Este artigo se destina a explicar os componentes da gestão do conhecimento: o dado, a informação e o conhecimento.
No pós 2.a Guerra Mundial, a administração de empresas sofreu influência significativa das estratégias militares. Houve uma profusão de conceitos de guerra para o mundo dos negócios. Sun Tzu, lendário estrategista militar chinês, foi bastante utilizado neste período, com algumas frases bastante citadas, tais como: “Conhece o teu inimigo como a ti mesmo”; “Se conheces a ti, mas não ao teu inimigo, para cada cem batalhas, perderás a metade delas”; “Se conheceres bem a ti mesmo e ao teu inimigo, para cada cem batalhas, ganharás todas elas”.
O período do pós guerras até os anos 80 teve este enfoque para a necessidade de informações no nível corporativo das empresas.
Em um segundo momento, a partir dos anos 80, como uma consequência direta de autores como Michael E. Porter, com sua obra “Estratégia Competitiva: Técnicas para a Análise de Indústrias e Concorrência”, a estratégia empresarial passou a ser entendida como a escolha de um caminho, um posicionamento de determinadas empresas para a criação de vantagens competitivas duradouras.
Num terceiro momento, ao longo dos anos 80 e entrando nos anos 90, houve o florescimento de um período em que os departamentos de marketing e de planejamento das empresas buscaram incrementar suas capacidades de planejar, de se posicionar e se preparar para o futuro. Essa foi a época do surgimento do conceito de inteligência competitiva.
Com este terceiro momento houve a associação da estratégia empresarial com a inteligência competitiva.
Em um quarto momento, já nos estertores do século XXI, houve a revolução digital, com o avanço da tecnologia dos sistemas de informação propagando seus conceitos e popularizando o conceito de computador pessoal.
Autores como Alvin Toffler trouxeram, em livros como o seu “A Terceira Onda”, um processo de disseminação das tecnologias de sistemas de informação que democratizariam o acesso à informação a todas as pessoas. Este processo foi sucedido de mais algumas mudanças estruturais, como a internet 2.0 e o conceito de Big Data.
Durante este longo processo, a necessidade de tomadas de decisões na condução de organizações, empresas e governos trouxe novamente a informação como ferramenta para a cúpula decisória, por meio da gestão do conhecimento, que trata do dado, da informação e do conhecimento.
De acordo com Thomas Davenport, em “Working Knowledge: How Organizations Manage What They Know” (Conhecimento Empresarial: Como as Organizações Administram o que Elas Sabem – em tradução livre) o dado é a unidade mais elementar, mais básica da informação. É a informação bruta, quantificada ou quantificável, não tratada. O dado é o conteúdo quantificável que, por si só, ainda não transmite nenhuma mensagem sobre determinada situação. Na gestão do conhecimento, no que se refere ao dado, informação e conhecimento – o dado não possui significado relevante e não conduz a nenhuma compreensão.
Na estatística descobrimos que o dado é referenciado como seja toda a informação recolhida de uma maneira sistemática; ou seja, o dado, do ponto de vista estatístico, surge como uma informação. Assim os dados constituem um objeto construído por um observador a partir de várias definições teóricas apreendidas e utilizando-as para a interpretação dos signos que constituem essa informação. Desse ponto de vista podemos verificar que neste contexto dado e informação aparecem sendo indistintos.
Os dados são uma representação dos fatos, conceitos ou instruções de uma maneira normalizada que se adapte a comunicação, interpretação e processamento pelo ser humano ou através de máquinas automáticas. Os dados são representados por símbolos, letras, números e instruções principalmente na construção de software utilizados não só na linguagem computacional mas também como em grande escala na área de telecomunicações.
Dessa forma, dados são elementos de partida, que servem de insumos para operações computacionais ou análises a partir deles. Quando os dados vão ser inseridos em um computador, eles podem assumir a forma de variáveis que podem ser classificadas como numéricas, texto ou data. Tais variáveis podem ser ordenadas ou não-ordenadas. Colocando em poucas palavras, dados são as menores medidas da informação, quantificados ou quantificáveis, facilmente obtido por máquinas, facilmente estruturável e facilmente transferíveis. Um exemplo que representa bem o dado é uma medição de temperatura de 40 graus Celsius. Sozinho, este dado não possui significado nenhum. É uma temperatura quente? Pode ser. Mas a depender de um contexto, pode ser uma temperatura muito fria – ou mesmo não significar nem calor, nem frio.
Antes de ser utilizada na ciência da computação ou na ciência dos dados, a informação possui um sentido original, que vem da expressão em latim informare – a ação de formar algo, dar forma a alguma coisa. Entrou na língua inglesa com este mesmo sentido, a ação de informar; formação ou moldagem da mente ou do caráter, treinamento, instrução, ensinamento, comunicação de conhecimento instrutivo.
A informação é também, acima de tudo, uma mensagem, e como qualquer mensagem, possui um meio pelo qual circula, um emissor (quem a envia) e um receptor (quem a recebe).
