Aprovado no Concurso MTE
Oi amigos,
É com grande satisfação que apresento abaixo a entrevista com o colega Adinoél Sebastião, recém aprovado no concurso de Auditor-Fiscal do Trabalho (AFT) 2013. Acompanhei indiretamente a trajetória do Adinoél, que perdeu algumas batalhas mas continuou firme na luta até conseguir a tão almejada aprovação.
Mário Pinheiro: Conte-nos um pouco sobre você, para que nosso leitor possa te conhecer melhor. Você é formado em que área? Trabalhava e estudava, ou se dedicava inteiramente aos estudos?
Adinoél: Meu nome é Adinoél Sebastião. Sou natural de Apucarana-PR. Sou Técnico em Contabilidade (formação de 2o grau) e Bacharel em Ciências Contábeis. Sou Analista-Tributário da Receita Federal do Brasil lotado na Delegacia da Receita Federal do Brasil em Maringá-PR (fui nomeado em 1991).
Para o concurso de AFT-2013, eu não tinha como me dedicar inteiramente aos estudos, pois trabalhava e trabalho, mantinha e mantenho uma página na internet ( www.adinoel.com ) para ajudar os demais concurseiros com traduções livres de Inglês e Espanhol, fazia/faço faculdade de Letras – Português/Inglês e era/sou colaborador do site Estratégia Concursos com traduções livres de Inglês e Espanhol.
Mário Pinheiro: Que materiais vc usou em sua preparação para o concurso? Aulas presenciais, telepresenciais, livros, cursos PDF, videoaulas? Quais foram as principais vantagens e desvantagens de cada um?
Adinoél: Para o concurso de AFT-2013 eu usei livros, aulas em PDF, videoaulas e site de questões.
Eu usei livros para fazer uma revisão completa de Direito Constitucional e Direito Administrativo. Os livros, em minha opinião, são difíceis de estudar quando não se conhece nada da matéria, mas quando passamos a entender um pouco mais de determinado assunto, eles dão um ajuste fino.
O material em PDF (do Estratégia Concursos) eu utilizei para as matérias que eu nunca havia estudado e que me pareceram fáceis de se aprender sozinho (SST, Direito do Trabalho, Direitos Humanos). A principal vantagem do material PDF é não ser um livro (formato A4, letra maior, pode rabiscar e imprimir de novo, pode colocar o PDF num tablet).
O PDF no tablet é uma vantagem muito grande em relação ao material impresso, pois é possível aumentar as letras, fazer anotações rabiscando o material ou deixando alguma mensagem de voz gravada num parte específica do texto. Além disso, dá para colocar todos os seus PDFs num único tablet, ao invés de ficar carregando pacotes de papel debaixo do braço.
As videoaulas eu usei para Raciocínio Lógico, Economia do Trabalho, Contabilidade, Auditoria, parte de Orçamento Público. São matérias que exigem cálculos, equações, números. Para mim, nessas é mais fácil aprender vendo alguém fazer do que aprender apenas lendo. Mas, eu também usei videoaulas com Direitos Humanos, Administração Geral e outras.
Como eu disse, a vantagem das videoaulas para mim e que elas me mostram como se faz algo. Aqui é o caso de aprender a fazer e não de entender um assunto. Assim, se eu aprender vendo, depois eu faço. No entanto, a desvantagem, na minha opinião, das videoaulas é que elas tomam muito tempo nas matérias que eu preciso entender e não aprender. Parece tudo igual, mas acredito que o aprender e o entender têm sentidos diferentes. É o mesmo que aprender a dirigir um carro. Você aprende a dirigir vendo o instrutor mostrar as coisas para você e não lendo um manual de como dirigir o carro.
O site de questões eu usei para ganhar rapidez de raciocínio e treinar com questões da banca CESPE. Utilizei o site no último mês antes das provas.
Mário Pinheiro: Como era seu planejamento e sua rotina de estudos? Qual foi a média de horas de estudo por dia? Quantas matérias vc estudava por dia?
Adinoél: O meu planejamento de estudos foi baseado num projeto de estudos de um professor que começou bem, mas infelizmente não chegou nem na metade (era um tipo de coaching).
O que eu fiz foi separar as matérias que sempre caem em todos os concursos grandes (Português, Constitucional, Administrativo) e estudá-las até saber tudo delas (estudei uma matéria por vez). Fiz isso antes do edital. Também estudei tudo de Direito do Trabalho antes do edital.
Após o edital montei uma grade de estudos na qual apenas reveria as matérias que eu já conhecia (Contabilidade, Auditoria, Previdenciário, Raciocínio Lógico) e estudaria mais a fundo as matérias que eu nunca tinha estudado antes (SST, Direitos Humanos, Economia do Trabalho, Administração Geral).
Eu procurei estudar uma matéria de cada vez. No entanto, na parte final de estudos eu estudava uma matéria e fazia simulados de outras.
