Olá futuros colegas agentes públicos!
Eu sou Pablo Kratf, Defensor Público do Distrito Federal e coach do Estratégia Concursos.
Vai ser um prazer enorme dividir minha experiência nesse mundo competitivo e voraz dos concursos públicos, realidade vivida intensamente por mim durante alguns anos colhendo angústia, ansiedade, tristeza, alegria, euforia, paixão e outros sentimentos.
Primeiramente, quero deixar bem claro que o paradigma criado de que apenas nerds são aprovados em concursos é falso, pois sou um exemplo claro disso, conforme será demonstrado no decorrer desse texto, cujo objetivo principal é demonstrar que com resiliência, fé em Deus e perseverança tudo é possível.
Pois bem colegas, atualmente tenho 37 anos e terminei meu nível médio aos 26 através de supletivo, tendo em vista que passei grande parte da minha vida focado apenas em treinar jiu-jitsu (verdade, esse gordinho que vos fala já ganhou alguns títulos na arte suave), andar de moto e curtir baladas, ou seja, eu era um genuíno boêmio.
Porém, em 2006 minha falecida mãe atravessou uma grande crise financeira, tendo perdido praticamente todos os bens que conquistou e eu por via oblíqua fiquei sem chão, e para piorar a situação meu filho tinha apenas 01 ano e 06 meses, o que me deixou extremamente preocupado. Moral da história: minha mãe criou o mundo para o filho invés de criar o filho para o mundo, mas eu não a culpo, pois essa foi a maneira que ela enxergou a forma de compensar o período da minha infância que morei com minha avó.
Nessas situações você conhece realmente as pessoas que querem o seu bem e graças a Deus encontrei alguns anjos no meu caminho. Em 2006 minha mãe juntou todas as economias restantes e perguntou se eu queria estudar, tendo eu respondido prontamente que a única maneira de superar aquela situação seria através dos estudos, pois jiu-jitsu não estava me dando dinheiro e muito menos andar de moto e curtir baladas.
No início de 2006 procurei uma escola para terminar o nível médio e mergulhei nos estudos, sendo que em 2007 ingressei na universidade para cursar Direito (influência do meu irmão por parte de pai que passou no concurso para Procurador do Estado de Sergipe aos 24 anos).
Durante os cinco anos da graduação resolvi me dedicar ao máximo e passei por algumas situações humilhantes que serviram de combustível para alcançar os meus objetivos. Lembro todos os dias do primo da minha esposa que já estudava para concursos desde 2003 falando que eu não tinha base nenhuma, razão pela qual nunca passaria sequer em concursos de nível médio (escutei isso na frente de familiares várias vezes).
Outro fato marcante foi meu filho Kauã (à época com 04 anos) em 2008 pedindo um danoninho e eu não tinha dinheiro para comprar, pois naquele período não estava sequer estagiando e o único dinheiro disponível era o da mensalidade do curso de Direito (paga com muito sacrifício pela minha falecida mãe), sendo que minha esposa sustentava o nosso lar trabalhando todos os dias de forma digna, porém, só tínhamos o básico. Nesse período sofri bastante, mas minha força de vontade e motivação aumentava a cada minuto. (sou eternamente grato a minha esposa Sandra – meu pilar)
Nesse mesmo ano de 2008 fiz as minhas primeiras provas de concurso (Técnico Judiciário TST, STJ, TJDFT e STF) e tomei ferro em todas!!! Será que as palavras do primo da minha esposa eram uma espécie de profecia? Confesso que entre janeiro e agosto de 2008, período em que foram realizados os certames eu achei que realmente estava destinado a perder, mas aquele momento em que meu filho pedia o danoninho e eu não tinha dinheiro tocava o meu coração e não deixei a peteca cair.
Após os fiascos de 2008 resolvi que iria me preparar de forma mais adequada, pois disposição eu tinha de sobra, mas me faltava técnica e direcionamento. No início de 2009 fiz um processo seletivo para estagiário do Ministério Público do Distrito Federal e logrei a segunda colocação, o que me deixou bastante feliz, tendo em vista que receberia uma bolsa $$$ e ainda por cima aprenderia de forma prática a atuar no mundo jurídico.
