Olá pessoal!
Comentarei a seguir as questões de Controle Externo (conhecimentos básicos) e de Direito Administrativo (conhecimentos específicos) da prova do TCE-PE aplicada neste domingo (24/9), na parte da manhã, para o cargo de Analista de Controle Externo – Área Auditoria de Contas Públicas.
Considerei o nível das questões bastante elevado, especialmente as de Direito Administrativo, como não poderia deixar de ser para um cargo dessa envergadura.
** Identifiquei possibilidade de recurso em três questões (gabaritos em vermelho).
Vamos às questões:
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CONHECIMENTOS BÁSICOS
Com relação aos conceitos, aos tipos e às formas de controle, julgue os itens a seguir:
16. (Cespe – TCE/PE 2017) Em se tratando da avaliação da execução dos programas de governo e dos orçamentos da União, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão sistema de controle interno de forma integrada.
Comentário: A questão está correta, nos termos do art. 74, I da CF:
Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de:
I – avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União;
II – comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União;
IV – apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional.
Gabarito: Certa
17. (Cespe – TCE/PE 2017) O controle interno é exercido pela administração pública sobre seus próprios atos e sobre as atividades de seus órgãos e das entidades descentralizadas a ela vinculadas.
Comentários: De fato, o controle exercido pela administração pública sobre os seus próprios atos é controle interno. Por outro lado, o controle exercido sobre as entidades descentralizadas (tutela da administração direta sobre as entidades da administração indireta) é classificado pela doutrina majoritária como controle externo. O próprio Cespe já adotou esse entendimento provas anteriores. Assim, a meu ver, o gabarito deve ser “Errada”. Não obstante, é possível que a banca adote a posição minoritária, classificando a tutela como controle interno, mudando o gabarito para “Certa”, hipótese em que caberá recurso.
Gabarito: Certa (cabe recurso)
No que se refere aos controles parlamentar, judicial e administrativo, julgue os itens que se seguem:
18. (Cespe – TCE/PE 2017) A competência do Congresso Nacional para sustar atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa configura hipótese de controle político.
Comentário: Dentre as competências de controle externo de natureza política exercidas exclusivamente pelo Congresso Nacional, encontra-se a de sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar, prevista no art. 49, V da Constituição Federal.
Gabarito: Certa
19. (Cespe – TCE/PE 2017) Compete privativamente à Câmara dos Deputados fiscalizar os atos de gestão administrativa da administração direta e indireta.
Comentário: A fiscalização dos atos de gestão administrativa da administração direta e indireta não é feita de forma privativa pela Câmara dos Deputados. Tal fiscalização também é promovida, no âmbito do controle externo, pelo Senado Federal, pelo próprio Congresso Nacional e pelo Tribunal de Contas da União. De maneira mais ampla, podemos afirmar, ainda, que o Poder Judiciário e a própria administração também exercem essa fiscalização.
Gabarito: Errada
20. (Cespe – TCE/PE 2017) Atos políticos que causem lesão a direitos individuais ou coletivos estão sujeitos ao controle judicial.
Comentário: Em regra, atos políticos praticados dentro da legalidade não estão sujeitos ao controle judicial, em razão do princípio da independência entre os Poderes. Porém, se um ato político causar lesão a direitos individuais ou coletivos, ele poderá ser considerado um ato ilegal e, nessa qualidade, estaria sim sujeito ao controle judicial.
Gabarito: Certa
A respeito do controle da administração pública exercido pelos tribunais de contas, julgue os próximos itens.
21. (Cespe – TCE/PE 2017) O TCU não possui competência para executar decisões próprias que impliquem imputação de débito ou de multa.
Comentário: O item está correto. As decisões do TCU que impliquem imputação de débito ou de multa não são executadas pelo TCU, e sim pelos órgãos de representação judicial dos entes aos quais os recursos devidos se destinam (procuradorias e departamentos jurídicos).
Gabarito: Certa
22. (Cespe – TCE/PE 2017) Cabe ao TCU emitir parecer prévio a respeito das contas atinentes ao Poder Legislativo, ao Poder Judiciário e ao Ministério Público.
Comentário: Ainda que as contas de governo apresentem informações sobre todos os Poderes e o Ministério Público, o parecer prévio emitido pelo TCU se restringe às contas do chefe do Poder Executivo.