Após a autorização, eu passei a estudar um pouco mais (de três a quatro horas por dia), mas raramente estudava à noite, pois tinha outras coisas para fazer (traduções, aulas da universidade, família). Além disso, eu jogava (e jogo) tênis todas as quartas, sextas, sábados e domingos.
Após o edital, acordava às 5 horas e estudava até às 7 horas. Levava as meninas para a escola e depois voltava a estudar às 8 horas e estudava até às 10 horas ou até às 11:00 horas, dependendo do que tinha fazer à tarde. Passei a estudar à noite das 19 horas até às 22 horas ou até às 23 horas, dependendo do cansaço. Nos finais de semana estudava o dia todo e, nesse período, passei a jogar tênis apenas de vez em quando.
Mário Pinheiro: Como era sua vida social durante a preparação para concursos? Você saía com amigos, família, etc? Ou adotou uma postura radical, abdicando do convívio social para passar no concurso o mais rápido possível?
Adinoél: A vida social durante a preparação para concursos era “quase” normal. Para todos os concursos que estudei sempre houve certo afastamento da minha família (esposa e duas filhas), mas nunca um abandono total. Sempre que pude estava junto delas vendo novelas, filmes, futebol, indo ao mercado, levando e buscando na escola, visitando os demais familiares. É claro que se não existisse a vida de concurseiro esse tempo com elas seria maior.
Também não abandonei os amigos. Apesar da rotina de estudos, sempre joguei tênis. Esse ano ganhei um torneio de 3ª classe (risos) e no meu clube só perdi um jogo nesse ano (risos). Deve ter sido por isso que demorei tanto a passar num concurso do porte do AFT. (risos)
Mário Pinheiro: Ao longo de sua jornada, você tentou outros concursos, para treinar e se manter com uma alta motivação ou decidiu manter o foco apenas naquele concurso que era o seu sonho? Você acha que vale a pena fazer outros concursos, com foco diferente daquele concurso que é realmente seu objetivo maior?
Adinoél: Meu foco sempre foi o concurso para AFRFB. Fiz quase todos os concursos desde que entrei na Receita Federal para AFRFB. Eu não sei dizer ao certo, mas fiz o mínimo em quase todos os concursos. No entanto, justamente naqueles que sobraram vagas eu não consegui esse mínimo. Aconteceu isso em 2012 e num outro que não me lembro a data em que também sobraram vagas.
No concurso AFRFB 2005 fiz uma boa nota. Ela era suficiente para passar em várias regiões, mas não para a nona região fiscal. No concurso AFRFB 2009 fiquei entre os habilitados e aprovados (não fui reprovado ou eliminado).
Então resolvi tentar o ACE-2012 para testar o que sabia. Fui bem. Fui aprovado na objetiva e na discursiva, mas não tive pontos de títulos para estar entre os aprovados. Foi ai que eu vi que poderia tentar outros concursos de grande porte.
Após não ir bem no AFRFB 2012 (porque estudei sem estratégia), decidi continuar estudando para o AFRFB. Apareceram no início de 2013 os primeiros boatos sobre o AFT e passei a olhar com carinho esse cargo.
Mário Pinheiro: Uma das principais dificuldades de todo o concursando é a quantidade de assuntos que deve ser memorizada. Como você fez para estudar todo o conteúdo do concurso? Falando de modo mais específico: você estudava várias matérias ao mesmo tempo? Quantas? Costumava fazer resumos? Focava mais em exercícios, ou na leitura e re-leitura da teoria?
Adinoél: Como eu estava visando o próximo concurso para AFRFB eu estava estudando por partes. Estudei tudo de Português. Depois tudo de Constitucional. Depois tudo de Administrativo. Após a autorização do AFT, estudei tudo de Direito do Trabalho. Uma matéria por vez, com calma. Lia um capítulo e pensava no que estava escrito. Pensava também de que maneira aquilo poderia ser cobrado numa prova. Se as coisas ficavam confusas eu procurava outro material para confirmar o que estava lendo.
Quanto aos resumos, eu até faço, mas depois quase não os leio. Acho que é preguiça de ler algo que eu já memorizei só de fazê-los. Não sei isso é bom ou ruim. (risos)
Com eu disse a parte de exercícios eu deixei para os últimos 30 dias antes da prova. Comprei um pacote num site de questões. Fiz e refiz simulados de todas as matérias, menos Economia do Trabalho.
Mário Pinheiro: Uma das coisas mais certas para quem estuda para concursos de alto nível é o fato de que o edital sempre trará algumas novidades. São temas novos, com os quais nunca se teve contato anteriormente. Com o concurso do AFT 2013, no qual você foi aprovado, não foi diferente! Entraram diversos assuntos que as pessoas não esperavam. Qual foi a sua estratégia para dar conta de tantos assuntos e/ou disciplinas novas, em um curto espaço de tempo, entre a publicação do edital e a prova?