Durante o meu estágio no MPDFT conheci alguns servidores e promotores fenomenais que sensibilizados com a minha determinação me ajudaram bastante com dicas, técnicas e materiais de estudo, porém, como em todo lugar sempre tem um idiota teve um servidor (técnico administrativo do MPU) que sempre fazia comentários infelizes, a exemplo: Pablo, você não tem vergonha de ser estagiário com 30 anos de idade? Quem mandou não estudar quando era mais novo agora é estagiário aos 30 anos! (mais uma vez absorvi essa energia negativa e transformei em combustível, assim como fiz com o primo da minha esposa)
Passei quase dois anos no MPDFT estagiando a tarde, estudando na biblioteca pela manhã e à noite na universidade, sendo que em 2010 retomei ao mundo dos concursos. Lembro como se fosse hoje que entre maio/agosto de 2010 fora realizado o certame para Agente Administrativo da Defensoria Pública da União, ou seja, era chegada a hora de ingressar no meu primeiro cargo público. Fiz uma excelente prova e fui o 11o colocado, tendo ficado nessa belíssima instituição por quase dois anos (período em que estava concluindo meu curso de Direito).
No segundo semestre de 2010 (8o semestre da graduação) fiz a prova para Analista Processual do MPU e consegui ser aprovado, em que pese não ter tido uma excelente classificação, mas para mim foi uma vitória enorme!!! Sinal que estava evoluindo cada vez mais!
Após engatar o ritmo de estudos fui agraciado no final de 2011 com a terceira colocação no concurso para Advogado do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (10o semestre da graduação), tendo entrado em exercício em 2012. Apenas uma observação: adorei trabalhar no Confea, pois possui uma grande estrutura e dispõe de uma boa remuneração.
Também em 2012 consegui ser aprovado nos concursos para Analista Judiciário do STJ e Advogado da Caixa Econômica Federal, mas optei por permanecer no Confea, pois acabei cometendo um dos piores pecados do concurseiro (CAIR NA ZONA DE CONFORTO – JAMAIS FAÇAM ISSO!).
Explico melhor, com apenas 08 meses advogando para o Conselho Federal de Engenharia consegui cair nas graças do presidente e fui catapultado para a função de confiança de Assessor da Presidência, cuja remuneração em 2013/14 ultrapassava R$ 14.000,00 (quatorze mil reais), fora os benefícios como plano de saúde, auxílio alimentação, auxílio escola para dependentes e outros mais. (lembrando que a natureza jurídica dos Conselhos de Fiscalização Profissional é de autarquia, mas com algumas benesses, além do controle pelo TCU ainda ser tímido)
Fiquei praticamente 02 anos como Assessor da Presidência e meu padrão de vida melhorou consideravelmente! Eu era um estagiário com 30/31 anos em 2009 ganhando menos de um salário mínimo, daí vocês imaginam como foi a minha felicidade e zona de conforto! Hehehe
Esqueci de comentar: no primeiro semestre de 2012 bati na trave na segunda fase para Procurador da Fazenda Nacional, pois cometi um erro crasso, qual seja, não fiz um cursinho específico para encarar as provas discursivas, pois tinha plena convicção que estava preparado, ledo engano que me custou caro.
Demorou um tempo para minha ficha cair sobre a permanência em ocupar a função de Assessor da Presidência de uma autarquia, pois após passar algumas experiências de autoritarismo com meu antigo chefe (até hoje é meu amigo) eu despertei e aprendi que FUNÇÃO DE CONFIANÇA PODE SE PERDIDA A QUALQUER TEMPO (lição básica na Lei 8112, mas eu estava deslumbrado com a boa remuneração e benefícios recebidos no CONFEA, tanto é que decidi não ir para o STJ quando fui nomeado para ser Analista Judiciário).
Após passar por um período de 06 (seis) meses sem estudar resolvi retomar a minha maratona e tinha apenas um foco em mente: ser Defensor Público do DF ou Promotor de Justiça do MPDFT.
No início de 2013 fui me testar em Tocantins no concurso para Defensor Público daquele Estado, tendo obtido uma das maiores notas na primeira fase, porém, mais uma vez fui eliminado na segunda fase após um erro bobo (não identifiquei a peça correta e fiz uma tremenda besteira na prova de penal).
