Aprovada no Concurso TRT-15
“Estudo é igualzinho a um elástico: você tem que estar permanentemente tensionando e forçando, porque se você larga, zera tudo. Não caia na besteira de achar que você volta exatamente do ponto em que parou. Isso não é verdade.”
Confira nossa entrevista com Nataly Meissenger, aprovada em 3º lugar no concurso do TRT 15, polo de São José dos Campos, para o cargo de Analista Judiciário:
Estratégia: Conte-nos um pouco sobre você, para que nossos leitores possam te conhecer melhor. Você é formada em que área? De onde você é?
Nataly: Sou formada em direito e tenho 30 anos. Nasci no Rio De Janeiro, mas vim para São Paulo com 17 anos e costumo dizer que “virei gente” aqui, pois amo essa cidade e sou grata às oportunidades que tive aqui.
Estratégia: O que te levou a tomar a decisão de começar a estudar para concursos?
Nataly: Foi um caminho natural, não uma “tomada de decisão”. Sempre gostei de assuntos relacionados às funções do Estado. Fiquei encantada quando aprendi sobre a supremacia do interesse público, a busca e finalidade do bem comum… Achei que era um objetivo pelo qual valia a pena me esforçar e entregar minha força de trabalho.
Também levei em consideração alguns aspectos da minha personalidade. Adoro estar em contato com as pessoas, conversar e tentar ajudar. E como o nome já diz, o servidor público deve servir ao público. Depois de sete anos de TRT2, apenas reafirmei minhas convicções. Trabalhei em praticamente todas as atividades do Tribunal (sempre na primeira instância e sempre na atividade fim): atendi balcão, fiz serviço de secretaria, cálculo, atuei como secretária de audiência e como conciliadora por dois anos no CEJUSC (Centro Judiciário de Solução de Conflitos). Atualmente exerço a função de assistente de juiz.
Estratégia: Durante sua caminhada como concurseira, como conciliava trabalho e estudos?
Nataly: Sempre trabalhei e estudei. Mesmo quando prestei meu primeiro concurso (TRT2, em 2008) me inscrevi no cursinho de manhã, ia para o estágio no MPT à tarde e à noite corria para a faculdade. O mais difícil mesmo foi conciliar o trabalho no tribunal com o estudo. O TRT2 tem a maior carga processual do país, o trabalho é puxado. É um desafio constante responder com eficiência às demandas da sociedade.
Em 2017 tomei a decisão de colocar o estudo como prioridade na minha vida. Entrei em um cursinho presencial extensivo para a magistratura do trabalho. Minha vida ficou bem louca. Chegava às 7h no curso, tinha aula até 11h40, saia correndo e comia qualquer coisa bem rápido para iniciar as audiências no CEJUSC às 13h. Batia o cartão para voltar pra casa às 21h. Chegava exausta, mas esse ano foi muito importante pois me deu ritmo de estudo. Nunca temos condições perfeitas de vida para estudar. Tem que ir com o que tem.
Meu melhor horário de estudo é pela manhã. Então nessa época, para fugir do trânsito e aproveitar o tempo, eu chegava uma hora mais cedo no curso e revisava meus cadernos e lia a legislação. Assim sempre estava com a matéria fresquinha na cabeça. Prestava o máximo de atenção possível na aula, pois sabia que não tinha tempo para estudar depois. À noite, exausta, não conseguia estudar. Por isso, os fins de semana se tornaram meu tempo principal de estudos. Eu pagava uma cabine. Chegava lá sábado às 8h e só saía às 19h. O mesmo aos domingo
Estratégia: Quantos e em quais concursos já foi aprovado(a)? Qual o último? Em qual cargo e em que colocação?
Nataly: Fui aprovada e nomeada como Técnico Judiciário no TRT 2, TRT 15 e TRT 3. Foi uma prova seguida da outra. Comecei a estudar para a prova de São Paulo em 2008, depois o estudo de uma foi servindo para a prova seguinte. Em 2010, quando eu estava entregando os documentos no tribunal em Campinas, o de São Paulo me chamou. Preferi ficar perto de casa. Em Campinas e Minas arrisquei e prestei também para analista, mesmo sem ter terminado a faculdade (façam isso, vale a pena!). Fiquei classificada, mas não fui chamada. Em Minas, por exemplo, fiquei em 68º para Oficial de Justiça e chamaram até o 63º. Passou pertíssimo.
