Comentário às provas de Atualidades – Sefaz/PA – Fiscal de rendas e Auditor
Olá pessoal,
No último domingo ocorreu a prova para a Sefaz/PA. Fiquei muito satisfeito ao olhar as questões de Atualidades de Fiscal de Rendas e ver que ao menos 70% delas poderiam ser respondidas apenas com o conteúdo ministrado em nosso curso aqui no Estratégia. As questões foram bem elaborados e apresentaram um nível considerável de dificuldade, entretanto as mais difíceis delas são bastante questionáveis. Espero ter conseguido contribuir com o bom desempenho de vocês.
Para Auditor, a prova fugiu totalmente ao padrão de cobrança e trouxe temas gerais como Festival da Canção, conceito de cultura, mídias digitais, movimento modernista, acordo ortográfico, etc. Esses temas realmente dependeriam de uma cultura geral mais vasta por parte do candidato. Não eram questões difíceis, mas pediam conhecimentos sociais mais abrangentes.
Vamos aos comentários da parte de Atualidades para FISCAL de RENDAS (Conhecimentos Gerais – Tipo 1 – Questões 41 a 50):
41) Questão sobre a China, tema que abordamos na aula 2. A letra “a” está errada, pois a China não evoluiu para um Estado descentralizado. A letra “b” está errada, pois na realidade a geografia da China é bastante heterogênea e os campos de arroz não permanecem alagados – essa não é característica da plantação de arroz. A letra “c” está errada, pois a China não manteve estreita relação com a Coréia do Sul (aliada dos EUA), mas sim com a Coreia do Norte. A letra “d” está errada, pois a moeda chinesa é considerada forte (e não frágil, como coloca a assertiva). Aliás, em 2012 a moeda chinesa alcançou sua maior valorização desde que foi implementada. A letra “e” está correta e é de fato o gabarito. Realmente a China tem aumentado sua liderança regional, com uma influência cada vez maior na Ásia. Nesse sentido, ela tem expandido parcerias econômicas, em detrimento dos EUA.
42) (Recurso possível) Questão sobre a inserção internacional do Brasil e o neoliberalismo, temas que abordamos nas aulas 0 e 1. A letra “b” está errada, pois o Brasil não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. A letra “c” está errada, pois o maior produtor de soja do mundo são os EUA. A letra “d” está errada, pois na realidade a globalização possibilitou a inserção dos países subdesenvolvidos no cenário mundial. A letra “e” está errada, pois o Brasil buscou parcerias sul-norte, ou seja, parcerias com países já desenvolvidos, com os Europeus e os Estados Unidos.
Por eliminação a letra “a” fica sendo a melhor resposta, todavia acredito que ela seja discutível, pois se em um sentido houve um aumento das relações com países desenvolvidos, em outro sentido também houve com países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Nesse sentido, podemos notar a própria criação do Mercosul, direcionada para os países subdesenvolvidos e que se deu já no contexto neoliberal. Pode-se citar ainda a criação da Unasul, a participação nos Brics (países em desenvolvimento), o incremento diplomático do Brasil em contextos com a negociação da questão nuclear do Irã e a missão de paz no Haiti, o aumento de acordos com parceiros regionais como Bolívia e Venezuela e a China tendo se tornado o principal parceiro econômico do Brasil. Por essa razão, entendo que a letra “a” também está equivocada, o que anularia a questão. Desde a década de 1990, contexto neoliberal, houve aumento das relações externas tanto com parceiros subdesenvolvidos, quanto com parceiros desenvolvidos. Vários países subdesenvolvidos tornaram-se parceiros importantes para o Brasil (Venezuela e Bolívia são bons exemplos).
43) A letra “a” está errada, pois, embora esta seja a definição de impacto ambiental, a necessidade não foi implantada com o Ibama, mas na verdade o Ibama surge a partir dessa necessidade. A letra “b” está errada, pois o Ministério do Meio Ambiente foi criado em 1985, pelo então presidente José Sarney. A letra “c” está errada, pois os produtos não são industrializados, mas sim em estado bruto (minério de ferro). A letra “e” está errada, pois a participação da sociedade civil se dá indiretamente mediante relatórios, avaliações e sugestões e não diretamente, já que não é dela a palavra final. Ou seja, a participação é apenas consultiva. A letra “d” é correta e bastante tranquila, pois está relacionada com a realidade dos fatos. De fato, apesar de estudos, leis, relatórios, consultas, avaliações, etc., os impactos não têm sido realmente aferidos no sentido de proporcionar o bem estar das populações.