Continuei a estudar e comecei a conversar cada vez mais com candidatos aprovados em concursos das carreiras que eu almejava, além de ler bastante sobre técnicas de estudo utilizadas por eles, pois sabia que 2013 era o ano decisivo para os concursos que eu sonhava. Dito e feito! Entre abril e junho do ano supramencionado foram deflagrados os editais para Defensor Público do DF e Promotor de Justiça do MPDFT, soma-se a isso eu estava no meio da minha pós-graduação na Escola do MPDFT (pós muito pesada com aulas todos os dias e somente provas discursivas).
Lembro que concomitante a esses concursos também foi publicado o edital para o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, sendo que optei fazer a prova para Oficial de Justiça Avaliador Federal apenas como forma de treino para os concursos de Defensor e Promotor, tendo com a graça de Deus sido aprovado no concurso mencionado (cargo que exerci depois por quase dois anos).
Consegui ir muito bem na primeira fase de ambos os concursos (Defensor e Promotor), porém, no decorrer dos certames ocorreu a pior tragédia da minha vida – minha mãe faleceu. Sendo filho único por parte de mãe tive que suportar essa dor sozinho, tendo quase desistido de realizar as provas da segunda fase para Defensor Público e Promotor de Justiça, pois não conseguia sequer me concentrar com tamanha tristeza e sofrimento.
Não obstante toda essa dor eu prossegui em frente, tendo em vista que pouco antes de falecer minha mãe disse que estava orgulhosa da minha nova trajetória e que eu deveria vencer para dar um futuro digno ao meu filho. (sempre choro ao lembrar)
Outra coisa que me marcou muito foi justamente o fato de a Defensoria Pública do DF ter conseguido judicialmente a internação em leito de UTI para minha mãe, o que aumentou de forma exponencial o meu e carinho e admiração por essa instituição.
Após 15 dias do falecimento da minha mãe fiz ambas as provas, sendo que não passei por alguns detalhes na segunda fase da prova para Promotor de Justiça do MPDFT, porém, obtive êxito na Defensoria. Assim, mesmo em luto comecei a me preparar para a prova oral do concurso fazendo simulações com alguns colegas e estudando técnicas de oratória, respiração e mergulhando na doutrina e informativos de jurisprudência do STJ e STF. (PS: estudo de primeira e segunda fase é outra abordagem)
No final das contas deu tudo certo e consegui ser aprovado no concurso para Defensor Público do DF, tendo sido empossado em janeiro de 2017.
Estamos chegando ao final desse texto colegas, mas quero que vocês se lembrem dessas frases que foram fundamentais para a minha aprovação: a) aquele que não luta pelo futuro que quer, deve aceitar o futuro que vier; b) cada escolha uma renúncia.
PS: convidei o primo da minha mulher e o servidor do MPDFT para a minha solenidade de posse como Defensor Público (não poderia deixar isso passar. Hehehe)
A história agora será de vocês! Quero todos ultrapassando seus limites, conquistando vitórias e sendo empossados nos concursos que almejam! Se eu consegui todos podem, e é justamente por isso que fiquei encantado com a ideia de ser coach. Quero ser um instrumento para que vocês venham utilizar as melhores armas, empreender as melhores técnicas, obterem as melhores notas para no final ocuparem os melhores cargos! O céu é o limite concurseiros! Contem sempre comigo!
Abraços
Pablo Kraft
Defensor Público do Distrito Federal
“Treine enquanto eles dormem, estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham.”
Provérbio Japonês
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Belíssima história, meu amigo. A minha é muito parecida, inclusive quanto ao jiu jitsu (no momento estou impossibilitado de treinar por conta de uma lesão na coluna lombar, devido ao excesso de treinos, fui "guardeiro" e sofri muito com isso, rsrsrs). Perdi meu pai aos 19 anos, fui pai 3 meses após a morte do meu "velho", não tive uma base sólida de estudos e ainda por cima fui humilhado de todos os lados possíveis, pois todos falavam que eu não tinha capacidade para passar em concursos. A minha sorte/intervenção divina foi minha querida esposa, que sempre me apoiou e acreditou em meu potencial. Resultado, sou servidor do cnj e estou retornando ao meu curso de direito neste semestre (esperei minha esposa se formar para concluir os estudos). Coincidentemente tenho a pretensão de me tornar defensor público e, doravante, preparar-me-ei para tal cargo. Forte abraço, daqui a alguns anos estarei aqui dando o depoimento de minha trajetória que, como a sua, com certeza, daria um livro.