O período que se seguiu foi bastante conturbado, meu pai faleceu e muita coisa mudou. Em 2014 veio uma nova leva de TRTs, mas eu não tinha me preparado, classificava longe. Nesse meio tempo o concurso da FCC mudou um bocado. Em 2018, fiz o TRT 15 (polo de São José dos Campos) e passei em 3º lugar.
Estratégia: Qual foi sua sensação ao ver seu nome na lista dos aprovados/classificados?
Nataly: Fiquei em choque! (risos) Classificar não era um grande problema para mim, já tenho tempo de estudo e certa malícia de concurseira. Mas aparecer assim nas cabeças, nunca imaginei.
Estratégia: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social?
Nataly: Radical, gente! Se vocês estão esperando um depoimento de uma pessoa equilibrada, não é o que vão ter comigo! Amo meus amigos, amo festas, sou agitada e vivo inventando mil rolês. Então, quando decido estudar de verdade, me isolo de tudo. Prefiro fazer algo radical e certeiro para durar pouco tempo e dar certo logo.
Estratégia: Você com seus pais? Sua família entendeu e apoiou sua caminhada como concurseira?
Nataly: Moro com mais duas meninas que trabalham no Tribunal comigo. Elas também continuam prestando concurso e isso é bem legal. Lá em casa só se lava a louça com o youtube ligado em alguma videoaula! Meu namorado também passou a estudar para concurso (por minha influência). Hoje ele me superou, tem uma disciplina incrível, ajuda a me organizar, faz umas tabelas e cálculos quando sai meu edital (ele é de exatas), enfim, devo muito a ele pois temos uma parceria muito proveitosa. Minha mãe me apoia muito e me ajuda. Ela sempre acreditou que o estudo muda o futuro. E passou isso pra mim.
Estratégia: Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Nataly: Para a minha realidade não vale a pena. Para quem tem tempo disponível, organização e condições de vida para estudar tempo integral, pode rolar. Acho. Mas é perigoso pois os concursos estão muito difíceis, específicos e concorridos. Dispersar é um risco.
Estratégia: Você estudou por quanto tempo direcionado ao concurso que foi aprovada?
Nataly: Não tenho como responder essa pergunta. Quando estudei para técnico em 2008, já era também um estudo para analista. Depois que tomei posse, parei e voltei várias vezes os estudos.
O cursinho presencial para a magistratura que fiz em 2017 também me auxiliou muito, principalmente em matérias como administrativo e constitucional, que a FCC está cobrando com profundidade. Direcionado mesmo, com foco nas matérias específicas, foi depois da publicação do edital, quando tirei minhas férias (que estavam devidamente guardadas para este momento), comprei o Passo Estratégico, devorei aqueles PDF´s e fiz muitos exercícios. Por isso não seria honesto responder a essa pergunta sem levar em conta o acúmulo que tenho desde a época da faculdade.
Estratégia: Chegou a estudar sem ter edital na praça? Durante esse tempo, como você fazia para manter a disciplina nos estudos?
Nataly: Por dois momentos me socorri de aula presencial porque senti que não dava conta de estudar sozinha. Um no começo dos estudos e outra vez no ano de 2017, como já falei aqui em cima. Eles me ajudavam a dar ritmo e disciplina (mas tem que levar a aula muito a sério, senão é um tempo muito precioso que você gasta). Eu não tenho uma memória de longo prazo muito boa. Então sempre estava revisando meus cadernos e lendo a lei. Assim, o resgate das informações ficava mais fácil. Acho que no fim essa era a minha maior motivação no período entre editais: não esquecer tudo e ter aquela sensação horrível de voltar pro começo. Estudo é igualzinho a um elástico: você tem que estar permanentemente tensionando e forçando, porque se você larga, zera tudo. Não caia na besteira de achar que você volta exatamente do ponto em que parou. Isso não é verdade.
Estratégia: Que materiais você usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos em PDF, videoaulas?
Nataly: Aula presencial, meus cadernos, lei seca e provas anteriores. E, depois do Passo Estratégico, também PDFs.
Estratégia: Como conheceu o Estratégia Concursos?
Nataly: Meu namorado estuda pra área fiscal e ele usa muito material em PDF. Ele que me avisou do lançamento do Passo Estratégico, material que adorei e fez muita diferença para mim nesta prova!
Estratégia: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e releitura da teoria? Como montou seu plano de estudos? Quantas horas por dia costumava estudar?
