Olá, pessoal!
Aos poucos, vamos comentando as questões de Analista (Área 6) cobradas na prova de Língua Portuguesa para o BACEN. Segue a primeira parte:
1. Na linha 33, o segmento “estimáveis cavalheiros” é um aposto explicativo da expressão “muitos dos leitores”.
Comentário: Aqui a banca derrubou alguns candidatos. Entretanto, se analisássemos atentamente a superfície textual, identificaríamos que o segmento “estimáveis cavalheiros” exerce a função de aposto explicativo da expressão “muitos dos leitores”. Essa percepção é obtida no decorrer da camada textual: o filho (Janjão) é o único alocutário/receptor da mensagem transmitida pelo pai. Logo, o item está correto.
2. Se o autor do texto tivesse optado por empregar, no último período do texto, uma construção com verbos na voz passiva, o período poderia ter sido corretamente reescrito da seguinte forma: De resto, os elementos dessa arte difícil de se pensar o pensado te irá sendo ensinado pelo ofício…
Comentário: Conforme estudamos nas aulas teóricas, no processo de transposição verbal, ou seja, na reescrita: o sintagma “o ofício” (sujeito na voz ativa) passa corretamente a desempenhar a função de agente da passiva; o segmento “os elementos dessa arte difícil de pensar o pensado” deixa de exercer a função de objeto direto para funcionar como sujeito paciente. Por essa razão, o trecho “irá sendo ensinado” deveria ser flexionado no plural para concordar com o núcleo “elementos”: “De resto, os elementos (…) te irão sendo ensinados pelo ofício”. Ademais, no trecho “de se pensar”, temos o infinitivo “pensar” precedido da preposição “de” e do adjetivo “difícil”. Nesse tipo de construção, o infinitivo já tem valor passivo, sendo errado utilizar o pronome “se”: “(…) difícil de pensar (…) [=difícil de ser pensado]”. Logo, o item está errado.
3. No diálogo apresentado, entre o personagem Janjão e seu pai, a fala inicial é introdutória do assunto e indica a surpresa do pai diante da maturidade de seu filho e o tom solene que irá permear a conversa em que o pai aconselha o filho a avaliar criticamente os valores da sociedade da época, o que torna o texto de Machado de Assis ainda adequado à atualidade.
Comentário: Item errado. No texto, a fala inicial é marcada pelo trecho “(…) Chegaste aos vinte e um anos. Estás homem, Janjão, longos bigodes, alguns namoros”. Esse excerto textual não introduz o assunto acerca do “ofício a ser escolhido” pelo filho. Além disso, não há qualquer tom de surpresa por parte do pai em relação a Janjão, no início da conversa dialogal.
4. Fica provado, no diálogo apresentado, que “algumas apólices, um diploma” legitimam a atuação das elites nacionais, que, no entanto, estão afastadas do poder político, porque aderiram ao ofício de medalhão.
Comentário: Item errado. A redação do item configura uma extrapolação das ideias do texto. Na superfície textual, não há referência ao afastamento das elites nacionais em relação ao poder político.
Até o momento, visualizamos possibilidade de interpor recurso contra o gabarito preliminar da questão 17 (redação oficial). Para fundamentá-lo, mencionem que o Manual de Redação da Presidência da República prescreve o emprego da forma “A Sua Excelência o Senhor” APENAS para as DEMAIS autoridades tratadas como Vossa Excelência. E por que isso? Porque, com base o Manual de Redação da Câmara dos Deputados (pág. 229), é prescrita a forma “Ao Excelentíssimo Senhor” no endereçamento das comunicações oficiais dirigidas aos CHEFES DE PODER (Presidente da República, Presidente do Congresso Nacional e Presidente do Supremo Tribunal Federal).
A banca pode até não rever o gabarito (o que seria um grande equívoco), mas a forma “Ao Excelentíssimo Senhor” (no endereçamento) é a estrutura CORRETA! Logo, o item está ERRADO!
É isso aí, pessoal! À medida que avançarmos na análise da prova, publicaremos novas considerações.
Abraços e sucesso!
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