Olá, pessoal! Choro e ranger de dentes provocados pelo Cebraspe ecoam entre os candidatos das carreiras policiais. Que prova! No computo geral, a prova foi muito bem feita e os temas foram muito bem selecionados, no entanto, como em todas as provas de História e Geografia, ela apresenta possíveis divergências interpretativas, que irei explorar aqui para sugerir recursos. Em relação à questão 57, imagino que os examinadores irão analisá-la com atenção, pois ela sugere uma dinâmica demográfica da imigração que não é observável nos dados estatísticos do IBGE e em seus primeiros recenseamentos, os quais mostram que, no decênio 1884-1893 e no seguinte, não ocorreram alterações expressivas na entrada de imigrantes, que acontecia desde antes da proibição do tráfico de escravos.
A imigração europeia foi uma constante ao longo do século XIX, dessa forma, foram fundadas algumas colônias alemãs no Rio de Janeiro por influência da imperatriz Leopoldina, assim como colônias militares na fronteira com a Argentina para a defesa da fronteira. A região foi povoada com colônias de europeus que se concentraram no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, esse por sua vez, continuava junto do Rio de Janeiro com o plantation cafeeiro escravista, visto que, desde a lei Eusébio de Queiroz, o tráfico de escravos interprovincial aumentou expressivamente, pois os fazendeiros do nordeste passaram a vendê-los muito caro para os cafeicultores do sudeste.
Em 1850, o parlamento brasileiro aprovou o fim do tráfico de escravizados e a Lei de Terras, que é interpretada pela tradição historiográfica como uma maneira de monopolizar as terras diante do aumento da imigração europeia e de dificultar o acesso. Em São Paulo, as primeiras experiências com a imigração europeia ocorreram na fazenda Ibicaba, a qual pertencia ao senador Campos Vergueiro. A imigração em São Paulo aumentou principalmente após a abolição da escravidão e a proclamação da República, mas já havia um processo massivo de imigração europeia por meio de políticas públicas no sul do país desde a proibição do tráfego de escravizados.
O Paraná, quando foi emancipado de São Paulo, já era colonizado por europeus, inicialmente com poucas colônias, mas ao longo da segunda metade do século XIX, já era povoado por colonos. Lá, a primeira experiência foi em 1829, quando o barão de Antonina conseguiu autorização da corte para construir um núcleo de colonos alemães.
De acordo com o IBGE e os levantamentos estatísticos realizados, entre 1884 e 1893, o número total de imigrantes continuou estável. Ocorreu um aumento provocado pelo contexto anterior à Primeira Guerra Mundial, mas depois a imigração diminuiu expressivamente, voltando a aumentar novamente após conflito, e na década de 30, Vargas limitou as imigrações a 2% do quantitativo residente no Brasil da respectiva nacionalidade. De acordo com os dados disponíveis sobre a entrada de imigrantes, não podemos afirmar que a imigração europeia ocorreu em massa somente após 1888, pois ela já ocorria expressivamente ao redor do país, variando o fluxo de cada nacionalidade. Em São Paulo, depois dos portugueses, o maior grupo de estrangeiros são os italianos, que após o período migraram em quantidades cada vez menores. Diante do exposto, solicito a anulação da questão pela afirmação equívoca.
https://brasil500anos.ibge.gov.br/estatisticas-do-povoamento/imigracao-por-nacionalidade-1884-1933.html
Getúlio Vargas foi um governante astuto e organizou o Estado brasileiro nos moldes totalitários europeus da década de 30. Ele governou sem oposições expressivas nos estados, somente São Paulo se levantou pelas armas contra ele, e apenas no contexto da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial que surgiu uma oposição forte o suficiente para derrubá-lo do poder. Nas relações internacionais, Vargas negociou simultaneamente com a Alemanha nazista e com os Estados Unidos, o que não é incoerente em se tratando de política externa, pois o comportamento geopolítico não é pautado em ações morais; sendo assim, países não têm amigos ou inimigos, têm interesses. Dessa maneira, seu governo foi coerente interna e externamente, num período muito agitado e polarizado, em que o fascismo e o socialismo eram correntes que se enfrentavam frequentemente, e as capitais estavam em franco crescimento, além disso, foi quando o futebol se tornou a paixão nacional e o samba foi identificado como a música nacional. Foi um período complexo, em que Vargas se comportou ora como um constitucionalista, ora como um ditador anticomunista, mas coeso enquanto a execução de um projeto político de país. Solicito a anulação da questão diante da ambiguidade que ela provoca.
Imagino que a banca não aceitará esse recurso, mas podemos considerar que, ao pé da letra, no período da Revolução do Haiti, Alagoas ainda não existia. A família real ainda não havia se transferido e não havia arranjos geopolíticos que indicassem a emancipação administrativa, ocorrida em 1820.
É isso aí, pessoal! Sempre foco no sucesso
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