Nataly: Estudava o que estava com vontade na hora. Ia anotando a matéria que estudava, aí via o que faltava e ia revezando. Mas isso tudo sem muita organização do que fazer no futuro, era um estudo meio instintivo. Sempre me preocupei mais em anotar o que tinha estudado, para ter controle do que ainda faltava.
Estratégia: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Nataly: Sim, processo civil! O material do Passo Estratégico sobre o CPC me ajudou muito, foi uma grata surpresa! O material é curto, mas deu uma boa noção do todo. Fora isso, li o código todo (pontos do edital, gigantes) pelo menos 3 vezes e fiz muito exercícios. Foi o que me fez acertar as questões.
Estratégia: A reta final é sempre um período estressante. Como foi sua rotina de estudos na semana que antecedeu a prova? E véspera de prova: foi dia de descanso ou dia de estudo?
Nataly: Acabei respondendo acima, tirei férias. Rotina dentro cabine, com média de 8 horas de estudo líquido. Véspera de prova passo os olhos no meu material de prazos e decorebas. Não tenho nervos para simplesmente descansar e já acertei muita questão graças a essas revisões de véspera.
Estratégia: Se você tivesse que apontar ERROS em sua preparação (se é que houve), quais seriam? Diga-nos também quais foram os maiores ACERTOS?
Nataly: Erro: longos períodos sem estudo. Perdi muito tempo. Acerto: Foco. Quando é para estudar, estudo de verdade, não penso em outra coisa.
Estratégia: O que foi mais difícil nessa caminhada rumo à aprovação? Chegou a pensar, por algum momento, em desistir? Se sim, como fez para seguir em frente?
Nataly: Ah sim, esses pensamentos sempre vêm, principalmente nos momentos de cansaço. Mas iam embora rápido também. Acho que depois que você passa no primeiro concurso, vê que é possível. Aí o resto é estudar e parar de moleza.
Estratégia: Qual foi sua principal motivação?
Nataly: Neste concurso de analista foi grana mesmo, pois as funções que exerço hoje não vão mudar em nada.
Estratégia: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para concurso? Deixe sua mensagem para todos aqueles que almejam chegar um dia aonde você chegou!
Nataly: Um resumão de tudo que falei aqui:
1- Aceite que você não é um robô de concentração e produtividade, mas que ambos são necessários, principalmente se você trabalha. Então, ache seus pontos fracos e arrume soluções reais para eles. Rende melhor pela manhã? Organize sua vida para acordar cedo e dedicar esse horário para o estudo. Gosta de sair com os amigos? Saia dos grupos de WhatsApp e recuse os convites, com o tempo eles param de te chamar (não se preocupe, depois você volta com força total). Curte rede social? Peça pra sua mãe ou namorado trocar a senha e fique um período sem ver esse inferno. Depois de um período de quarentena, você volta muito mais tranquilo e descobre que existe vida offline.
2- Use e abuse de minemônicos, tabelas e histórias fantásticas para decorar esse monte de prazo, requisitos, hipóteses etc. Tem que decorar. Cola na frente do seu espelho, no armário, em cima da pia e leia o macete sempre. Vai abrir a geladeira? Passe o olho pelos prazos prescricionais do CC que estão lá e depois siga sua vida. Na hora da prova você vai acessar esse conteúdo com muito mais facilidade, vai até lembrar do lugar da geladeira que está colado o papel, a cor etc.
3- Encare esse período com leveza e gratidão. Estudar no Brasil ainda é um privilégio. Quando saiu o edital e eu tirei férias, todo os dias antes de começar os estudos eu involuntariamente agradecia por ter saúde e por poder estudar naquele dia. A gente sabe como é difícil ter condições materiais e psicológicas para estudar. Então, sempre aproveite verdadeiramente, com alegria, em qualquer oportunidade que tiver.
Além disso, é maravilhoso adquirir conhecimento, raciocinar, seu cérebro parece que funciona melhor, seu pensamento fica mais crítico. É muito legal dominar aquilo que você se dispõe a fazer na vida. Fazer seu trabalho bem feito é gratificante. Traz sentido para a vida, reconhecimento e ajuda o próximo que depende daquilo que você faz, diretamente ou indiretamente.
Se você se propôs, vá lá e faça bem feito! O resultado vem.
Confira outras entrevistas em:
Depoimentos de Aprovados
Cursos Online para Concursos
Foi aprovado e deseja dividir com a gente e com outros concurseiros como foi sua trajetória até a aprovação?! Mande um e-mail para: [email protected]