Obrigado, Tiago! Em breve seremos colegas aqui na Defensoria Pública do DF! Afinal de contas, quem é forjado no fogo e na tempestade jamais é derrotado por ventos e pedradas! Seja resiliente e jamais desista dos seus sonhos!
Professor, de todas as histórias que li até hoje, essa foi a que mais me pegou. Muito obrigado por compartilhar isso com a gente! Um grande combustível.
Alex, espero sinceramente que esse relato possa servir de combustível para que você venha a conquistar todos os seus sonhos! Seja resiliente e não desista nunca. Abraço!
Brilhante história de superação. Para mim essa é a maior e melhor motivação que pode existir: superar os obstáculos que a vida impõe. Parabéns!!!
Obrigado, Valter! Quem é forjado no fogo e na tempestade jamais é derrotado por ventos e pedradas, e foi justamente isso que ocorreu comigo!
Obrigado por compartilhar sua história. É bom ver que não há heróis nos órgãos públicos, mas pessoas reais e comuns que lutam pelos seus sonhos! Parabéns!
Obrigado, Fábio! Meu intuito foi apenas demonstrar que todos somos capazes de conquistar nossos sonhos, porém, para que isso ocorra é preciso dedicação, renúncia e bastante perseverança! Conte comigo!
Pablo, chorei junto com você, xinguei seu primo, falei bem feito com o convite para a posse! Haha
E sua história vai ajudar muita gente, pode ter certeza. E eu me incluo! Parabéns.
Misleine, o seu destino depende exclusivamente de você! Tenho certeza que sua história já está sendo mudada! Seja resiliente!
Grande história de vida professor! Parabéns, e obrigado por compartilhar um pouco conosco, serve muito de motivação, não sabe o quanto é importante para quem ainda está na caminhada dos concursos. Sobre o primo, mas que ser humano mais ou menos hein rs.
Valeu Emerson! O intuito foi justamente esse, qual seja, demonstrar para vocês que todos somos capazes! Cara, o primo continua sem graça até hoje! Hehehe
Linda história! Venceu a dor, um vencedor. Parabéns! Grande inspiração!
Obrigado, Filipe! Quem é forjado no fogo e na tempestade jamais é derrotado por ventos e pedradas!
Obrigado Professor! A minha história se contrasta muito com a sua, deixei o jiu-jitsu mais novo, com 23 anos, em razão da minha filha. Desde então, hoje com 25, procurei um trabalho que me desce algum retorno pois as minhas garotas precisam de mim e foi através desse emprego que percebi o quanto eu quero passar num concurso público, a pouco mais de 04 meses eu me preparo para logra êxito em um concurso e sua história é simplesmente a que mais me chacoalhou pra realidade e pra luta! Obrigado! OSS! Logo, o meu depoimento vai estar aqui tbm!
Grande Vambert! Eu utilizei meu filho como combustível e vejo que você está fazendo a mesma coisa com as suas princesas! Em breve quero ver o seu depoimento aqui, pois acredito plenamente que irá conquistar o cargo que almeja! Um abraço.
Ótimo depoimento, totalmente sensacional sua história de superação e motivador!
Poderia ter um vídeo deste depoimento com uma música tema de fundo para tornar mais emocionante do que já está escrito em texto.
Parabéns!!!
Faltou a música de fundo do Rocky Balboa! Hehehe
Sempre leio vários depoimentos, mas essa é a primeira vez que comento. Só gostaria de dizer que sua história é realmente incrível e inspiradora. A sua garra é fenomenal. Estou muito feliz por você, de coração!
Um abraço,
Tamiris
Obrigado, Tamiris! Espero que esse relato possa servir de exemplo e motivação para outras pessoas! Grande abraço!