Adinoél: A estratégia foi já ter estudo e estar bem nas matérias que caem em todo concurso de alto nível (Português, Administrativo, Constitucional, Raciocínio Lógico). Também conta que após a decisão de fazer o concurso, isso um pouco antes de autorização, eu ter iniciado os estudos Direito do Trabalho e logo após isso ter iniciado os estudos de SST.
Então, pós-edital ficaram somente as matérias novas para estudar e algumas outras para revisar. Outras matérias como eu já disse, somente fiz exercícios nos últimos 30 dias para o concurso.
A dica é estudar antes do edital e saber tudo sobre as principais matérias de todo grande concurso como, por exemplo, Português, Administrativo, Constitucional, Raciocínio Lógico.
Mário Pinheiro: Você tinha mais dificuldades em alguma(s) disciplina(s)? Quais? Como você fez para superar estas dificuldades?
Adinoél: Eu tive dificuldades com várias matérias (eu sou uma pessoa normal) e acabei adotando uma estratégia que muitos professores e concurseiros não gostarão de ouvir.
Eu retirei algumas matérias da minha grade inicial de estudos, pois eu percebi que algumas matérias tomariam um grande tempo de estudo para, no final, somar poucos pontos. Além disso, se eu entendesse ou aprendesse mais ou menos a matéria poderia ser tentado a marcar algo sem ter certeza e poderia perder pontos preciosos, pois no CESPE uma errada anula uma certa.
Eu abandonei os estudos de Economia do Trabalho, pois não conseguia aprender ou entender aquilo tudo. Assim, nas provas objetivas eu deixei quase todas as questões dessa matéria em branco. Se eu tivesse estudado e tentado responder poderia não ter passado para as discursivas.
Também abandonei os estudos de Informática e de algumas partes de Administração Pública e Geral e não li algumas NRs. Informática eu já tinha uma noção pelo uso diário e por já ter dado aulas de Windows e Office e, ainda, ser autodidata em Linux. As partes de Administração Público e Geral que não estudei é porque eu vi que não conseguiria absorver aqueles assuntos. As NRs que eu não li é porque considerei menos importantes para o concurso.
Notem que eu não abandonei as matérias somente porque senti dificuldade. Também não fiz isso do dia para a noite. Eu parei os estudos, olhei o material, olhei o edital, olhei as provas anteriores e conclui que poderia ganhar alguns pontinhos estudando um conteúdo enorme dessas matérias, mas que poderia ganhar muito mais estudando matérias que com certeza teriam mais questões nas provas. Também conclui (olhando nos fóruns) que a mesma dificuldade que eu sentia, muitos outros concurseiros também sentiam.
Eu senti dificuldades com Direitos Humanos, SST, Seguridade Social, mas fiquei com mais tempo para me dedicar a elas quando abandonei as matérias acima.
Mário Pinheiro: Quais foram os principais erros e acertos em sua preparação?
Adinoél: Ainda não tenho uma resposta para isso, mas acho que o meu maior erro na vida de concurseiro aconteceu antes desse concurso. Eu deveria ter olhado para outros cargos além do AFRFB. Hoje vejo que perdi tempo e esforço estudando apenas para um concurso, pois o que estudei para o AFRFB certamente servia e serve para fazer concursos de alto nível como TCU, BACEN, ACE, AFT e outros.
O meu acerto foi ter percebido que com o conhecimento que eu já tinha dava para enfrentar outra banca do porte da ESAF. Assim, se você estuda para o concurso “A” e resolve fazer o concurso “B”, não precisa estudar tudo de novo, você precisa apenas fazer uns ajustes para estar bem para o seu novo desafio.
Mário Pinheiro: Por fim, o que você aconselharia a alguém que está iniciando seus estudos para um concurso de alto nível? Deixe-nos sua mensagem para todos aqueles que um dia almejam chegar aonde você chegou!
Adinoél: O que eu posso dizer aos que estão iniciando os seus estudos é que não existe fórmula mágica para passar num concurso de pequeno ou de alto nível. Os professores e os cursos estão aí para te ajudar, mas não para fazer a prova por você. É você que irá lá preencher o gabarito ou fazer a redação. Então, você pode ter o melhor material do mundo, os melhores professores, mas se você não estudar, você não passa.
Também digo que não existe sorte em concurso. Alguns podem dizer como eu já disse no passado: “Poxa! Estudei tanto e caiu o que não estudei.” Ora, se caiu o que você não estudou é porque você não estudou tudo que o edital pediu.
O que eu posso dizer aqui para os que estão começando é o mesmo que eu digo para as pessoas que me perguntam como estudar língua estrangeira para concursos. Use a tática da água mole em pedra dura. Estude um pouquinho por dia, todos os dias.