi o abandono do tripé macroeconômico o grande causador da recessão.
Então, dadas diferentes concepções, vamos tentar eliminar as alternativas que não poderão ser resposta, independente da fonte que usemos:
(A) está errada, pois a redução dos rendimentos reais do trabalho é uma consequência (e não causa) do desemprego.
(B) a formalização (ou não) do trabalho não interfere na medição da taxa de desemprego. Alguém que trabalha informalmente será considerado empregado pelos critérios do IBGE.
(C) a inflação nem sempre causa desemprego. Inclusive, há modelos (a Curva de Phillips, por exemplo) que trabalham com a correlação negativa entre inflação e desemprego. Isto é, alta inflação gera baixo desemprego, o que é a situação contrária narrada no enunciado.
(D) a taxa de desemprego é medida pelo quociente entre o número de desempregados e a PEA (População Economicamente Ativa). Se a PEA aumenta, então, espera-se que a taxa de desemprego diminua, pois o denominador da divisão terá aumentado (Tx. Desemprego = Desempregados / PEA).
(E) Observe que é a única alternativa que sobrou e que, baseado única e exclusivamente no enunciado, deveria ser assinalada.
A princípio, o gabarito seria letra (E). No entanto, analisando o contexto a partir do qual o examinador retirou a questão (uma reportagem do Valor Econômico), acredito que o gabarito será letra (D). Mas, calma!, há, ainda, possibilidade de recurso.
Observe texto retirado do Valor Econômico, de 15/03/2016:
“RIO – A taxa média de desemprego no Brasil aumentou para 8,5% em 2015, após marcar 6,8% em 2014, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É a maior taxa desde o início do levantamento, em 2012.
A população desempregada cresceu 27,3% em 2015, para 8,59 milhões de pessoas, ante 6,74 milhões um ano antes. Já a população ocupada aumentou ligeiramente, de 92,11 milhões para 92,15 milhões de pessoas. Assim, o aumento do desemprego em 2015 ocorreu principalmente porque as pessoas que estavam inativas resolveram voltar ao mercado de trabalho, mas não encontraram emprego.”
Desta forma, pelo que está sublinhado, acredito que o gabarito será letra D.
Pessoas inativas são aquelas que não estão empregadas, nem procuram emprego. Desempregadas são aquelas que procuram emprego, mas não acham. Então, uma pessoa que não está empregada, mas também não procura emprego não entra no cálculo da taxa de desemprego. Ela é considerada apenas uma pessoa inativa.
Então, é possível que a taxa de desemprego aumente, mesmo que se aumente o número de pessoas empregadas (ocupadas). Basta, para isso, que haja uma transferência de pessoas inativas para a PEA em percentual maior do que a transferência de pessoas desocupadas para pessoas ocupadas. Essas pessoas inativas que passam a procurar emprego fazem a PEA (População Economicamente Ativa) aumentar. E, no contexto do artigo, esse aumento da PEA foi em percentual maior que o aumento da ocupação, fazendo a taxa de desemprego aumentar. É disso que trata a letra (D).
Assim, neste contexto, acredito firmemente que o examinador considerará como gabarito a letra (D). Eu erraria esta questão, pois não teria como saber o texto original a partir do qual ela foi formulada.
Acredito também que é possível recurso na questão. Para acertá-la, é necessário saber o contexto em que ela foi formulada. Ou seja, é necessário conhecer a evolução da economia brasileira nos últimos anos, notadamente a partir de 2012.
No entanto, no edital do concurso, a FGV pede somente “economia brasileira no século XX“. Ou seja, o período abarcado pela questão (evolução da taxa de desemprego a partir de 2012) foge do escopo delineado pelo edital. Assim sendo, a questão deve ser anulada, necessariamente.
Gabarito: D (mas tem recurso para ser anulada)
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Professor, assisti suas aulas, marquei a letra E, mesmo porque, como a pergunta se utilizou de matéria jornalística, o que mais se noticiou nos últimos anos, durante a crise brasileira, foi a retração dos setores: indústria e comércio, e somente o agronegócio obteve leve alta. Dos retraídos, o desemprego por redução de vagas devido a crise é uma das primeiras atitudes dos empregadores. No sentido isolado do texto, as empresas não reduziram suas vagas, apenas reduziram a utilização das vagas devido a crise, mas eu não vi outra opção que não seja essa. Se for a letra E, eu gabarito.
Olá Avenilson,
Correto. Baseando-se única e exclusivamente no enunciado, tem que marcar a letra E. Mas se o gabarito for mesmo a letra D (o que acredito que vai acontecer), tem que entrar com recurso, pois a questão está fora do edital.
Abs, Heber
Professor, obrigado pelas excelentes aulas!
Obrigado, Willian!
Abs, Heber
Professor...o senhor vai fazer um recurso pra essa questão?
Se sim onde você disponibilizará?
Olá Marcelo,
Eu sugeri um recurso na última questão. Ela traz um período da economia brasileira fora do edital.
Abs,
Heber
O que deixa a letra E errada é ter sido dito no item que a participação dos setores na criação de emprego diminuiu, o que nao é a mesma coisa que dizer que o numero de vagas diminuiu, uma vez que o numero de vagas geradas pode ter se mantido sendo compensado por outro setor.
A letra D é, de fato, a única correta. Acredito que os recursos não serao aceitos contra ela.
Abs.
Sim, concordo com o seu raciocínio, Matheus.
No entanto, a questão pode ser anulada pelo fato de trazer fatos recentes da economia brasileira. O edital é claro. Ela fala "economia brasileira no século XX." Explorar isso é o melhor caminho para este recurso.
Abs,
Heber