Concursos Públicos

COMO FUI APROVADO NA RECEITA FEDERAL (MINHA HISTÓRIA PARTE II)

O Recomeço

Concluí o Ensino Médio no Colégio Naval em 2004 e no ano seguinte ingressei na Escola Naval, curso superior da Marinha do Brasil. Encerrada essa etapa eu seria promovido ao posto de Segundo-Tenente.

Apesar de grato a Deus pelo meu progresso, eu não estava satisfeito com as perspectivas que a Marinha me oferecia.

Em 2007, antes mesmo de concluir a graduação, iniciei os estudos para concursos públicos. Minha escolha foi pela área fiscal.

Novas falhas

Contudo, a inexperiência e a ansiedade próprias de um jovem de 20 anos me levaram a cometer alguns erros.

Ávido por ser logo aprovado, desviei-me do objetivo inicial para ter mais chances num concurso “mais fácil” que ocorreria em breve. Ocorreria… Não houve a prova e eu perdi um tempo precioso.

O segundo erro foi pior. Deixei-me levar pelo desejo de viver o presente, de “aproveitar a juventude” e fui aos poucos, sem perceber, reduzindo a carga de estudo até abandoná-lo completamente.

Ao final de 2009, ano da minha promoção a Oficial, “a ficha caiu”. Estava infeliz com a profissão e não havia me preparado para nenhuma prova.

A partir daquele momento, contudo, o caminho seria mais árduo: teria que conciliar os estudos com o trabalho.

Dificuldades e Perseverança

Eu tinha horário para entrar, mas não tinha para sair. Boa parte das vezes não saía. Pernoitava no local de trabalho. Isso sem falar nas inúmeras viagens. Semanas sem poder estudar!!!

No período de 2010 ao final de 2011 foram aproximadamente 250 dias de afastamento.

Nos dias “normais” eu saía para trabalhar às 06:00 e chegava em casa por volta das 21:30. Sim, eu ainda estudava.

Muito cansado e com rendimento baixíssimo. Mas ainda assim eu estudava.

Inúmeras vezes eu acordava no meio da madrugada dormindo sentado após cair no sono sem perceber. Mesmo assim eu estudava!

Em diversas oportunidades eu conseguia estudar somente 30 minutos, conseguia ler somente 2 ou 3 páginas. Mas ainda assim eu estudava.

Minha insistência em estudar parecia realmente uma teimosia inútil. Eu levaria mais de uma década naquele ritmo de estudos.

Era uma rotina realmente infernal. Todos os dias eu pensava em desistir. Mas não desistia. Continuava.

O Coach

Eu não tinha um coach. Mas tinha um amigo no local de trabalho. Ele não estudava para concursos. Muito menos me ensinava técnicas de estudo. Mas ele tinha um DOM. Não houve um dia em que suas palavras não me emocionaram.

Muito religioso, sempre me falava de Deus e me incentivava a seguir em frente.

“Está muito difícil!!! Está doendo muito!!!” eu sempre dizia. Mas ao final da conversa meus ânimos eram renovados.

A proximidade com ele foi aos poucos me transformando em outra pessoa. Ganhei serenidade, sabedoria, fé e paciência.

Minha eficiência nos estudos já aumentava exponencialmente.

O Jogo virou

Ao final de 2011 os ventos passaram a soprar a meu favor. As viagens se tornaram raras e houve uma mudança na minha chefia. A rotina ficou mais leve. Quase um trabalhador comum.

Chegava em casa mais cedo: às 18:30 já estava estudando. Não tinha limite para parar. Estudava até o infinito e além. Até a alma sair do corpo. Eu ria na cara do cansaço!!!

Nos finais de semana o empenho continuava o mesmo. Dez horas líquidas aos sábados e cinco aos domingos. Os períodos de férias também seguiam o padrão. Dedicação integral e irrestrita aos estudos. Ficava dias sem ir sequer à varanda de casa. (O negócio era bruto, amigo!!!)

O Sucesso

Foi aproximadamente 1 ano até a prova para Auditor-Fiscal da Receita Federal (2012). Os amigos dizem que foi a prova mais difícil da história do concurso.

Eu fui um dos últimos classificados. Qualquer conhecimento a menos iria me tirar da lista de aprovados. No fim das contas, aqueles dias de eficiência duvidosa em que estudava somente 3 páginas fizeram diferença.

Foi um período de dor, de medo, de aflição, de angústia, ou seja, foi uma fase maravilhosa da minha vida.  As dificuldades forjam nosso caráter.

A história se repetiu. Não fiquei surpreso ao ver meu nome no Diário Oficial da União. Estava muito feliz, é claro. Mas o real motivo da minha felicidade não foi o resultado na prova.

Estava feliz por ter me transformado numa pessoa melhor. Estava feliz pelo aprendizado que poderei compartilhar com vocês:

1º Construir uma pessoa melhor para a sociedade e um futuro mais digno para si mesmo é a melhor maneira de aproveitar a vida.

2º Durante os tempos fáceis, prepare-se para os difíceis.

3º Dar pequenos passos é melhor do que ficar parado.

4º Você deve escolher muito bem suas companhias. Inevitavelmente elas exercerão uma influência sobre você.

5º Devemos ter esperanças por dias melhores. Eles chegam.

Como sempre digo, a linha de chegada é legal.

Mas a Jornada é muito mais emocionante.

Para ver a parte I da minha história clique aqui ou me siga nas redes:

Felipe Ramos

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