Tribunais de Contas (TCU, TCE, TCM)

DEPOIMENTO: Fernanda Viana – Aprovada no concurso de Analista do Tribunal de Contas do Distrito Federal, em 1º lugar na área de “orçamento”

“A maior dificuldade é lidar com as pessoas que você ama, mas que não entendem sua ausência ou que, apesar de entender, não acreditam no seu potencial. Eu escutei comentários como “para de estudar, sua vida está passando e você não está vivendo” ou “que chatice esse negócio de estudar, você não faz mais nada”, dentre outros. Não podemos escutar os comentários de quem não está na nossa pele, não sabe o que passamos, não sabe o quanto nos esforçamos… Mas temos que acreditar em nós, acreditar que é possível e ouvir aqueles que nos incentivam”

Autoconfiança e autoconhecimento. De nada adianta ter disciplina e dedicar várias horas por dia aos estudos se o concurseiro não souber reconhecer suas dificuldades e não acreditar que elas podem sim ser superadas. E foi isso que garantiu a aprovação de Fernanda Viana no concurso do Tribunal de Contas do Distrito Federal.

Formada em matemática, Fernanda teve um melhor rendimento nos estudos depois que percebeu que era preciso ter foco e que a dificuldade em algumas matérias poderiam ser minimizadas mudando as estratégias de estudo. Falando assim, parece que a caminhada dessa concurseira foi fácil, mas não. Ao todo, foram dez anos de estudos até alcançar sua realização profissional e pessoal.

Confira o depoimento de Fernanda Viana e veja que dificuldade é um substantivo muito comum na vida de quem estuda para concursos e que nessa caminhada somente existem duas pessoas: as que desistem diante das dificuldades e as que passam!. Ela optou por não desistir

Estratégia Concursos: Conte-nos um pouco sobre você, para que nosso leitor possa te conhecer melhor. Você é formada em que área? Trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos? Quantos e quais concursos já foi aprovada? Qual o último?

Fernanda Viana: Meu nome é Fernanda Viana, sou formada em matemática e pós graduada em mercado financeiro (mas me considero uma pessoa normal! Rs). Além da iniciativa privada, já trabalhei na Caixa Econômica Federal e, agora sou Analista de Planejamento e Orçamento do Ministério Público da União.

Durante a jornada de estudos para concursos, fui aprovada nos concursos da Caixa Econômica Federal, do Banco do Brasil, de Técnico do MPU, de Analista Administrativo do TRF 1ª Região (31ª colocada), de Analista do MPU (2ª colocada) e, mais recentemente, de Analista de Administração Pública do TCDF (1ª colocada na área de orientação: orçamento, gestão financeira e controle). Somente nos dois últimos fiquei dentro das vagas do edital.

Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?

Fernanda: É muito bom ver o nome na lista. Passa um filme na minha cabeça de tudo aquilo que tive que abrir mão, das palavras de desencorajamento e também das palavras de incentivo que ouvia… Então eu sentia que aquela felicidade superava toda a aflição que a caminhada havia gerado.

Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social para passar no concurso o mais rápido possível?

Fernanda: Nunca abdiquei de tudo. Minha vida social sempre existiu, mas era restrita. Além da família, eu tenho diferentes grupos de amigos. Então, eu via a família e os amigos somente nos eventos de aniversário. Para ver mais meus irmãos e meus pais, eu fazia visitas rápidas no final de semana. Aproveitava o almoço para vê-los.

A única coisa que não sofreu qualquer restrição foi a igreja. Estava presente em todos os compromissos que assumi. Além da missa aos domingos, o compromisso envolvia oração toda sexta-feira à noite e de quinze em quinze dias aos sábados. Assim, nos finais de semana estudava mais durante o dia. Acho fundamental manter uma parcela de tempo para aquilo que te faz bem, seja lá o que for. Os meus compromissos na igreja era o que me dava forças para continuar. Sempre tive fé de que Deus estava a frente dos meus planos e que tudo aconteceria da forma que Ele escolheu para mim.