Gabarito: Errada
23. (Cespe – TCE/PE 2017) Cabe aos tribunais de contas a anulação de ato ou contrato dos órgãos jurisdicionados eivado de vícios.
Comentário: Os tribunais de contas não possuem competência para anular ato ou contrato dos órgãos jurisdicionados. Quem detém essa competência é somente o próprio órgão (autotutela) ou o Poder Judiciário. Os tribunais de contas, no entanto, podem determinar a seus órgãos jurisdicionados que anulem atos ou contratos ilegais. No caso, o tribunal de contas estaria determinando que o órgão “adote as providências necessárias ao exato cumprimento da lei”, conforme previsto no art. 71, IX da CF. Se o órgão não atender a determinação, o tribunal de contas poderá sustar (e não anular) a execução do ato, ou, no caso de contrato, encaminhar ao Poder Legislativo para que este promova a sustação.
Gabarito: Errada
Julgue os itens subsequentes, de acordo com as previsões da Constituição do Estado de Pernambuco.
24. (Cespe – TCE/PE 2017) Compete à Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, no âmbito do controle externo, apreciar as nomeações para cargos de provimento em comissão, para fins de registro de legalidade.
Comentário: A competência para apreciar a legalidade dos atos de admissão de pessoal para fins de registro é do Tribunal de Contas, e não da Assembleia Legislativa. Outro erro é que as nomeações para cargos de provimento em comissão não estão sujeitas a registro.
Gabarito: Errada
25. (Cespe – TCE/PE 2017) Havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado.
Comentário: Nos termos do art. 71, VIII da CF, em caso de ilegalidade de despesa ou irregularidade de contas, compete ao Tribunal de Contas aplicar sanções aos seus jurisdicionados, dentre elas a multa proporcional ao dano causado ao erário.
Gabarito: Certa
Com base nas disposições da Lei 12.600/2004 (Lei Orgânica do TCE/PE) e suas alterações, julgue o item seguinte:
26. (Cespe – TCE/PE 2017) Constatada ilegalidade de determinado contrato vinculado ao Poder Executivo estadual ou municipal, caberá ao TCE/PE sustá-lo de plano e comunicar o fato à assembleia legislativa estadual ou à câmara municipal, se for o caso.
Comentário: A competência para sustar contratos de plano é da Assembleia Legislativa. O TCE/PE só pode sustar contratos caso a Assembleia e o Poder Executivo não adotem as medidas cabíveis no prazo de 90 dias.
Gabarito: Errada
Tendo como referência as normas do Regimento Interno do TCE/PE, julgue o item subsecutivo.
27. (Cespe – TCE/PE 2017) As contas prestadas anualmente pelo governador do estado de Pernambuco, salvo os demonstrativos de aplicação de recursos vinculados, serão apreciadas pelo pleno do TCE/PE mediante parecer prévio.
Comentários: Conforme o Regimento Interno do TCE/PE, além de outros elementos e demonstrativos previstos em atos normativos específicos, as contas do Governador, que serão apreciadas pelo Tribunal mediante parecer prévio, deverão conter:
Portanto, a expressão “salvo os demonstrativos de aplicação de recursos vinculados” torna a questão errada.
Gabarito: Errada
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A respeito de princípios da administração pública, ato administrativo, poderes da administração pública, improbidade administrativa e regime jurídico dos funcionários públicos civis do estado de Pernambuco, julgue os itens a seguir.
51. (Cespe – TCE/PE 2017) De acordo com a legislação pertinente, servidor do TCE/PE que for posto à disposição de outro órgão da administração direta deverá, ao fim do termo de disposição, apresentar-se – no prazo de cinco dias, a contar da notificação – ao órgão administrativo de origem.
Comentário: Segundo o art. 38, §2º da Lei 6.123/68, ao fim do termo de disposição, o servidor deverá apresentar-se à Secretaria de Administração (e não ao órgão de origem), onde aguardará nova lotação.
Gabarito: Errada
52. (Cespe – TCE/PE 2017) O prazo decadencial para tornar sem efeito ato de aposentadoria serve para garantir o princípio da segurança jurídica.
Comentário: O prazo decadencial serve para evitar que a Administração anule, após o transcurso de longo período de tempo, atos administrativos que gerem efeitos favoráveis ao destinatário, homenageando, assim, o princípio da segurança jurídica.