A informação possui o propósito de mudar a percepção de seu receptor sobre determinado tema ou assunto, consequentemente tendo um impacto sobre seu julgamento e comportamento. A informação é o dado que faz a diferença. A informação, ao ser recebida pelo receptor, será por ele interpretada, sendo que ela forma ideias que podem fazer diferença em sua perspectiva e cognição. Ou seja, cabe ao receptor da informação determinar se o que ele recebeu é de fato informação.
Diferentemente do dado, a informação é dotada de relevância e propósito. Não apenas forma as ideias do receptor, a informação também possui uma forma: e ela é organizada para uma finalidade. O dado se transforma em informação quando seu criador acrescenta significado. O processo de transformação do dado em informação agrega valor em vários níveis. Há alguns processos com a letra “C” que convertem o dado em informação:
É possível notar que computadores podem auxiliar o tratamento dos dados em quase todos esses processos – à exceção da contextualização, que raramente pode ser provida por uma máquina.
A maioria das pessoas possui uma intuição de que o conhecimento é mais profundo, amplo, mais rico do que informação e dado. As pessoas também associam o conhecimento a pessoa que possui um detalhado, abrangente e confiável lastro ou cabedal de informação organizada sobre determinado assunto, alguém considerado educado e inteligente.
O conhecimento é uma composição fluida de experiência categorizada, valores, informação contextual, uma perspectiva perita que dota seu portador de capacidade para avaliar e incorporar novas experiências e informações. Em organizações, frequentemente está mesclado não só em documentos ou repositórios de informação – mas também em rotinas, processos, normas e práticas organizacionais.
O conhecimento, como é possível notar, não é enxuto ou simples, sendo uma mistura de vários elementos. O conhecimento é fluido da mesma forma que é formalmente estruturado, é intuitivo, e, portanto, difícil de definir somente em palavras ou de ser compreendido em termos lógicos. O conhecimento existe nas pessoas, sendo parte de suas inerentes complexidade e imprevisibilidade.
O conhecimento vem do desenvolvimento da informação que, por sua vez, vem do desenvolvimento do dado. Para que a informação se torne conhecimento, o homem deve fazer praticamente todo o trabalho. E este processo também possui as letras “C”:
O conhecimento possui valor por ser mais próximo da solução de problemas do que a informação ou o dado. Na verdade, o conhecimento pode e deve ser avaliado pelas decisões e ações a que ele pode levar. Isso quer dizer que quanto melhor o conhecimento disponível, melhor é a qualidade das decisões e das ações. Em níveis de abstrações, partindo do menor para o maior, o dado é o componente de menor abstração, sendo a informação em um nível intermediário de abstração, sendo sucedida pelo conhecimento, que é o maior nível de abstração dos três.
Neste artigo foi explicada e demonstrada a intrincada relação entre as tomadas de decisões e o valor das informações neste processo. Primeiro, o contexto histórico do pós guerras trouxe uma crescente penetração das estratégias militares no mundo dos negócios, levando muito do contexto da produção de informações para a melhor tomada de decisões.
Ao longo dos anos 80, a teoria da estratégia competitiva trouxe a questão da estratégia empresarial como um processo que determina um determinado posicionamento, para a construção de vantagens competitivas sustentáveis. Os anos seguintes, com um mundo em constante mudança, reforçaram a necessidade de coletar, processar e gerar informação útil de forma mais rápida para a tomada de decisão em tempo hábil. Isso trouxe o conceito de inteligência competitiva.
Com as mudanças trazidas pela revolução digital, os recursos de computação ficaram mais acessíveis, especialmente a Big Data – que são uma verdadeira infinidade de dados, às vezes brutos, às vezes transformados em informação. E aqui começa o campo da gestão do conhecimento, que se propõe a estudar como as organizações aprendem a tomar decisões, através da coleta e processamento de dados, criação de informação e geração e registro de conhecimento. E cada um destes componentes possui a sua definição.
O dado é uma espécie de informação quantificável ou quantificada, despida de valor para a tomada de decisão. É o componente mais básico de informação, retirada do ambiente, mas sem relevância por si só. Com ele, não é possível tomar decisão alguma. Um exemplo de dado é a aferição da temperatura de 40 graus Celsius.
A informação é o dado com relevância, contexto e propósito. A informação desta forma é uma mensagem, enviada de um emissor a um receptor, que irá utilizá-la para tomar uma decisão. É a temperatura de 40 graus Celsius, aferida de uma pessoa normal, com tosse intensa, que nesse caso significa uma febre alta.
O conhecimento é um conjunto categorizado de informações, de experiências, de conceitos construídos através de um processo de aprendizado e experiência. Um exemplo do conhecimento é o médico que, analisando as informações sobre a febre do paciente, define o tratamento mais adequado para atenuar sua febre e levá-lo mais rapidamente à recuperação física.
Ricardo Pereira de Oliveira
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