Nos dias de semana também frequentava a academia. Acho que é preciso estabelecer uma rotina sustentável por muito tempo. Não adiantaria parar tudo para estudar se eu não iria conseguir manter a rotina pesada por mais de um mês. É preciso imaginar que você pode passar anos estudando, e assim estabelecer uma rotina saudável.

Estratégia: Ao longo de sua jornada, você tentou outros concursos, para treinar e se manter com uma alta motivação ou decidiu manter o foco apenas naquele concurso que era o seu sonho? Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior? 

Fernanda: Na realidade eu demorei para estabelecer um foco, então acabei fazendo vários tipos de concursos. Mas quando determinei o foco, senti que o resultado foi mais efetivo. Eu acho que é necessário sim ter uma linha única de estudos. Os concursos com foco diferentes somente valem a pena se for para testar o conhecimento em matérias que estão dentro do seu foco. Aí não vale ficar triste porque não conseguiu um bom resultado. Tem que ir direto na matéria que você testou, vê o que precisa estudar mais ou o que precisa apenas manter o conhecimento. Não adianta, em certos momentos a racionalidade é essencial.

Hoje, a minha aprovação no concurso do TCDF é a minha realização pessoal e profissional. Não mais me dedicarei a estudar para concursos. Vou seguir estudando, mas apenas por prazer.

Estratégia: Você estudou por quanto tempo, contando toda a sua preparação? Durante este tempo de estudo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos mesmo naqueles períodos em que não havia edital na mão?

Fernanda: Eu comecei a estudar para concursos em 2004, mas estudava completamente errado: somente com edital publicado e sem planejamento. Nunca tive todo tempo livre para estudo, sempre trabalhei. Assim, eu ficava dependente de curso presencial para direcionar os estudos, o que já ocupava um período inteiro do meu dia, ficando pouco tempo para revisar as matérias aprendidas e fazer exercícios.

Após a nomeação para técnico do MPU, estabeleci o foco de estudo na área de controle e gestão. Então fiz um planejamento de estudo em que iniciei com matérias mais frequentes, como Administração Financeira e Orçamentária e Contabilidade Pública, além de revisar as matérias de português e de direito.

Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?

Fernanda: Após o planejamento, fiz curso presencial apenas das matérias com maior dificuldade de aprendizado. Para as demais matérias, sentia que estudo rendia mais quando eu determinava o ritmo, então estudava por livros, cursos em PDF e sites de questões.

Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e re-leitura da teoria?

Fernanda: Eu criei um cronograma de estudo. Como trabalhava no período vespertino, separei o estudo por período matutino e noturno e estudava 3 a 4 matérias simultaneamente. Duas matérias sendo novas e as demais somente revisão. Nas matérias novas, colocava mais períodos para o estudo.

Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?

Fernanda: Tentei estudar Contabilidade Pública sozinha sem ter qualquer base de conhecimento em contabilidade geral. Estudei bastante por 4 meses e fiz uma prova para testar o conhecimento. Resultado: fiquei “devendo pontos” para a banca. Bola para frente, fiz a matrícula em um curso presencial e em um curso PDF. Mesma matéria, com professores e metodologias diferentes. Deu certo!

Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como você levou seus estudos neste período? Você se concentrava nas matérias de maior peso ou distribuía seus estudos de maneira mais homogênea? Focava mais na re-leitura, em resumos, em exercícios, etc ?

Fernanda: Eu construí uma base boa antes do edital. Após publicação do edital, me concentrei nas “matérias surpresas” e, nas duas ou três últimas semanas, fiz revisão de todas as matérias, começando por aquelas que tinha mais facilidade.

Acho essencial essa revisão. Você tira o estresse de ter que aprender algo “na marra” e consolida os conhecimentos já adquiridos. Antes de estabelecer essa rotina de fazer revisão, eu errava muitas questões que tratavam de assunto que eu já tinha visto, mas não lembrava no nível de detalhe que a prova trazia.