Gabarito: Certa
53. (Cespe – TCE/PE 2017) Situação hipotética: Determinado contrato público foi assinado por um funcionário subordinado à autoridade competente; um ano depois, ao constatar o problema, a autoridade convalidou o ato, após certificar-se da ausência de potencial lesivo e verificar que os requisitos contratuais haviam sido preenchidos. Assertiva: Nessa situação, a autoridade competente agiu ilicitamente ao convalidar o ato, uma vez que este estava eivado de vício insanável.
Comentário: O vício de competência é um vício sanável, passível de convalidação, exceto se o vício atingir ato de competência exclusiva ou de competência quanto à matéria. Na situação hipotética em questão, não há nada que demonstre a presença das exceções, de modo que se aplica a regra geral. Ademais, como o ato não provocou prejuízo a terceiros, ele poderia sim ser convalidado, ou seja, a autoridade não agiu ilicitamente.
Gabarito: Errada
54. (Cespe – TCE/PE 2017) Caso de conclua, em processo disciplinar, que um servidor praticou infração que enseja a pena de demissão, o administrador, após avaliar a gravidade da falta e os danos causados, não poderá exercer sua discricionariedade para aplicar pena diversa.
Comentário: A aplicação da pena prevista em lei não está sujeita à discricionariedade do administrador. Assim, diante de infração administrativa que a lei indica como passível de demissão, o agente público não poderá aplicar pena diversa, pois essa sanção não admite gradação.
Gabarito: Certa
55. (Cespe – TCE/PE 2017) Fundamenta-se no periculum um mora implícito a decretação da indisponibilidade de bens quando estiverem presentes fortes indícios da prática de ato ímprobo.
Comentário: É uma questão retirada da jurisprudência do STJ, comentada na última aula do nosso curso. No REsp 1.366.721-BA, o STJ decidiu que é possível que o juiz decrete, cautelarmente, a indisponibilidade de bens do demandado quando presentes fortes indícios de responsabilidade pela prática de ato ímprobo que cause dano ao Erário.
Para o STJ, a medida cautelar de indisponibilidade de bens, prevista no art. 7º da Lei de improbidade administrativa, pode ser decretada mesmo que o requerido não esteja dilapidando seu patrimônio, ou na iminência de fazê-lo, tendo em vista que o periculum in mora encontra-se implícito na lei. Assim, para que a indisponibilidade seja decretada basta que estejam presentes fortes indícios da prática de atos de improbidade administrativa.
Gabarito: Certa
Com relação ao regime diferenciado de contratações, a licitações e contratos administrativos, a responsabilidade do Estado, ao controle da administração pública e à organização administrativa, julgue os itens subsequentes.
56. (Cespe – TCE/PE 2017) É permitida ao Estado a criação de empresa pública por meio da lei, ficando atribuídas à empresa assim criada a titularidade e a execução de determinado serviço público.
Comentários: Conforme o art. 37, XIX da Constituição Federal, a criação de empresas pública depende de autorização por lei específica. Assim, a rigor, é errado afirmar que a empresa pública é criada por meio de lei, pois a lei, como visto, apenas autoriza a criação, a qual somente se efetiva com o registro dos atos constitutivos. A meu ver, portanto, a questão deve ser considerada “Errada”. Contudo, como se nota pelo gabarito preliminar, a banca adotou uma interpretação mais extensiva, entendendo que a necessidade de lei para autorizar a criação de empresa pública torna possível se afirmar que é permitida ao Estado a criação dessas entidades por meio de lei. Nesse caso, cabe recurso para alterar o gabarito.
Quanto à parte final da questão, a meu ver está correta, pois as empresas públicas podem ser criadas para a prestação de serviços públicos, mediante descentralização por serviços, hipótese em que o Estado transfere a elas tanto a titularidade como a execução do serviço.
Gabarito: Certa (cabe recurso)
57. (Cespe – TCE/PE 2017) Com base nas peculiaridades administrativas e financeiras locais, as Constituições estaduais poderão prever modalidades de controle diversas daquelas dispostas na Constituição Federal de 1988 (CF), desde que não as contrariem.