44) A letra “b” está errada, pois não há essa relação entre a descoberta de recursos minerais e melhoria do IDH dos municípios em questão. Vários dos municípios onde há Amazônia Legal estão entre os piores IDHs do país, como é o caso de Cachoeira do Piriá. A letra “c” está errada basicamente porque não há relação entre desmatamento e dinamização da economia; além disso tais municípios, como breves, permanecem com IDH muito baixo. A letra “d” é a mais complexa, mas apresenta um contrasenso: o entrave para o capitalismo da região não ocorre em razão de práticas assistencialistas. Ele realmente pode até ser associado a ela, em outros contextos, bem como à ineficiência municipal, mas em relação à Melgaço está mais relacionado à baixa da economia extrativista na região. E os piores IDHs do país estão nas regiões Norte e Nordeste, por isso a “e” é errada. Letra “a” é a resposta.
45) Questão sobre a situação política do Egito, tema que foi abordado na aula 2. O antagonismo político no Egito hoje se dá entre as forças que apoiavam o ex-ditador do país, Hosni Mubarak, e o grupo islâmico Irmandade Muçulmana que, por meio do Partido Liberdade e Justiça, elegeu o presidente deposto, Morsi. Letra “a”.
46) Questão sobre terrorismo e geopolítica global, temas que foram abordados nas aulas 1 e 2. Destas, a única preocupação atual é a letra “a”.
47) Questão sobre o meio ambiente, tema abordado na aula 3. A letra “a” apresenta a definição de desenvolvimento sustentável e é o gabarito. A letra “b” está errada, pois essa proposta de redução demográfica não existiu. A letra “c” resulta também da grande exploração ambiental e poluição causada pelas grandes indústrias, carros, etc. A letra “d” está errada pelo mesmo motivo da “c”. A letra “e” está errada em razão do advérbio “especialmente”, pois essas novas práticas se concretizaram especialmente nos países desenvolvidos e não dos em desenvolvimento. Letra “a”.
48) Questão sobre aquecimento global, tema abordado na aula 3. A letra “a” está errada, pois industrialização não é natural. A letra “b” está errada, pois nem mesmo os mais otimistas acreditam nisso. A letra “c” está errada, pois o Brasil não é o principal poluidor. A letra “e” está errada, pois a meta não é metade, mas 5%. Letra “d” é o gabarito.
49) (Recurso possível) Questão sobre Brics, tema abordado na aula 1. A letra “b” está errada, pois a entrada da África do Sul não enfraqueceu o grupo. A letra “d” está errada, pois não há busca por bipolaridade. A letra “e” está errada, pois não houve formalização e aqueles não são os principais temas do bloco. Em minha opinião a letra “a” não pode ser gabarito, pois dessa organização só participam, entre os membros do Brics, China e Índia, de modo que o Brics não a abriga. A letra “c” me parece uma resposta mais adequada, pois essas questões são globalmente importantes e acabam passando pela responsabilidade do Brics no futuro.
50) (Recurso possível) A letra “b” está errada, pois as Mulheres quebradeiras de Coco não tem a ver com a questão da água. A letra “c” está errada, pois o Plano Nacional já existe. A letra “d” está errada, pois não se defende a mudança do curso do rio. A letra “e” está errada, pois, apesar do imenso potencial do aquífero, a população não vem se mobilizando. Ao meu ver essa questão deveria ser anulada, pois o gabarito aponta letra “a” como resposta, mas eu particularmente questionaria a mobilização em relação aos consórcios do ABCD. Apesar da seriedade do problema da poluição e assoreamento do rio Tietê não vejo destaque para a mobilização da população em relação a esse problema. Existe de fato um movimento nesse sentido, que já até ganha volume nas redes sociais e que já fizeram encontros, mas não o vejo como destaque, principalmente se comparado aos demais apontados pela assertiva.
Vamos aos comentários da parte de Atualidades para AUDITOR FISCAL (Conhecimentos Gerais – Tipo 1 – Questões 41 a 50):
41) A letra “a” está errada, pois o sucesso da bossa nova e dos festivais não está relacionado à alienação das canções populares, que tinham nomes como Adoniram Barbosa e João do Vale, nada alienados. A letra “b” está errada, pois a Bossa Nova era fruto das camadas mais abastadas. A letra “c” está errada, pois não houve essa imposição. O samba de morro continuou existindo, ainda que a Bossa Nova o modernizasse com o Jazz. A letra “e” está errada, pois as massas populares não eram o maior público dos festivais. Letra “d” é de fato o gabarito.