Estratégia: Na semana da prova, nós sempre observamos vários candidatos assumindo uma verdadeira maratona de estudos (estudando intensamente dia e noite). Por outro lado, também vemos concurseiros que preferem desalecerar um pouco, para chegar no dia da prova com a mente mais descansada. O que você aconselha?

Fernanda: Eu aconselho manter a revisão até a sexta-feira que antecede a prova, deixando para os últimos dias aquelas normas específicas do concurso, como os regimentos internos. Até porque a cabeça não relaxa. Mas no sábado deve ser dia de descanso, para não criar cansaço físico.

Estratégia: No seu concurso, tivemos, além das provas objetivas, as provas discursivas. Como foi seu estudo para esta importante parte do certame? O que você aconselha?

Fernanda: Eu fiz um curso de discursiva muito antes da prova, porque tinha dificuldades de desenvolver as ideias. Pensava muito e escrevia tudo em um único parágrafo. Depois desse curso, mantive o estudo de português fazendo provas e intensifiquei o estudo de conteúdos passíveis de serem cobrados em discursiva. Eu aconselho fazer provas discursivas quinzenalmente. Apesar de não ter feito dessa forma, sei que a prática facilita o êxito.

Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?

Fernanda: Sempre existem erros na preparação. Não ter praticado a elaboração de questão discursiva foi um deles, mas o meu maior erro foi passar muito tempo estudando sem rotina, somente com edital.

Os maiores acertos foi conseguir estabelecer um foco, planejar o estudo, ter disciplina total nos dias de semana e fazer revisão nas últimas semanas que antecedem a prova.

Estratégia: Pela sua experiência e contato com outros concurseiros, diga-nos quais são os maiores erros que as pessoas cometem quando decidem se preparar para concursos?

Fernanda: Eu acho que o maior erro é estudar e parar, estudar e parar… Essa rotina está fadada ao fracasso, pois você cansa mais, já que não se acostuma com a rotina de estudo, e demora mais, porque esquece muito do conhecimento adquirido.

Outros erros comuns são estudar para tudo que aparece ou estudar sem fazer exercícios.

Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação?

Fernanda: A maior dificuldade é lidar com as pessoas que você ama, mas que não entendem sua ausência ou que, apesar de entender, não acreditam no seu potencial. Eu escutei comentários como “para de estudar, sua vida está passando e você não está vivendo” ou “que chatice esse negócio de estudar, você não faz mais nada”, dentre outros.

Teve até uma história engraçada, um dia antes da prova de analista do MPU eu fui para um churrasco de família. Meu pai comentou que eu estava muito sumida, justifiquei que estava estudando e que a prova seria no dia seguinte. Ele falou que era muito bom que eu estudasse mesmo, que ficava feliz em ver esse esforço e, de repente, perguntou quantas vagas tinha no concurso. Quando falei que eram 9 vagas, ele respondeu prontamente: “nove vagas? Não passa não, filha! É muito pouco!”. A sorte é que meu marido ouviu, entrou na conversa e me retirou daquela situação. Então, eu consegui ignorar esse comentário. Resultado: fiquei em segundo lugar!

Não podemos escutar os comentários de quem não está na nossa pele, não sabe o que passamos, não sabe o quanto nos esforçamos… Mas temos que acreditar em nós, acreditar que é possível e ouvir aqueles que nos incentivam. Também não podemos nos preocupar com a quantidade de vagas, nós só precisamos de uma, não é mesmo? Como dizem por aí: “na vida de concurso somente existem duas pessoas: as que desistem e as que passam!”. Eu optei por não desistir.

Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso. Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!

Fernanda: Meu conselho para aqueles que estão na luta é: faça o seu planejamento e crie sua rotina. Não acredite em fórmulas mágicas, veja o que dá certo para você e seja fiel à rotina criada. Aprenda com erros, não pare no meio do caminho. Acredite que você é capaz, independente do que as pessoas falem. Não se apegue ao tempo dos outros, a sua vitória virá na sua hora! Apenas não desista!

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