Comentário: Pensando no controle externo, o art. 75 da CF preceitua que “as normas estabelecidas nesta seção aplicam-se, no que couber, à organização, composição e fiscalização dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, bem como dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Municípios”. A expressão “no que couber” nos autoriza a concluir que as Constituições Estaduais, de modo a melhor se adequar às peculiaridades locais, podem sim instituir modalidades de controle diversas daquelas dispostas na CF, desde que não as contrariem. Assim, a meu ver, a questão estaria correta, sendo cabível recurso para alterar o gabarito. Ressalte-se que não existe disposição legal específica impedindo a criação de novas modalidades de controle diversas das previstas na CF, desde que não a contrariem.
Gabarito: Errada (cabe recurso)
58. (Cespe – TCE/PE 2017) A construção de unidades de atendimento socioeducativo poderá ser realizada mediante atos regidos pelo regime diferenciado de contratações, utilizando-se a contratação integrada, se necessária inovação técnica.
Comentário: Conforme o art. 1º, VI da Lei 12.462/2011, o RDC pode sim ser utilizado para nas licitações das “obras e serviços de engenharia para construção, ampliação e reforma e administração de estabelecimentos penais e de unidades de atendimento socioeducativo”.
Ademais, segundo o art. 9º da referida lei, nas licitações no âmbito do RDC poderá ser utilizada a contratação integrada, desde que técnica e economicamente justificada e cujo objeto envolva, pelo menos, uma das seguintes condições: (i) inovação tecnológica; (ii) possibilidade de execução com diferentes metodologias; ou (iii) possibilidade de execução com tecnologias de domínio restrito no mercado.
Gabarito: Certa
59. (Cespe – TCE/PE 2017) No âmbito jurídico, a sub-rogação do contratado poderá ser efetuada, mas estará condicionada à ratificação da responsabilidade, de forma solidária, entre as partes.
Comentário: Quando é permitido ocorrer a chamada sub-rogação, há a transferência de todos os direitos e obrigações, ou seja, não se configura responsabilidade solidária.
Gabarito: Errada
60. (Cespe – TCE/PE 2017) A morte de terceiro em decorrência de assalto praticado por indivíduo foragido do sistema prisional tem a faculdade de atrair a responsabilidade civil do Estado.
Comentário: A jurisprudência do STF já reconheceu a existência da responsabilidade civil do Estado pela morte de terceiro em decorrência de assalto praticado por indivíduo foragido do sistema prisional. Veja a ementa do RE 573.595, de 24/6/2008:
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. ARTIGO 37, § 6º, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. LATROCÍNIO COMETIDO POR FORAGIDO. NEXO DE CAUSALIDADE CONFIGURADO. PRECEDENTE. 1. A negligência estatal na vigilância do criminoso, a inércia das autoridades policiais diante da terceira fuga e o curto espaço de tempo que se seguiu antes do crime são suficientes para caracterizar o nexo de causalidade. 2. Ato omissivo do Estado que enseja a responsabilidade objetiva nos termos do disposto no artigo 37, § 6º, da Constituição do Brasil. Agravo regimental a que se nega provimento.
Detalhe é que o Poder Público só responderá pelo crime praticado se houver nexo de causalidade entre a omissão estatal e o dano. Outro elemento frequentemente apontado é a necessidade de que haja um curto intervalo de tempo entre a fuga e o ato lesivo.
Gabarito: Certa
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É isso. Qualquer dúvida ou comentário, favor postar aqui mesmo neste artigo.
Espero que nossos alunos tenham ido muito bem!!
Abraço!
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Ver comentários
25- Havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado.
Obrigado! Já comentei.
Enunciado que falta: havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário, caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado.
Obrigado Juliana! Já inseri no artigo. Valeu!
A questão que falta é a seguinte:
Havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário, caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado.
Obrigado!
havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado.
Obrigado Ricardo! Já inseri no artigo!
E o gabarito da prova de Analista de Gestao (cargo 4) professor ? Por favor comente :)
Olá Eduardo! Vou comentar em um outro artigo.
Boa noite!!
a questão que esta faltando: 25) Havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário, caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado.
Valeu!
Questão de Controle Externo que faltou:
"Havendo irregularidade de contas que implique dano ao erário, caberá aos responsáveis multa de valor proporcional ao dano causado."
Obrigado Renata! Coloquei no artigo