42) A noção utilizada é muita próxima aos conceitos de Sociologia da Arte desenvolvidos por Pierre Bourdieu, para quem há uma distinção simbólica entra arte popular e arte erudita que se relaciona a quem produz e quem consome. Essa distinção se dá a partir de categorizações (hierarquias) sociais, reprodutores das desigualdades econômicas, culturais e políticas. Letra “a”.
43) A letra “a” está errada, pois a cultura local ficou fortalecida. A letra “b” está errada, pois não houve essa dificuldade, mas maior pluralidade de veículos. A letra “d” está errada, pois mesmo membros das camadas menos abastadas conseguem acesso ao consumo de parte considerável desses equipamentos. A letra “e” está errada, pois não houve esse estímulo, ainda que tais grupos se utilizem de mídias sociais. Letra “c” é o gabarito.
44) (Recurso possível) A banca apresenta como gabarito a letra “b”, contudo esta me parece apresentar o argumento menos utilizado pelos oposicionistas do acordo, apesar de ele aparecer em algum momento na forma de documentos em geral. Em nenhum dos pareces acerca desse tema, encontrei, entre os argumentos que lhe eram contrários, a questão de custos com a reformulação de materiais especificamente, mas sim de todo documento público. Os argumentos eram relacionados à lacunas e imprecisões do Acordo, forma de participação de especialistas na formulação do Acordo, problemas com a descaracterização (pluralidade) das vertentes nacionais do Português, a falha em tentar criar uma norma única que já é diferente entre os países, a retirada de poder expressivo da língua, a ideia de que o Estado não deve legislar sobre língua. Assim, entendo que a questão deve ser anulada, por apresentar vários argumentos plausíveis em suas assertivas e o gabarito não estar entre elas especificamente.
Fontes: http://dererummundi.blogspot.com.br/2008/05/contra-o-acordo-ortogrfico.html , http://linguamodadoisec.blogspot.com.br/2011/06/acordo-ortografico-contra-e-favor.html , http://www.dn.pt/inicio/artes/interior.aspx?content_id=1259098&seccao=Livros , http://pt.wikipedia.org/wiki/Manifesto_em_Defesa_da_L%C3%ADngua_Portuguesa .
45) (Recurso possível) A letra “a” está errada, pois o modernismo vai contra o período anterior. A letra “c” está errada, pois o primeiro momento não é regionalista. A letra “d” está errada, pois houve aproximação com a identidade europeia. A letra “e” de fato está correta, sem discussões. A letra “b” pode ser questionada, pois em certo sentido também está correta, já que Mário de Andrade foi um dos fundadores do movimento modernista e, apesar das diversas fases deste, aquele sempre foi figura importante a quem os outros escritores se referiram como influência.
46) De fato há uma punição (no julgamento pelo juiz). Letra “a”.
47) A discussão econômica do fim dos anos 1980 está representada na letra “b”.
48) (Recurso possível) Acredito que será difícil a banca anular ou mudar o gabarito dessa questão, mas acho que as migrações internas que fizeram do Brasil um país urbano estão melhor explicitadas na letra “d” do que na letra “b”. Ao meu ver, as vagas de trabalho, que relativamente ao campo eram sim numerosas, são um fator muito mais importante do que as pretensas garantias trabalhistas e serviços públicos. As pessoas vinham atrás de emprego e salário, não em razão de atendimento público ou direitos trabalhistas isoladamente. Entendo que havia certa valorização do trabalho assalariado também relativamente ao trabalho não-assalaridado, principalmente com as criações de direitos trabalhistas para essa parcela dos trabalhadores, o que já incluiria o melhor argumento em favor da letra “b”. Pode-se pedir tanto a anulação (duas respostas) quanto a alteração para letra “d”.
49) Não vi problemas nessa questão, mas acho que a opinião de um professor de Direito Administrativo pode ser mais especializada que a minha em relação às ONGs.
50) Criação de X-MEN é dose… rs… sem discussões sobre essa. Letra “e”.
http://www.prodepa.psi.br/uepa/sisconcurso/novo/sefa2013/sefa_fiscal_cgerais_2013%20tipo%201.pdf
http://www.prodepa.psi.br/uepa/sisconcurso/novo/sefa2013/sefa_auditor_cgerais_2013%20tipo1.pdf
Abraços,
Rodrigo Barreto